quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

2º Macabeus


 
2º dos Macabeus

O 2.° Livro dos Macabeus não é, como facilmente se poderia supor, a continuação do primeiro, nem tem o mesmo autor. De comum entre os dois existe apenas o clima de perseguição à fé, orquestrada igualmente pelos Selêucidas, embora narrada de um modo menos histórico e mais edificante. Mas convém ter em conta o que se disse no início da Introdução a 1 Macabeus, quanto ao seu nome e à sua classificação como livro bíblico.

AUTOR

O autor, que terá escrito no Egito, pretende edificar a fé dos judeus deste país, também perseguidos por Ptolomeu. Com um estilo vivo e uma tendência para exagerar a caracterização das personagens – pois quer apresentá-las como heróis na fé a um povo que está a sofrer por causa dela – pretende mostrar que a perseguição é apenas um castigo justo e pedagógico, merecido pelos pecados cometidos, para convidar à conversão de vida e à fidelidade à aliança.

CONTEÚDO E DIVISÃO

Na sua forma atual, o livro poderá resumir-se no esquema seguinte:

Introdução (1,1-2,32): primeira carta (1,1-9); segunda carta (1,10-2,18); prefácio do autor (2,19-32).

I. Causas da rebelião dos Macabeus (3,1-7,42): preservação do templo (3); Onias, pontífice (4); matanças de Antíoco em Jerusalém (5); a perseguição religiosa (6); martírio dos sete irmãos (7).

II. Rebelião dos Macabeus (8,1-10,8): primeiras vitórias dos Macabeus (8); morte de Antíoco (9); purificação do templo (10,1-8).

III. Campanhas militares de Judas Macabeu (10,9-15,36). Novas vitó­rias do Macabeu sobre os povos vizinhos (10,9-12,45); guerra e paz entre Antíoco Eupátor e Judas Macabeu (13); Demétrio, rei da Síria, declara guerra ao Macabeu (14); Nicanor, general dos sírios, é vencido por Judas Macabeu (15,1-36).

Epílogo (15,37-39): considerações do autor.

MENSAGEM

Dado o objetivo da obra, a lei – como expressão da aliança – e o templo são os pontos de referência da fé, a necessitar de revigoramento para não se deixar absorver pela pressão da nova cultura. Por isso, ao lado daqueles que, por debilidade ou oportunismo sócio-político, renegam a fé, o autor coloca os que se refugiam em Deus e vão para o campo de batalha, apoiados nas armas da oração, do jejum e da leitura da Bíblia.

Neste quadro de fé no Deus da aliança, que protege os que morrem por ela em vez de a renegar, surgem alguns ensinamentos desenvolvidos depois no cená­rio da revelação. É o caso dos anjos, como agentes de Deus para executar o seu projeto (2,21; 3,24-26; 10,29; 11,6-8; 15,23), do valor da oração dos vivos para conseguir de Deus o perdão dos pecados dos defuntos (12,43-45), bem como do valor da intercessão dos «santos» que estão na outra vida, em favor dos que ainda peregrinam na terra (15,12-16); e ainda a questão da ressurreição dos fiéis (7,9.14.23.28-29.36; 12,43-45; 14,46) e a retribuição depois da morte, tanto para os fiéis como para os que fizeram mal ao povo, pois Deus dará a cada um segundo o que tiver merecido.

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