Islamismo
Islamismo, Islão (português europeu) ou
islã (português brasileiro) (em árabe: إسلام;
transl.: Islām), é uma religião abraâmica monoteísta articulada pelo Alcorão,
um texto considerado pelos seus seguidores como a palavra literal de Deus (Alá,
em árabe: الل; transl.:
Allāh), e pelos ensinamentos e exemplos normativos (a chamada suna, parte do
hadith) de Maomé, considerado pelos fiéis como o último profeta de Deus. Um
adepto do islamismo é chamado de muçulmano.
Os muçulmanos acreditam que Deus é único
e incomparável e o propósito da existência é adorá-Lo. Eles também acreditam
que o islã é a versão completa e universal de uma fé primordial que foi
revelada em muitas épocas e lugares anteriores, incluindo por meio de Abraão,
Moisés e Jesus, que eles consideram profetas. Os seguidores do islã afirmam que
as mensagens e revelações anteriores foram parcialmente alteradas ou corrompidas
ao longo do tempo, mas consideram o Alcorão (ou Corão) como uma versão
inalterada da revelação final de Deus. Os conceitos e as práticas religiosas
incluem os cinco pilares do islã, que são conceitos e atos básicos e
obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica, que atinge praticamente
todos os aspectos da vida e da sociedade, fornecendo orientação sobre temas
variados, como sistema bancário e bem-estar, à guerra e ao meio ambiente.
A maioria dos muçulmanos pertence a uma
das duas principais denominações; com 80% a 90% sendo sunitas e 10% a 20% sendo
xiitas. Cerca de 13% de muçulmanos vivem na Indonésia, o maior país muçulmano
do mundo. 25% vivem no Sul da Ásia, 20% no Oriente Médio, 2% na Ásia Central,
4% nos restantes países do Sudeste Asiático e 15% na África Subsaariana.
Comunidades islâmicas significativas também são encontradas na China, na Rússia
e em partes da Europa. Comunidades convertidas e de imigrantes são encontradas
em quase todas as partes do mundo (veja: muçulmanos por país). Com cerca de
1,41-1,57 bilhão de muçulmanos, compreendendo cerca de 21-23% da população
mundial, o islão é a segunda maior religião e uma das que mais crescem no
mundo.
Etimologia
Islã provem do árabe Islām, que por sua
vez deriva da quarta forma verbal da raiz slm, aslama, e significa
"submissão (a Deus)". Segundo o arabista e filólogo José Pedro
Machado, a palavra "Islão" não teria surgido na língua portuguesa
antes de 1843, ano em que aparece no capítulo IX da obra Eurico, o Presbítero,
de Alexandre Herculano.
O Islã é descrito em árabe como um
"diin", o que significa "modo de vida" e/ou
"religião" e possui uma relação etimológica com outras palavras
árabes como Salaam ou Shalam (Shalaam / Shalom ), que significam
"paz".
Muçulmano, por sua vez, deriva da palavra
árabe muslim (plural, muslimún), particípio activo do verbo aslama, designando
"aquele que se submete". O vocábulo pode ter penetrado no português a
partir do castelhano, sendo provável que essa língua o tenha tomado do italiano
ou do francês, línguas nas quais o vocábulo surge em 1619 e 1657,
respectivamente (no primeiro caso como mossulmani, na obra Viaggi, de Pietro
della Valle, e no segundo como mousulmans, na obra Voyages, de Le Gouz de la
Boullaye).
Em textos mais antigos, os muçulmanos
eram conhecidos como "maometanos", este termo tem vindo a cair em
desuso porque implica, incorrectamente, que os muçulmanos adoram Maomé (como,
durante alguns séculos, por completo desconhecimento, o Ocidente pensou), o que
torna o termo ofensivo para muitos muçulmanos. Durante a Idade Média e, por
extensão, nas lendas e narrativas populares cristãs, os muçulmanos eram também
designados como sarracenos e também por mouros (embora este último termo
designasse mais concretamente os muçulmanos naturais do Magrebe, que se
encontravam na Península Ibérica).
Islão pode se referir também ao conjunto
de países que seguem esta religião (a jurisprudência islâmica utiliza nesse
caso a expressão Dar-al-Islam, "casa do Islão").
História
Na tradição muçulmana, Maomé (c 570 - 8 de
junho de 632) é visto como o último de uma série de profetas principais.
Durante os últimos 22 anos de sua vida, começando aos 40 anos, em 610, de
acordo para as primeiras biografias restantes, Maomé relatou revelações que ele
acreditava serem Deus transmitidas a ele através do arcanjo Gabriel (Jibril). O
conteúdo dessas revelações, conhecido como o Alcorão, foi memorizado e gravado
por seus companheiros.
Durante esta época, Maomé pregava ao povo
na cidade de Meca, implorando-los a abandonar o politeísmo e adorar um Deus.
Embora alguns tenham se convertido ao Islã, Maomé e seus seguidores foram
perseguidos pelas autoridades de Meca. Isso resultou na migração para a
Abissínia de alguns muçulmanos (ao Império Axumita). Muitos dos primeiros
convertidos ao Islã eram os pobres e ex-escravos como Bilal Ibn Rabah
al-Habashi. A elite de Meca acreditava que Maomé iria desestabilizar a ordem
social através da pregação de uma religião monoteísta, da igualdade racial e do
processo de dar idéias aos pobres e seus escravos.
Depois de 12 anos de perseguição de
muçulmanos por os habitantes de Meca, Maomé, sua família e os primeiros
muçulmanos realizaram a Hijra ("emigração") para a cidade de Medina
(anteriormente conhecida como Yathrib) em 622. Lá, com os convertidos de Medina
(Ansar) e os migrantes de Meca (muhajirun), Maomé estabeleceu sua autoridade
política e religiosa. Um Estado foi estabelecido em conformidade com a jurisprudência
econômica islâmica. A Constituição de Medina foi formulada, instituindo uma
série de direitos e responsabilidades para os muçulmanos, judeus, cristãos e
para as comunidades pagãs de Medina, unindo-os dentro de uma comunidade - a
Umma.
A Grande Mesquita de Cairuão,
estabelecida em 670 em Cairuão, Tunísia, representa um dos melhores marcos
arquitetônicos da civilização islâsmica.
A Constituição estabeleceu: a segurança
da comunidade, a liberdade religiosa, o papel de Medina como um lugar sagrado
(com proibição da violência e de armas), a segurança das mulheres, as relações
tribais estáveis dentro de Medina, um sistema fiscal para apoiar a
comunidade, os parâmetros para alianças políticas exógenas, um sistema de
concessão de proteção das pessoas importantes e um sistema judicial para a
resolução de litígios em que os não-muçulmanos também poderia usar as suas
próprias leis. Todas as tribos assinaram o acordo para defender Medina de todas
as ameaças externas e de viver em harmonia entre si. Dentro de alguns anos,
duas batalhas foram travadas contra as forças de Meca: a primeira, a Batalha de
Badr em 624, foi uma vitória muçulmana, e, em seguida, um ano depois, quando os
habitantes de Meca retornaram a Medina, houve a Batalha de Uhud, que terminou de
forma inconclusiva.
As tribos árabes no resto da Arábia, em
seguida, formaram uma confederação e durante a Batalha da Trincheira sitiaram
Medina com a intenção de acabar com o Islã. Em 628, o Tratado de Hudaybiyah foi
assinado entre Meca e os muçulmanos e foi quebrado por Meca dois anos depois.
Após a assinatura do tratado muito mais pessoas se converteram ao Islã. Ao
mesmo tempo, as rotas comerciais de Meca foram cortadas quando Maomé trouxe as
tribos do deserto circundantes para o seu controle. Em 629, Maomé foi vitorioso
na conquista, quase sem derramamento de sangue, da cidade de Meca, e até ao
momento da sua morte, em 632 (com a idade de 62), ele conseguiu unir as tribos
da Arábia sob um único sistema político e religioso.
Expansão e conflitos civis (632-750)
Com a morte de Maomé, em 632, a
discordância eclodiu sobre quem iria sucedê-lo como líder da comunidade
muçulmana. Abu Bakr, um companheiro e amigo próximo de Maomé, foi nomeado o
primeiro califa. Durante a liderança de Abu Bakr os muçulmanos se expandiram
para a Síria depois de derrotar uma rebelião de tribos árabes em um episódio
conhecido como as guerras Ridda, ou "Guerras de Apostasia". Neste
período, o Alcorão foi compilado em um único volume.
A morte de Bakr, em 634, resultou na
sucessão de Umar ibn al-Khattab como o califa, seguido por Uthman ibn al-Affan,
Ali ibn Abi Talib e Hasan ibn Ali. Os primeiros califas são conhecidos como
al-khulafā' ar-rāshidūn ("califas bem orientados"). No governo deles,
o território sob o domínio muçulmano expandiu profundamente em regiões persas e
em territórios bizantinos.
Quando Umar foi assassinado pelos persas
em 644, a eleição de Uthman como sucessor foi recebida com uma crescente
oposição. Cópias padrão do Alcorão também foram distribuídos em todo o Estado
islâmico. Em 656, Uthman também foi morto e Ali assumiu o cargo de califa. Após
a primeira guerra civil (a "Primeira Fitna"), Ali foi assassinado por
carijitas em 661. Após um tratado de paz, Muawiya I chegou ao poder e começou a
dinastia Omíada.
Estas disputas pela liderança política e
religiosa daria origem ao cisma na comunidade muçulmana. A maioria que aceitava
a legitimidade dos três governantes antes de Ali ficou conhecida como os
sunitas. A minoria discordante, que acreditava que somente Ali e alguns de seus
descendentes deviam governar, ficou conhecida como os xiitas. Após a morte de
Muawiya em 680, o conflito sobre a sucessão eclodiu novamente em uma guerra
civil conhecida como o "Segunda Fitna".
A dinastia Omíada conquistou o Magrebe, a
Península Ibérica, a Gália Narbonense e Sind. As populações locais de judeus e
de cristãos nativos eram perseguidas por serem minorias religiosas e os
muçulmanos tributavam-nas pesadamente para financiar as guerras
bizantino-sassânidas, o que ajudou os muçulmanos a tomarem terras de bizantinos
e persas, resultando em conquistas excepcionalmente rápidas. A partir da
Constituição de Medina, os judeus e os cristãos continuaram a usar suas
próprias leis no Estado islâmico e tinham seus próprios juízes.
Os descendentes do tio de Maomé, Abbas
ibn Abd al-Muttalib, reuniram os convertidos descontentes não-árabes (Mawali),
árabes pobres e alguns xiitas contra os omíadas e derrubou a dinastia com a
ajuda do general Abu Muslim, o que deu início a dinastia Abássida em 750.
Crenças
O islão ensina seis crenças principais:
1.a crença em um único Deus;
2.a crença nos anjos, seres criados por
Deus;
3.a crença nos livros sagrados, entre os
quais se encontram a Torá, os Salmos e o Evangelho. O Alcorão é o principal e
mais completo livro sagrado, constituindo a colectânea dos ensinamentos
revelados por Deus ao profeta Maomé;
4.a crença em vários profetas enviados à
humanidade, dos quais Maomé é o último;
5.a crença no dia do Julgamento Final, no
qual as ações de cada pessoa serão avaliadas;
6.a crença na predestinação: Deus tudo
sabe e possui o poder de decidir sobre o que acontece a cada pessoa.
Deus
A pedra basilar da fé islâmica é a crença
estrita no monoteísmo. Deus é considerado único e sem igual. Cada capítulo do
Alcorão (com a exceção de um) começa com a frase "Em nome de Deus, o
clemente, o misericordioso". Uma das passagens do Alcorão frequentemente
usadas para ilustrar os atributos de Deus é a que se encontra no capítulo
(sura) 59: "Ele é Deus e não há outro deus senão Ele, que conhece o
invisível e o visível. Ele é o Clemente, o Misericordioso! Ele é Deus e não há
outro deus senão Ele. Ele é o Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o Vigilante, o
Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus seja louvado acima dos que os homens lhe
associam! Ele é Deus, o Criador, o Inovador, o Formador! Para ele os epítetos
mais belos”.
Os muçulmanos acreditam que a criação de
tudo no universo foi pura ordem de Deus, "Seja e por isso é", e que o
propósito da existência é adorar a Deus. Ele é visto como um Deus pessoal que
responde sempre que uma pessoa está em necessidade ou quando clamam por seu
socorro. Não há intermediários, como um clero, para entrar em contato com Deus,
que afirma: "Eu sou mais perto dele do que (sua) veia jugular." A
reciprocidade é mencionada no Hadith: "Eu sou como o meu servo acha
(espera) que sou."
Os anjos
Os anjos são, segundo o islão, seres
criados por Deus a partir da luz. Não possuem livre arbítrio, dedicando-se
apenas a obedecer a Deus e a louvar o seu nome. Maomé nada disse sobre o sexo
dos anjos, mas rejeitou a crença dos habitantes de Meca, de acordo com a qual
eles seriam os filhos de Deus. Desempenham vários papéis, entre os quais o
anúncio da revelação divina aos profetas; protegem os seres humanos e registram
todas as suas ações. O anjo mais famoso é Gabriel, que foi o intermediário
entre Deus e o profeta.
Para além dos anjos, o islamismo
reconhece a existência dos jinnis, espíritos que habitam o mundo natural e que
podem influenciar os acontecimentos. Ao contrário dos anjos, os jinnis possuem
vontade própria; alguns são bons, mas de uma forma geral são maus. Um desses
espíritos maus é Iblis (Azazel), também ele um jinn, segundo a crença islâmica,
que desobedeceu a Deus e dedica-se a praticar o mal.
Os livros sagrados
Os muçulmanos acreditam que Deus usou
profetas para revelar escrituras aos homens. A revelação dada a Moisés foi a
Taura (Torá), a Davi foram dados os Salmos e a Jesus o Evangelho. Deus foi
revelando a sua mensagem em escrituras cada vez mais abrangentes que culminaram
com o Alcorão, o derradeiro livro revelado a Muhammad.
Os profetas
O islamismo ensina que Deus revelou a sua
vontade à humanidade através de profetas. Existem dois tipos de profeta: os que
receberam de Deus a missão de dar a conhecer aos homens a vontade divina
(anbiya; singular nabi) e os que para além dessa função lhes foi entregue uma
escritura revelada (rusul; singular rasul, "mensageiro"). Cada profeta
foi encarregado de relembrar a uma comunidade a existência ou a unicidade de
Deus, esquecida pelos homens. Para os muçulmanos, a lista dos profetas inclui
Adão, Abraão (Ibrahim), Moisés (Musa), Jesus (Isa) e Maomé (Muhammad), todos
eles pertencentes a uma sucessão de homens guiados por Deus. Maomé é visto como
o Último Mensageiro, trazendo a mensagem final de Deus a toda a humanidade sob
a forma do Alcorão, sendo por isso designado como o "Selo dos
Profetas". Quando Maomé começou a revelar o Alcorão, ele não acreditou que
isso teria proporções mundiais, mas sim que somente reforçaria a fé no Deus.
Esses profetas eram humanos mortais
comuns, o islão exige que o crente aceite todos os profetas, não fazendo
distinção entre eles. No Alcorão, é feita menção a vinte e cinco profetas
específicos. Os muçulmanos acreditam que Maomé foi um homem leal, como todos os
profetas, e que os profetas são incapazes de ações erradas (ou mesmo
testemunhar ações erradas sem falar contra elas), por vontade de Deus.
Julgamento Final
Segundo as crenças islâmicas, o dia do
Julgamento Final (Yaum al-Qiyamah) é o momento em que cada ser humano será
ressuscitado e julgado na presença de Deus pelas ações que praticou. Os seres
humanos livres de pecado serão enviados diretamente para o Paraíso, enquanto
que os pecadores devem permanecer algum tempo no Inferno, antes de poderem
também entrar no Paraíso. As únicas pessoas que permanecerão para sempre no
Inferno são os hipócritas religiosos, isto é, aqueles que se diziam muçulmanos,
mas de facto nunca o foram. Segundo a mesma crença, a chegada do Julgamento
Final será antecedida por vários sinais, como o nascimento do Sol no poente, o
som de uma trombeta e o aparecimento de uma besta. De acordo com o Alcorão, o
mundo não acabará verdadeiramente, mas sofrerá antes uma alteração profunda.
A predestinação
Os muçulmanos acreditam no quadar, uma
palavra geralmente traduzida como "predestinação", mas cujo sentido
mais preciso é "medir" ou "decidir quantidade ou
qualidade". Uma vez que, para o islamismo, Deus foi o criador de tudo,
incluindo dos seres humanos, e sendo uma das suas características a
omnisciência, ele já sabia, quando procedeu à criação, as características que
cada elemento da sua obra teria. Assim sendo, cada coisa que acontece a uma
pessoa foi determinada por Deus. Essa crença não implica a rejeição do livre
arbítrio, pois o ser humano foi criado por Deus com a faculdade da razão, pelo
que pode escolher entre praticar ações positivas ou negativas.
Os cinco pilares do islão
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Os cinco pilares do islão são cinco deveres
básicos de cada muçulmano:
1.a recitação e aceitação da crença
(Chahada ou Shahada);
2.orar cinco vezes ao longo do dia
(Salá,Salat ou Salah);
3.pagar esmola (Zakat ou Zakah);
4.observar o jejum no Ramadão (Saum ou
Siyam);
5.fazer a peregrinação a Meca (Hajj) se
tiver condições físicas e financeiras.
Os muçulmanos xiitas consideram ainda
três práticas como essenciais à religião islâmica: além da jihad, que também é
importante para os sunitas, há o Amr-Bil-Ma'rūf, "exortar o bem", que
convoca todos os muçulmanos a viver uma vida virtuosa e encorajar os outros a
fazer o mesmo; e o Nahi-Anil-Munkar, "proibir o mal", que orienta os
muçulmanos a se abster do vício e das más ações, e também encorajar os outros a
fazer o mesmo.
Alguns grupos carijitas existentes na
Idade Média consideravam a jihad como o "sexto pilar do islão".
Actualmente alguns grupos do xiismo ismaelita entendem a "fidelidade ao
Imam" como sexto pilar do islão.
A profissão de fé (Chahada)
A profissão de fé consiste numa frase —
que deve ser dita com a máxima sinceridade — através da qual cada muçulmano
atesta que "não há outro deus senão Deus e Maomé é seu servo e
mensageiro". No entanto, os muçulmanos xiitas têm por costume acrescentar
"e Ali ibn Abi Talib é amigo de Deus". Essa frase também é dita
quando se chama à oração (adhan).
De acordo com a maioria das escolas
islâmicas, para se converter ao islão é necessário proclamar três vezes a
chahada ("testemunho") perante duas testemunhas: "Ashadu anaa la
ilaha ila Allah. Ashadu ana Mohammad Rassuluallah" ("Testemunho que
não há outra divindade senão Deus. Testemunho que Maomé é seu profeta
mensageiro").
O Salat (a oração)
A oração no islão (conhecida como Salá) é
composta por cinco partes, todas espalhadas durante o dia e a noite, iniciando
pela alvorada até à noite. Considerada o ponto mais próximo que se pode chegar
de Deus. No islão não há obrigatoriamente hierarquia entre os adeptos, porém a
comunidade, conhecida como ummah, escolhe uma pessoa com conhecimento suficiente
para dirigir a adoração.
Durante essas orações, são recitadas
suratas do Alcorão, geralmente ditas em árabe, conduzidas pelo escolhido entre
a comunidade. Não existe restrição para que o crente reze fora da mesquita,
tampouco isso é uma desbonificação de sua oração, que pode ser feita em
qualquer lugar, desde que tenha feito antes sua purificação.
A purificação é realizada através da
higiene especifica e detalhada, que consiste basicamente em lavar as mãos, os
antebraços, a boca, as narinas, a face; em passar água pelas orelhas, pela nuca,
pelo cabelo e pelos pés.
Se um muçulmano se encontrar numa área
sem água ou numa área onde o uso da água não é aconselhável (porque poderia
causar uma doença), pode substituir as abluções pelo uso simbólico de areia ou
terra (tayammum). A oração abre-se com a orientação do crente na direcção de
Meca (qibla).
A contribuição de purificação (Zakat)
O islão estabelece que cada muçulmano
deve pagar anualmente uma certa quantia, calculada a partir dos seus
rendimentos, que será distribuída pelos pobres ou por outros beneficiários
definidos pelo Alcorão (prisioneiros, viajantes, endividados…). Essa
contribuição é encarada como uma forma de purificação e de culto. A quantia
corresponde a 2,5% do valor dos bens em dinheiro, ouro e prata, mas o valor
pode variar se se tratar, por exemplo, de produtos agrícolas (nesse caso a
contribuição pode chegar a 10% da colheita agrícola).
Quem tiver possibilidades pode ainda
contribuir, de forma voluntária, com outras doações (sadaqa), mas é importante
que o faça em segredo e sem ser movido pela vaidade. O anúncio dessas doações
somente poderá ser feito se isso contribuir para que outras pessoas sejam
motivadas a fazer o mesmo (caso de personalidades e pessoas proeminentes da
sociedade), e esse ato deve ser sincero, mesmo que em público.
O jejum no mês do Ramadão (Saum)
Durante o Ramadão (o nono mês do
calendário islâmico), cada muçulmano adulto deve abster-se de alimento, de
bebida, de fumar e de ter relações sexuais, desde o nascer até ao pôr-do-sol.
Os doentes, os idosos, os viajantes, as grávidas ou as mulheres lactantes estão
dispensados do jejum. Em compensação, essas pessoas devem alimentar um pobre
por cada dia que faltaram ao jejum ou então realizá-lo noutra altura do ano. O
jejum é interpretado como uma forma de purificação, de aprendizagem do
auto-controlo e de desenvolvimento da empatia por aqueles que passam fome ou
outras necessidades.
O mês de Ramadão termina com o dia de
celebração conhecido como Eid ul-Fitr, durante o qual os muçulmanos agradecem a
Deus a força que lhes foi concedida para levar a cabo o jejum. As casas são
decoradas e é hábito visitar os familiares. Essa comemoração serve também para
o perdão e a reconciliação entre pessoas desavindas.
A peregrinação (Hajj)
Esse pilar consiste na peregrinação a
Meca, obrigatória pelo menos uma vez na vida para todos os que gozem de saúde e
disponham de meios financeiros. Ocorre durante o décimo segundo mês do
calendário islâmico.
Os muçulmanos vestem-se com um traje
especial todo branco, antes de chegar a Meca, para que todos estejam igualmente
vestidos e não haja distinção de classes. Durante toda a peregrinação, não se
preocupam com o seu aspecto físico. Depois de praticarem sete voltas em torno
da Kaaba, os peregrinos correm entre as duas colinas de Safa e Marwa. Na última
parte do Hajj, os muçulmanos devem passar uma tarde na planície de Arafat, onde
Maomé disse o seu "Último Sermão". Os rituais chegam ao fim com o
sacrifício de carneiros e bodes.
Autoridade religiosa
Não há uma autoridade oficial que decide
se uma pessoa é aceita ou excluída da comunidade de crentes. O islão é aberto a
todos, independentemente de raça, idade, gênero ou crenças prévias. É
suficiente acreditar na doutrina central do islamismo, acto formalizado pela
recitação da chahada, o enunciado de crença do islão, sem o qual uma pessoa não
pode ser considerada um muçulmano.
Embora não exista no islamismo uma
estrutura clerical semelhante à existente nas denominações cristãs, existe
contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu conhecimento da religião e da
lei islâmica, denominadas ulemás. Os homens que se destacam pelo seu grande
conhecimento da lei islâmica podem receber o título de mufti, sendo
responsáveis pela emissão de pareceres sobre determinada questão da lei
islâmica; em teoria esses pareceres (fatwas) só devem ser seguidos pela pessoa
que o solicitou.
Lei islâmica (Chariah)
A lei islâmica chama-se Xariá. O Alcorão
é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica, sendo a segunda a Suna ou
exemplos do profeta. A Suna é conhecida graças aos ahadith, que são narrações
acerca da vida do profeta ou o que ele aprovava, que chegaram até nossos dias
através de uma cadeia de transmissão oral a partir dos Companheiros de Maomé. A
terceira fonte de jurisprudência é o ijtihad ("raciocínio
individual"), à qual se recorre quando não há resposta clara no Alcorão ou
na Suna sobre um dado tema. Neste caso, o jurista pode raciocinar por analogia
(qiyas) para encontrar a solução.
A quarta e última fonte de jurisprudência
é o consenso da comunidade (ijma). Algumas práticas também chamadas de
"xaria" têm também algumas raízes nos costumes locais (Al-urf).
A jurisprudência islâmica chama-se fiqh e
está dividida em duas partes: o estudo das fontes e metodologia (usul al-fiqh,
raízes da lei) e as regras práticas (furu' al-fiqh, ramos da lei).
O Alcorão
Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra
árabe para Deus) estão contidos no Alcorão (Qur'an, "recitação"). Os
muçulmanos acreditam que Maomé recebeu esses ensinamentos de Deus por
intermédio do anjo Gabriel (Jibrīl), através de revelações que ocorreram entre
610 e 632 d.C. Maomé recitou essas revelações aos seus companheiros, muitos dos
quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição
(omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras…).
As revelações a Maomé foram mais tarde
reunidas em forma de livro. Considera-se que a estruturação do Alcorão como
livro ocorreu entre 650 e 656, durante o califado de Otman.
O Alcorão está estruturado em 114
capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez subdividida em versículos
chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o menor possui apenas
três versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição não reflete
a ordem da revelação. Considera-se que 92 capítulos foram revelados em Meca e
22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma
palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A
Abelha", "O Figo").
Uma vez que os muçulmanos acreditam que
Maomé foi o último de uma longa linha de profetas, eles tomam a sua mensagem
como um depósito sagrado e tomam muito cuidado com ela, assegurando que a
mensagem tenha sido recolhida e transmitida de uma maneira a não trair esse
legado. Essa é a principal razão pela qual as traduções do Alcorão para as
línguas vernáculas são desencorajadas, preferindo-se ler e recitar o Alcorão em
árabe. Muitos muçulmanos memorizam uma porção do Alcorão na sua língua original
e aqueles que memorizaram o Alcorão por inteiro são conhecidos como hafiz
(literalmente "guardião").
A mensagem principal do Alcorão é a da
existência de um único Deus, que deve ser adorado. Contém também exortações
éticas e morais, histórias relacionadas com os profetas anteriores a Muhammad
(que foram rejeitados pelos povos aos quais foram enviados), avisos sobre a
chegada do dia do Juízo Final, bem como regras relacionadas com aspectos da
vida diária, como o casamento e o divórcio.
Além do Alcorão, as crenças e práticas do
islão baseiam-se na literatura hadith, que para os muçulmanos clarifica e
explica os ensinamentos do profeta.
Escolas e vertentes
Sunismo
O sunismo é a maior denominação do Islã e
representa 75%-90% de todos os muçulmanos. Os muçulmanos sunitas também são
conhecidos pelo nome Ahl as-Sunnah, que significa "povo da tradição [de
Maomé]". Estes hadiths, contos, ações e características pessoais de Maomé,
são preservados nas tradições conhecidas como Al-Kutub Al-Sittah (seis grandes
livros).
Os sunitas acreditam que os primeiros
quatro califas eram os legítimos sucessores de Maomé; uma vez que Deus não
especificou nenhum líder específico para sucedê-lo e os líderes foram eleitos.
Os sunitas acreditam que qualquer um que é justo e correto pode ser um califa,
mas eles têm de agir de acordo com o Alcorão e do Hadith, a exemplo de Maomé e
dar ao povo os seus direitos.
Os sunitas seguem quatro madhāhib
(escolas de pensamento): hanafismo, hanbalismo, maliquismo e Shafi'i,
estabelecidos em torno dos ensinamentos de Abu Hanifa, Ahmad ibn Hanbal, Malik
ibn Anas e al-Shafi respectivamente. Todos as quatro aceitam a validade das
outras e um muçulmano pode escolher qualquer uma que ele ou ela achar mais
agradável. O salafismo (também conhecido como Ahl al-Hadith (em árabe: أهل الحديث; O povo de hadith), ou pelo termo
pejorativo wahhabismo por seus adversários) é um movimento islâmico
ultra-ortodoxo que leva a primeira geração de muçulmanos como modelos
exemplares.
Xiismo
Os xiitas constituem 10-20% dos
muçulmanos e são o segundo maior do ramo do islamismo.
Enquanto os sunitas acreditam que um
califa deve ser eleito pela comunidade, os xiitas acreditam que Maomé indicou
seu genro, Ali ibn Abi Talib, como seu sucessor e apenas certos descendentes de
Ali poderiam ser imames (líderes). Como resultado disso, eles acreditam que Ali
ibn Abi Talib foi o primeiro imame, rejeitando a legitimidade dos califas
muçulmanos anteriores Abu Bakr, Uthman ibn al-Affan e Umar ibn al-Khattab.
O islã xiita tem vários ramos, sendo o
maior deles o xiismo duodecimano, seguido pelos zaiditas e pelos ismaelitas.
Diferentes ramos aceitam diferentes descendentes de Ali como imames. Depois da
morte de Jafar al-Sadiq, considerado o sexto imame pelos duodecimanos, e de
Ismaili, os ismaelitas passaram a considerar seu filho, Ismael ibn Jafar, como
o imame e os duodecimanos passaram a considerar seu outro filho, Musa al-Kazim,
como seu sétimo imame. Enquanto os zaiditas consideram Zayd ibn Ali, o tio de
Jafar al-Sadiq, como seu quinto imame.
Outros grupos menores incluem o Mustaali
e os drusos, bem como os alauítas e alevitas. Alguns ramos xiitas rotulam
outros ramos xiitas que não concordam com a sua doutrina como Ghulāt.
Carijistas/Ibadismi
Outra denominação que tem origem nos
tempos históricos do islão é a dos carijitas. Historicamente, consideravam que
qualquer homem, independentemente da sua origem familiar, poderia ser líder da
comunidade islâmica, opondo-se às polêmicas de sucessão entre sunitas e xiitas.
Os ideais carijitas ainda existem no mundo Islâmico, mesmo que de forma
diferente da original, através do takfirismo, que é excomungar alguém do
Islamismo por ter cometido um pecado grave. Como as formas de julgamento desses
grupos são extremamente subjetivas e não tomam por base a aplicação correta da
Charia, esses grupos se tornam extremamente violentos contra muçulmanos e não
muçulmanos . Os membros de uma vertente desse grupo hoje são mais comumente
conhecidos como muçulmanos ibaditas. Um grande número de muçulmanos ibaditas
vive hoje no Omã.
Sufismo
Às vezes visto pelos fiéis muçulmanos
comuns como um ramo separado do islamismo, o sufismo é antes uma forma de
mística que pretende alcançar um contacto direto com Deus através de uma série
de práticas que geralmente incluem o ascetismo, a meditação, os jejuns, cantos
e danças.
Desconhece-se de onde deriva a palavra
sufismo (em árabe: tasawwuf). O termo poderá provir de sūf, "lã", o
que se encontra relacionado com o facto de os primeiros sufis vestirem roupas
feitas com o material, imitando os ascetas cristãos da Síria e da Palestina.
Outra teoria procura relacionar sufismo com a palavra árabe safa, que significa
"pureza".
O sufismo já existia como movimento no
primeiro século do islão. Para os sufis, o próprio profeta Maomé seria um
deles, já que levaria uma vida extremamente simples, tendo por hábito
retirar-se de Meca para meditar numa caverna, tendo estabelecido uma relação
próxima com Deus. Um dos primeiros representantes do sufismo foi al-Hasan al-Basri
(642-728), que rejeitou o materialismo do mundo e criticou os soberanos
omíadas. Saliente-se ainda deste período inicial uma mulher, Rabi'ah
al-Adawiyah (? - 801), cujo amor por Deus leva-a a excluir o apego ao mundo.
Desde os séculos XII e XIII, os sufis organizam-se em ordens ou irmandades
(tariqas), que seguem os métodos de realização espiritual ensinados por
determinados mestres (os xeques ou pirs)." As ordens sufis podem ser
encontradas quer no sunismo, quer no xiismo. O sufismo foi por vezes entendido
pelas autoridades ortodoxas muçulmanas como uma ameaça, tendo os seus líderes e
adeptos sido alvo de perseguições. O sufismo tem sido igualmente criticado
devido ao facto de alguns dos seus mestres terem alcançado um estatuto de
santo, tendo sido erguidos santuários nos locais onde nasceram ou faleceram,
que se tornaram locais de peregrinações.
Fundamentalismo e radicalismo
Correntes radicais do islamismo
frequentemente são acusadas de atos terroristas, como os atentados às Torres
Gêmeas, protagnonizados nos ataques de 11 de setembro de 2001 pela Al Qaeda. E
a defesa intolerante da extinção do Estado de Israel defendida pelo grupo
terrorista Hamas. Em sua carta de fundação, por exemplo, o Hamas é claro na
defesa da destruição do Estado Sionista, sendo apoiado pela maioria do povo
palestino. Fundamentalistas também defendem a submissão da mulher, a
perseguição a cristãos e o assassinato de dissidentes em países islâmicos.
Estima-se que aproximadamente quatro milhões de cristãos libaneses emigraram de
seu país em consequência das pressões impostas pelos muçulmanos.
A condição de vida das mulheres também é
precária em países fundamentalistas islâmicos, como a Arábia Saudita:
"Para o pensamento ortodoxo muçulmano, a mulher vale menos do que o homem,
explica Leila Ahmed, especialista em estudos da mulher e do Oriente Próximo da
Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos […]" . Assim sendo,
violências físicas e tratamentos desumanos, como o apedrejamento, são
constantes entre os países fundamentalistas: "Segundo a lei islâmica
denominada Sharia (Shari'ah ou Charia), uma mulher considerada adúltera deve
ser enterrada até o pescoço (ou as axilas) e apedrejada até a morte […]".
A intolerância a críticas também é alvo
constante de respostas por parte da imprensa às vertentes radicais do islão.
Recentemente, cartunistas dinamarqueses foram ameaçados de morte por publicarem
charges consideradas insultuosas para alguns muçulmanos, algo comum no Ocidente
e sua contraparte cristã. O Papa também foi ameaçado de morte por considerar o
islão uma religião violenta.
O crítico Daniel Pipes cita uma cadeia
histórica de reações radicais a críticas e atos humorísticos por parte de
extremistas islâmicos, que vão de ameaças a mortes de dezenas de pessoas.
Porém, o islamismo moderado mostra-se como vertente desejosa da paz, tanto
quanto o budismo, o cristianismo, o judaísmo ou qualquer outra grande religião.
Demografia
Um estudo demográfico global de 2009
feito em 232 países e territórios relatou que 23% da população mundial, ou 1,57
bilhão de pessoas, é composta por muçulmanos. Destes, estima-se mais de 75-90%
são sunitas e 10-20% são xiitas, com uma pequena minoria que pertence a outras
seitas islâmicas. Cerca de 57 países são de maioria muçulmana e os árabes são
responsáveis por cerca de 20% de todos os muçulmanos do mundo. O número de
muçulmanos em todo o mundo aumentou de 200 milhões em 1900 para 551 milhões
1970[78] e triplicou para 1,5 bilhão em 2009.
A maioria dos muçulmanos vivem na Ásia e
na África. Cerca de 62% dos muçulmanos do mundo vivem no continente asiático,
com mais de 683 milhões adeptos em países como Indonésia, Paquistão, Índia e
Bangladesh. No Oriente Médio, países não-árabes, como a Turquia e o Irã, são os
maiores países de maioria muçulmana; na África, Egito e Nigéria têm as
comunidades muçulmanas mais populosas do continente.
A maioria das estimativas indicam que a
República Popular da China tem de 20 a 30 milhões de muçulmanos (1,5% a 2% da
população). No entanto, os dados fornecidos pelo Internacional de Universidade
Estadual de San Diego sugerem que a China tem 65,3 milhões de muçulmanos. O
Islã é a segunda maior religião depois do cristianismo em muitos países
europeus, e está lentamente a aproximar-se a essa situação na América.
Países lusófonos
Em Portugal, existe igualmente uma
comunidade muçulmana, que nada tem a ver com os muçulmanos que viveram no país
durante a Idade Média; são na sua maioria naturais das antigas colônias
portuguesas de Moçambique e Guiné-Bissau, que se fixaram em Portugal após a
independência desses territórios. O Islão xiita ismailita também está presente
em Portugal, tendo a sua sede no Centro Ismaili de Lisboa, construído pela
Fundação Aga Khan. Estima-se que o número de muçulmanos em Portugal ronde os 30
mil.
Segundo o censo de 2000, o Brasil
registra 27.239 muçulmanos. Porém, para a Federação Islâmica Brasileira, o
número de muçulmanos no Brasil ronda o 1,5 milhão. A maioria dos muçulmanos
brasileiros vive nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, mas também existem
comunidades significativas no Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Grande parte desses muçulmanos são descendentes de imigrantes sírios e
libaneses que se fixaram no Brasil durante a Primeira Guerra Mundial.
Na Guiné-Bissau, o islão penetrou na
Idade Média, tendo as ordens sufistas desempenhado um importante papel na sua
difusão. Reúne hoje cerca de 45% da população. Outro país africano de língua
oficial portuguesa com um número significativo de muçulmanos é Moçambique
(17,8%).
Cultura
O termo "cultura islâmica" pode
ser usado para indicar aspectos da cultura que dizem respeito à religião, como
festivais e códigos de vestimenta. Também é comumente utilizado para designar
os aspectos culturais de povos tradicionalmente muçulmanos, como os árabes. Por
fim, "a civilização islâmica" também pode se referir aos aspectos da
cultura sintetizada dos primeiros califados.
Arte e arquitetura
A arte islâmica engloba as artes visuais
produzidas a partir do século VII em diante por pessoas (não necessariamente
muçulmanos) que viveram no território que era habitada por populações
muçulmanas. Ela inclui áreas tão variadas como a arquitetura, a caligrafia,
pintura e a cerâmica, entre outras. Talvez a expressão mais importante da arte
islâmica seja a arquitetura, em especial a de mesquitas. Através desses
edifícios, o efeito da variação de culturas dentro da civilização islâmica pode
ser ilustrado. A arquitetura islâmica do Norte da África e Península Ibérica,
por exemplo, tem elementos romanos e bizantinos, como visto na Grande Mesquita
de Cairuão, que contém colunas de mármore e pórfiro de edifícios romanos e
bizantinos, no palácio de Alhambra, Granada, ou na Grande Mesquita de Córdoba.
Calendário
O início formal da era muçulmana foi
escolhido para ser o Hijra em 622, que foi um importante ponto de virada na
vida de Maomé. A atribuição deste ano como o ano 1 AH (Anno Hegirae) no
calendário islâmico teria sido feita pelo califa Umar. É um calendário lunar,
com dias que duram de Sol a Sol. Os dias sagrados islâmicos caem em datas fixas
do calendário, o que significa que elas ocorrem em diferentes estações do ano e
em diferentes anos do calendário gregoriano. Os festivais islâmicos mais
importantes são o Eid al-Fitr (em árabe: عيد
الفطر) no dia 1 do
Shawwal, marcando o fim do mês de jejum do Ramadã, e o Eid al-Adha (em árabe: عيد الأضحى) no dia 10 do Dhu al-Hijjah, coincidindo
com a peregrinação a Meca.
Lugares sagrados
A Caaba ("O Cubo"), um edifício
situado dentro da mesquita principal de Meca (A Masjid al-Haram), na Arábia
Saudita, é o local mais sagrado do islão. De acordo com o Alcorão, ela foi
construída por Abraão (Ibrahim) para que todas as pessoas fossem ali celebrar
os ritos da Hajj. O segundo local sagrado do islamismo é a mesquita Al-Masjid
an-Nabawi, na cidade de Medina, cidade para a qual Maomé e os primeiros
muçulmanos fugiram (num movimento conhecido como Hégira), e onde se encontra o
seu túmulo. A cidade de Jerusalém é o terceiro local sagrado do islão. Este
estatuto advém da sua associação aos profetas anteriores a Maomé e sobretudo
pelo facto de os muçulmanos acreditarem que o profeta teria viajado para esse
local durante a noite, cavalgando um ser denominado Buraq, numa viagem
conhecida como Isra. Uma vez em Jerusalém, ele teria ascendido ao céu (Mi’raj),
onde dialogou com Deus e outros profetas, entre os quais Moisés e Jesus. No
local de Jerusalém onde se acredita que Maomé subiu ao céu, foi construída a
Cúpula da Rocha, em cerca de 690, e a mesquita de Al'Aqsa, sobre as ruínas do
antigo Templo de Salomão dos judeus.
Os muçulmanos xiitas consideram ainda
como sagradas as cidades de Karbala e Najaf, ambas no Iraque. Na primeira,
ocorreu o martírio de Hussein (filho de Ali e neto de Maomé) e dos seus
companheiros, quando este contestava o Califado Omíada. No Irão, devem também
ser salientadas duas cidades sagradas para os xiitas, Mashhad e Qom.
Perspectiva islâmica de outras religiões
O islamismo reconhece elementos de
verdade no judaísmo e no cristianismo. Todos os profetas do judaísmo são
reconhecidos também como profetas no islão, assim como Jesus, que de acordo com
a perspectiva muçulmana teria anunciado a vinda de Maomé. Para os seguidores
dessas duas crenças, o Alcorão reservou a noção de "Povos do Livro"
(Ahl al-Kitab), estabelecendo que devem ser tolerados devido ao facto de
possuirem escrituras sagradas. À medida que os muçulmanos tomaram contacto com
outras religiões detentoras de revelações escritas, acabaram em alguns casos
por conceder-lhes também esse estatuto (caso do zoroastrismo).
Porém, se o islão reconhece o papel
preparatório do judaísmo e do cristianismo, considera igualmente que os
seguidores dessas religiões acabaram por seguir caminhos errados. Os judeus
tendo tornado-se idólatras e procederam mal ao adorarem o bezerro de ouro, e
por rejeitarem Jesus como profeta de Deus. Os muçulmanos acreditam que os
cristãos erraram ao considerar Jesus como filho de Deus e ao defender doutrinas
como a da Santíssima Trindade, porém acreditam que Jesus é uma criatura de Deus
e um profeta de Alá, assim como Adão. Tais erros, segundo os muçulmanos,
acarretaram a vinda de outro e último profeta enviado por Deus, Maomé.
Legal a pesquisa, bem interessante
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