2º dos Macabeus
O 2.° Livro dos Macabeus não é, como
facilmente se poderia supor, a continuação do primeiro, nem tem o mesmo autor.
De comum entre os dois existe apenas o clima de perseguição à fé, orquestrada
igualmente pelos Selêucidas, embora narrada de um modo menos histórico e mais
edificante. Mas convém ter em conta o que se disse no início da Introdução a 1
Macabeus, quanto ao seu nome e à sua classificação como livro bíblico.
AUTOR
O autor, que terá escrito no Egito,
pretende edificar a fé dos judeus deste país, também perseguidos por Ptolomeu.
Com um estilo vivo e uma tendência para exagerar a caracterização das
personagens – pois quer apresentá-las como heróis na fé a um povo que está a
sofrer por causa dela – pretende mostrar que a perseguição é apenas um castigo
justo e pedagógico, merecido pelos pecados cometidos, para convidar à conversão
de vida e à fidelidade à aliança.
CONTEÚDO
E DIVISÃO
Na sua forma atual, o livro poderá
resumir-se no esquema seguinte:
Introdução (1,1-2,32): primeira carta
(1,1-9); segunda carta (1,10-2,18); prefácio do autor (2,19-32).
I. Causas da rebelião dos Macabeus
(3,1-7,42): preservação do templo (3); Onias, pontífice (4); matanças de Antíoco
em Jerusalém (5); a perseguição religiosa (6); martírio dos sete irmãos (7).
II. Rebelião
dos Macabeus (8,1-10,8): primeiras vitórias dos Macabeus (8); morte de Antíoco
(9); purificação do templo (10,1-8).
III.
Campanhas militares de Judas Macabeu (10,9-15,36). Novas vitórias do Macabeu
sobre os povos vizinhos (10,9-12,45); guerra e paz entre Antíoco Eupátor e
Judas Macabeu (13); Demétrio, rei da Síria, declara guerra ao Macabeu (14);
Nicanor, general dos sírios, é vencido por Judas Macabeu (15,1-36).
Epílogo
(15,37-39): considerações do autor.
MENSAGEM
Dado o objetivo da obra, a lei – como
expressão da aliança – e o templo são os pontos de referência da fé, a necessitar
de revigoramento para não se deixar absorver pela pressão da nova cultura. Por
isso, ao lado daqueles que, por debilidade ou oportunismo sócio-político,
renegam a fé, o autor coloca os que se refugiam em Deus e vão para o campo de
batalha, apoiados nas armas da oração, do jejum e da leitura da Bíblia.
Neste quadro de fé no Deus da aliança,
que protege os que morrem por ela em vez de a renegar, surgem alguns ensinamentos
desenvolvidos depois no cenário da revelação. É o caso dos anjos, como agentes
de Deus para executar o seu projeto (2,21; 3,24-26; 10,29; 11,6-8; 15,23), do
valor da oração dos vivos para conseguir de Deus o perdão dos pecados dos
defuntos (12,43-45), bem como do valor da intercessão dos «santos» que estão na
outra vida, em favor dos que ainda peregrinam na terra (15,12-16); e ainda a
questão da ressurreição dos fiéis (7,9.14.23.28-29.36; 12,43-45; 14,46) e a
retribuição depois da morte, tanto para os fiéis como para os que fizeram mal
ao povo, pois Deus dará a cada um segundo o que tiver merecido.
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