História de Israel
O moderno estado de Israel tem as suas
histórias religiosas na Terra de Israel (Eretz Israel), um conceito central
para o judaísmo desde os tempos antigos, e no coração dos antigos reinos de
Israel e Judá. Após o nascimento do sionismo político, em 1897, e da Declaração
de Balfour, a Liga das Nações concedeu ao Reino Unido o Mandato Britânico da
Palestina após a Primeira Guerra Mundial, com a responsabilidade para o
estabelecimento de "…tais condições políticas, administrativas e econômicas
para garantir o estabelecimento do lar nacional judaico, tal como previsto no
preâmbulo e no desenvolvimento de instituições autônomas, e também para a
salvaguarda dos direitos civis e religiosos de todos os habitantes da
Palestina, sem distinção de raça e de religião… ".
Em novembro de 1947 as Nações Unidas
recomendaram a partição da Palestina em um Estado judeu, um Estado árabe e uma
administração direta das Nações Unidas sob Jerusalém. A partição foi aceita
pelos líderes sionistas, mas rejeitada pelos líderes árabes, o que conduziu à
Guerra Civil de 1947-1948. Israel declarou sua independência em 14 de maio de
1948 e Estados árabes vizinhos atacaram o país no dia seguinte. Desde então,
Israel travou uma série de guerras com os Estados árabes vizinhos e, como
consequência, Israel atualmente controla territórios além daqueles delineados
no Armistício israelo-árabe de 1949. Algumas das fronteiras internacionais do
país continuam em disputa, mas Israel assinou tratados de paz com o Egito e com
a Jordânia e apesar de esforços para resolver o conflito com os palestinos, até
agora só se encontrou sucesso limitado.
Origens
de Israel
Na Bíblia hebraica, o Livro do Gênesis
menciona Jacó, um dos filhos de Isaque, filho de Abraão, que teria seu nome,
conforme a mitologia judaica, mudado por Deus para Israel, e que teve doze
filhos, que geraram doze tribos conhecidas como os "filhos de
Israel". Judá é o quarto dos filhos de Israel.
Antigos
israelitas (1200–950 a.C.)
O primeiro registro do nome Israel (como
ysrỉꜣr) se encontra numa frase da Estela de
Merneptá, erguida pelo faraó egípcio Merneptá por volta de 1209 a.C.:
"Israel está destruída e sua semente não." O arqueólogo americano
William Dever vê este "Israel", situado nos planaltos centrais, como
uma entidade cultural e, provavelmente, política, porém como um grupo étnico, e
não como um Estado organizado.
Os ancestrais dos israelitas podem ter
sido semitas que ocuparam Canaã, bem como os Povos do Mar. Para a acadêmica
americana Paula McNutt poderia se afirmar com alguma segurança que em algum
ponto anterior à Primeira Idade do Ferro, uma população começou a se
identificar como 'israelita', diferenciando-se dos canaanitas através de
indicadores como a proibição do casamento consanguíneo, uma ênfase na
genealogia e na história familiar.
As aldeias tinham populações de até 300
ou 400 habitantes, que viviam de agricultura e pastoreio e eram, em grande
parte, autossuficientes; o intercâmbio econômico era frequente. A escrita era
conhecida e estava disponível para os registros, até mesmo em sítios menores. A
evidência arqueológica indica uma sociedade de centros urbanos semelhantes a
vilas, porém com recursos mais limitados e uma população reduzida.
Israel
e Judá (c. 1200–576 a.C.)
A Bíblia hebraica descreve confrontos
militares constantes entre os judeus e outras tribos, incluindo os filisteus,
cuja capital era Gaza. Por volta de 930 a.C. o reino se dividiu entre o Reino
de Judá, ao sul, e o Reino de Israel, no norte.
Uma aliança entre o rei Acabe de Israel e
Ben Hadad II de Damasco conseguiu repelir as incursões dos assírios após uma
vitória na Batalha de Qarqar (854 a.C.). O Reino de Israel, no entanto, foi
destruído posteriormente pelo rei assírio Tiglate-Pileser III por volta de 750
a.C. O reino filisteu também foi destruído. Os assírios enviaram para o exílio
boa parte da população do reino israelita do norte, dando origem assim às
'Tribos Perdidas de Israel'. Os samaritanos alegam ser descendentes dos
israelitas que sobreviveram a esta conquista assíria e ficaram na região. Uma
revolta israelita ocorrida entre 724 e 722 a.C. foi debelada após o cerco e a
conquista da Samaria por Sargão II.
O rei assírio Senaqueribe tentou, sem
sucesso, conquistar o reino de Judá. Registros assírios alegam que ele teria
punido Judá e então abandonado o território; Heródoto também descreveu a
invasão.
Na
Bíblia
A Bíblia fornece supostos relatos que
descrevem a origem de Israel, porém não há evidências arqueológicas nem fontes
adicionais que a sustentem. Segundo a mitologia judaica, descrita nesse livro;
o povo de Israel surgiu de grupos nômades que habitavam a Mesopotâmia há cerca
de cinco mil anos e que posteriormente rumaram para a região do Levante por
volta do ano 2000 a.C.. No fim do século XVII a.C., por motivo de uma grande
fome, Israel emigrou ao Egito, onde o governador da época era José, filho de
Jacó (Israel). Dentro de um período de quatrocentos anos, com a morte de José e
a sucessão do faraó, o Egito com medo do grande crescimento do povo israelita,
escravizou Israel.
Após o fim do cativeiro no Egito, os
israelitas vagaram pela região da Península do Sinai, reconquistando uma parte
de seu território original no Levante, sob o comando do rei Saul por volta de
1029 a.C, porém não há evidências arqueológicas e historiográficas que o
comprovem. Segundo os relatos tradicionais, foi durante o reinado de Saul que,
pressionados pelas constantes guerras com os povos vizinhos, as 12 tribos de
Israel se unificaram, formando um único reino.
Saul foi sucedido por David, em torno do
ano 1000 a.C., que expandiu o território de Israel e conquistou a cidade de
Jerusalém, onde instalou a capital do seu reino. Sob o reinado de Salomão que
Israel alcançou o apogeu, entre os anos 966 a.C. e 926 a.C..
Roboão, filho de Salomão, sucede-lhe como
rei em 922 a.C.. Porém, o Reino de Israel foi dividido em dois: a Norte, o
Reino das Dez Tribos, também chamado de Reino de Israel, e ao Sul, o Reino das
Duas Tribos, também chamado de Reino de Judá, cuja capital ficou sendo
Jerusalém.
Em 586 a.C. o imperador babilônio
Nabucodonosor invade Jerusalém, destrói o Primeiro Templo e obriga os
israelitas ao seu primeiro exílio.
Levados à força para a Babilônia, os
prisioneiros de Judá e Israel passaram cerca de 50 anos como escravos sob o
domínio babilônico. O fim do Primeiro Êxodo possibilitou a volta dos israelitas
a Jerusalém, que foi reconstruída, juntamente com seu Grande Templo. Do nome de
Judá nasceram as denominações judeu e judaísmo.
Entretanto, o território dos judeus foi
sendo conquistado e influenciado por diversas potências de sua época: assírios,
persas, gregos, selêucida e romanos.
Ao longo de toda a dominação romana houve
duas grandes revoltas dos judeus. Antes, houve uma primeira revolta no ano 134
a.C., quando Antíoco IV Epifânio, ainda durante a dominação selêucida, profanou
o Templo ao sacrificar uma porca (animal considerado impuro pelo judaísmo) em
seu altar. A revolta, chamada de Hasmoniana foi vitoriosa e garantiu a
independência de Israel até o ano 63 a.C., quando o reino é conquistado pelos
romanos. Seria durante este domínio que surgiria o Cristianismo.
Os romanos estabeleceram no reino judeu
um protetorado. Entretanto, a prática da religião hebraica era constantemente
reprimida pelos romanos, que interferiam na administração do Templo e atacavam
e profanavam os locais de culto.
A primeira grande revolta contra o
domínio romano se iniciou no ano 66 da Era Comum. Também conhecida como Grande
Revolta Judaica, a rebelião duraria até o ano 72 d.C., quando o general Tito
invade a região e destrói Jerusalém e o Segundo Templo. Cerca de um milhão de
judeus teriam morrido durante os combates, segundo alguns pesquisadores. A
região é transformada em província romana e batizada com o nome de Província
Judaica.
A segunda e última rebelião contra os
romanos foi a Revolta de Bar Kochba. A revolta foi esmagada pelo imperador
Adriano em 135 e os judeus sobreviventes foram feitos escravos e expulsos de
sua terra.
Durante os dois mil anos de duração do
Êxodo, a presença judaica em Jerusalém e seu entorno foi constante, embora
diminuta. No mesmo ano de 135, Adriano renomeou a Província Judaea para
Província Siria Palaestina, um nome grego derivado de "Filistéia" (Em
Hebraico, פלשת, em Grego,
Pəléšeṯ) como tentativa de desligar a terra de seu passado judaico. A Mishná e
o Talmude Yerushalmi (dois dos textos sagrados judaicos mais importantes) foram
escritos na região neste período. Depois dos romanos os bizantinos e finalmente
os muçulmanos conquistaram a Palestina em 638. A área do Levante foi controlada
por diferentes estados muçulmanos ao longo dos séculos (à exceção do controle
dos cristãos cruzados) até fazer parte do Império Otomano, entre 1517 e 1917.
O
Exílio E As Perseguições Antijudaicas
Sob o domínio de diversos povos, culturas
e religiões, os judeus exilados não encontraram jamais um clima de liberdade
plena. Mesmo assim, os judeus sobreviveram às perseguições morais ou violentas
em torno de sua religião e de sua cultura particular.
Na Península Arábica do século VII, onde,
provavelmente, chegaram após a destruição do Segundo Templo, os judeus viram-se
envolvidos nas lutas entre Maomé e os habitantes de Meca. De início, parte
integrante da umma criada por Maomé em Medina, duas tribos judaicas seriam
expulsas da cidade, enquanto que a terceira seria executada (com exceção das
mulheres e das crianças). Este episódio não tem, contudo, nada a ver com
manifestações de antissemitismo, encontrando-se integrado nas guerras entre
Meca e Medina e na mentalidade do século VII.
Em 1066, ocorreu o Massacre de Granada e,
entre os séculos XII e XV, os judeus foram expulsos do Norte da Europa cristão.
Os grandes massacres de judeus se sucederam em diversos países: Alemanha,
Inglaterra (1290), França (1306 e 1394) e Espanha (1391), culminando na
expulsão de 1492 e no grande massacre de Lisboa em 1506. Os judeus passaram a
habitar a Europa Oriental.
Com o fim da Idade Média e o Iluminismo,
as perseguições diminuíram, embora prosseguissem. Durante a Era Moderna, os
judeus da Rússia e de toda a região Leste da Europa foram constantemente
perseguidos e massacrados sob os mais diversos pretextos e acusações. Em meados
do século XIX, os pogroms forçaram as ondas de imigração judaica para a América
e fomentaram o surgimento dos primeiros movimentos sionistas.
O
Sionismo
O sionismo (de Sion, colina da antiga
Jerusalém), surgiu na Europa em meados do século XIX. Inicialmente de caráter
religioso, o sionismo pregava a volta dos judeus à Terra de Israel, como forma
de estreitar os laços culturais do povo judeu em torno de sua religião e de sua
cultura ancestral.
Precedentes
Sionistas
Entre os séculos XIII e XIX o número de
judeus que fizeram aliá (literalmente "ascensão" - o ato de um judeu
imigrar para a Terra Santa) foi constante e crescente, estimulado por
periódicos surgimentos de crenças messiânicas e de perseguições antijudaicas.
Essas perseguições tinham quase sempre um
caráter religioso. Vários estados atacaram e expulsaram os judeus de seus
territórios, sob acusações que variavam entre o deicídio (a suposta culpa dos
judeus pela morte de Jesus) e lendas sobre envenenamento de poços, uso de
sangue de crianças cristãs em rituais judaicos ("Libelo de Sangue") e
de heresia. Os judeus da Inglaterra foram expulsos em 1290, da França em 1391,
da Áustria (1421) e da Espanha (Decreto de Alhambra), em 1492.
Os judeus que retornaram à Palestina
estabeleceram-se principalmente em Jerusalém, mas também desenvolveram
significativos centros religiosos em cidades mais distantes. A partir do século
XV a cidade de Safed se tornaria o mais importante local de reunião de
cabalistas.
Mas foi durante a primeira metade do
século XIX que a migração judaica para a Palestina sofreu o seu maior
incremento em quase vinte séculos. Os judeus já eram a maioria da população de
Jerusalém no ano de 1844, convivendo com muçulmanos, cristãos, armênios, gregos
e outras minorias, sob o domínio turco-otomano. A estes migrantes religiosos
vieram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do
século. Eram em geral judeus da Europa Central e adeptos de ideologias
socialistas.
O primeiro kibbutz estabelecido na
Palestina foi a colônia de Mikveh Israel (מקוה
ישראל; "A Esperança
de Israel" em hebraico), fundado em 1870 pela Alliance Israelite
Universelle, seguido pela colônia de Petah Tikva (1878), Rishon LeTzion (1882),
e outras comunidades agrônomas fundadas por organizações como a Bilu e Hovevei
Zion.
O historiador israelense Shlomo Sand dá
uma alternativa à concepção tradicional, de que os judeus atuais não são
verdadeiramente judeus, visto que asquenazes e sefarditas são, respectivamente,
de origem khazar e norte-africana.
O
Sionismo Político
Em 1895, na França, um militar judeu foi
acusado de fornecer informações secretas para os alemães. O capitão Alfred
Dreyfus foi julgado e condenado após um julgamento que se tornou célebre e
mobilizou a opinião pública mundial, já que a ausência de provas que
comprovassem seu suposto crime evidenciavam o caráter antijudaico do processo.
Um jornalista húngaro de origem judaica,
Theodor Herzl, estava em Paris cobrindo o Caso Dreyfuss para o jornal Neue
Freie Presse, quando percebeu que as perseguições contra judeus só teriam fim
quando estes reconquistassem sua autonomia nacional. No mesmo ano, Herzl
publica em Viena o livro "O Estado Judeu", onde expunha a sua
concepção de uma nação judaica.
O sionismo moderno aos poucos arrebatou e
convenceu a maioria dos judeus de todo o mundo. Começaram as imigrações
judaicas para a província palestina, onde estes pioneiros adquiriam terras dos
árabes e estabeleciam colônias e fazendas coletivas (Kibbutzim).
A escolha da causa sionista pelo
território da então província palestina derivava de todo o significado cultural
e histórico que a antiga Israel bíblica possuia para o povo judeu. Herzl e os
sionistas defendiam a criação de um estado judaico em todo o território
original de Israel, o que incluiria hoje a atual Jordânia, embora propostas de
cessão de territórios na Patagônia, no Chipre e em Uganda tenham sido
estudadas.
Nascimento
do moderno Estado de Israel
Após o término da Primeira Guerra Mundial
e a queda do Império Turco-Otomano, a antiga província da Palestina passou a
ser administrada pela Grã-Bretanha. Atendendo às solicitações dos sionistas, os
ingleses promulgaram em 1917 a Declaração Balfour, onde a Grã-Bretanha se
comprometia a ajudar a construir um "lar judaico" na Palestina, com a
garantia de que este não colocasse em causa os direitos políticos e religiosos
das populações não-judaicas.
Com a reação violenta dos árabes a partir
da década de 1920, os ingleses tentaram regredir na sua promessa, implementando
políticas de restrição à imigração de judeus.
A ascensão do Nazismo inicia uma
perseguição antijudaica sem precedentes. Os judeus da Europa começam a ser
perseguidos e por fim aprisionados e massacrados, numa grande tragédia humana
igualmente vivida por outros povos envolvidos na Segunda Guerra Mundial. A
morte massiva dos judeus e de outros grupos denominou-se Holocausto.
Na Palestina, nacionalistas árabes foram
insuflados a não aceitar a migração de judeus. Mohammad Amin al-Husayni,
Grão-Mufti de Jerusalém (máxima autoridade religiosa muçulmana) se alia aos
nazistas e promove perseguições antijudaicas.
Grupos
judaicos clandestinos
As tensões entre judeus e a população
árabe da Palestina, diante das ações do Mandato Britânico que supostamente
beneficiavam estes últimos, gerou dentro de alguns setores da comunidade
judaica um sentimento de revolta.
Nacionalistas árabes, em oposição aos
termos da Declaração Balfour e ao Mandato Britânico instigavam a realização de
pogroms contra os judeus. Ocorreram incidentes violentos em Jerusalém, Hebron,
Jaffa e Haifa.
Em 1921, após o massacre de dezenas de
idosos judeus em Hebron, foi fundada a Haganá, com o objetivo de fazer a guarda
das comunidades judaicas na Palestina e revidar os ataques árabes.
Da Haganá surgiu o grupo Irgun
(anteriormente chamado de Hagana Bet) no ano de 1931. O Irgun celebrizou-se em
atacar alvos militares britânicos.
O ataque mais famoso do Irgun foi a
explosão do Hotel King David, em Jerusalém, onde funcionava o Quartel General
do Mandato Britânico na Palestina. No ataque morreram 91 pessoas.
Além do Irgun, existia também o Lehi,
fundado por Avraham Stern. Ao contrário do Irgun, que estabeleceu um pacto com
os britânicos durante a Segunda Guerra Mundial para enviar voluntários para a
luta contra os nazistas, o Lehi sempre recusou qualquer diálogo com os
ingleses. Para além disso, o Lehi realizou contactos secretos com a Alemanha
nazi através dos quais se oferecia na luta contra os britânicos no Médio
Oriente, em troca da "evacuação" (ou seja expulsão) dos judeus da
Alemanha.
Os grupos clandestinos judaicos
(classificados pelos britânicos como terroristas) eram repelidos tanto pela
Haganá (considerada o embrião do exército israelense moderno) quanto pela
Agência Judaica e pela Organização Sionista, que não aceitavam seus métodos
violentos e que procuravam trabalhar em harmonia com o Mandato Britânico.
A
Independência
Ao término da Segunda Guerra Mundial, o
mundo tomou conhecimento da dimensão do Holocausto e do massacre de seis
milhões de judeus pelos nazistas.
Com a Europa destruida e os sentimentos
anti-semitas ainda exaltados, uma enorme massa de milhões de refugiados deixava
a Europa para se unirem aos sionistas na Palestina. Mas a política de restrição
à imigração judaica era mantida pelo Mandato Britânico. Os grupos militantes
judaicos procuravam infiltrar clandestinamente o maior número possível de
refugiados judeus na Palestina, enquanto retomavam os ataques contra alvos
britânicos e repeliam ações violentas dos nacionalistas árabes. Com as pressões
se avolumando, a Grã-Bretanha decide abrir mão da administração da Palestina e
entrega a administração da região à Organização das Nações Unidas (ONU).
O aumento dos conflitos entre judeus,
ingleses e árabes forçou a reunião da Assembleia Geral da ONU, realizada em 29
de Novembro de 1947, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha e que decidiu pela
divisão da Palestina Britânica em dois estados, um judeu e outro árabe, que
deveriam formar uma união econômica e aduaneira.
A decisão foi bem recebida pela maioria
das lideranças sionistas, embora tenha recebido críticas de outras
organizações, por não permitir o estabelecimento do estado judeu em toda a
Palestina. Mas a Liga Árabe não aceitou o plano de partilha. Deflagra-se,
então, uma guerra entre judeus e árabes.
Na sexta-feira, 14 de Maio de 1948,
algumas horas antes do término do mandato britânico sobre a Palestina (o
horário do término do mandato foi determinado pela ONU para as 12:00 do dia 15
de Maio) - David Ben Gurion assinou a Declaração de Independência do Estado de
Israel.
Em janeiro de 1949, Israel realiza suas
primeiras eleições parlamentares e aprova leis para assegurar o controle
educacional, além do direito de retorno ao país para todos os judeus. A
economia floresce com o apoio estrangeiro e remessas particulares.
História Geral de Israel
Migração
No período entre a Declaração de
Independência e a Guerra de Independência, Israel recebeu cerca de 850 mil
imigrantes, em especial sobreviventes de guerra e judeus oriundos dos países
árabes (sefaraditas e Mizrahim).
Ainda no período da Independência foi
executada a Operação Tapete Mágico, para resgatar os judeus do Iêmen.
Intigados pela propaganda árabe, a
população muçulmana local e com a ajuda da polícia deu início a uma série de
perseguições. Em 1947 82 judeus foram mortos e centenas de residências e casas
comerciais destruídas.
No ano seguinte, um boato de que duas
meninas haviam sido mortas por judeus em um ato religioso provocou uma nova
onda de pogroms. Com isso, a situação econômica dos judeus do Iêmen se
deteriorou e a American Joint Distribution Committee resolveu transportar toda
a comunidade judaica daquele país para Israel. Entre junho de 1949 e setembro
de 1950 cerca de 50 mil judeus iemenitas foram retirados em vôos secretos.
Tentativas de sabotagem e ataques da aviação egípcia tornavam as viagens
arriscadas. Entretanto, nenhum dos 380 vôos da Operação Tapete Mágico foi mal
sucedido.
Até o fim de 1951 desembarcaram em Israel
37 mil judeus da Bulgária, 30 mil da Líbia e 118.940 da Romênia.
121.512 judeus iraquianos foram
resgatados pela Operação Esdras e Nehemias. No total, o número de judeus
resgatados nos primeiros anos de existência de Israel foi de 684.201, mais do
que toda a população judaica de Israel em 1948. Dois terços destes imigrantes
foram instalados em pequenos núcleos urbanos no interior. 35.700 em moshavim
recentemente criados e 16.000 em kibbutzim.
Entre 1952 e 1954, o número total de
imigrantes foi de 51.463. Em 1955, iniciou-se uma nova onda de imigração. Até
1957 chegariam ao país 162.308 novos moradores, em sua maioria do Marrocos, da
Tunísia e da Polônia.
Os movimentos nacionalistas nos países do
Norte da África empurraram os judeus destes países à aliá. Entre 1955 e 1957
mais 55 mil judeus marroquinos e 15 mil tunisianos deixaram seus países de
origem. A revolução na Hungria, em 1956 e a repressão comunista na Polônia
geraram mais ondas migratórias: 8.682 judeus húngaros e outros milhares de
poloneses chegaram a Israel até o final da década.
Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, os
judeus do Egito foram expulsos. 14.562 destes imigrariam para Israel. As
cidades de Dimona e Ashdod, além das regiões de Lachish e Taanach foram
povoadas com estes olim (imigrantes).
A Guerra dos Seis Dias também gerou uma
onda de anti-judaísmo nos países sob a esfera de influência soviética. Os
judeus da União Soviética eram proibidos de deixar o país, mas a partir de 1969
a reivindicação dos judeus soviéticos pelo direito a imigração possibilitou um
ligeiro incremento no número destes olim. Na Polônia, pogroms foram registrados
em 1967 e mais cinco mil judeus imigraram. Até 1973, ano da Guerra do Yom
Kippur, 260 mil judeus desembarcaram em Israel, a maioria de países
socialistas.
Décadas de 1950 e 1960
O
governo de Ben Gurion
David Ben Gurion, o signatário da
Declaração de Independência de Israel, tornou-se Primeiro-Ministro em 25 de
fevereiro de 1949, mesmo dia em que o armistício com o Egito foi firmado.
A primeira administração de Ben Gurion
foi focada na construção das instituições estatais necessárias para o
funcionamento do Estado e nas operações militares de defesa contra os vizinhos.
Ben Gurion afastou-se do cargo em 7 de dezembro de 1953, declarando na ocasião
que se instalaria no kibbutz de Sde Boker, no Deserto de Negev, a fim de
estimular a ocupação da região pelos novos imigrantes.
A carreira política de Ben Gurion
iniciou-se em 1933. Adepto do sionismo-socialista, tornou-se líder do Movimento
Sionista à época da Segunda Guerra Mundial.
Moshe Sharett assumiu a cadeira de
Primeiro-Ministro entre janeiro de 1954 e e julho de 1955. Sharett era
considerado um político sem carisma e era voz corrente que Ben Gurion
continuava a governar Israel mesmo afastado. O Caso Lavon minou o prestígio de
Sharett. Em 21 de fevereiro de 1955 Ben Gurion voltou a Jerusalém e em julho
foi reeleito Primeiro-Ministro.
O
Caso Lavon
O estopim do Caso Lavon foi a fracassada
operação militar denominada Operação Suzannah, na qual houve o ataque de alvos
americanos e ingleses no Egito.
Vários agentes israelenses foram presos e
no desenlace o então ministro da defesa de Israel, Pinhas Lavon, teve de
renunciar.
O
segundo período de Ben Gurion
Foi durante o segundo gabinete de Ben
Gurion que ocorreu a Campanha do Sinai. A aliança militar com a França fez
deste país o maior aliado de Israel. Nesta época começou a construção das
instalações secretas de Dimona, projeto e desenvolvimento do jovem secretário
de defesa Shimon Peres.
O caráter autoritário e personalista de
Ben Gurion lhe valeu muita oposição, dentro e fora de seu Partido Trabalhista.
Desacreditado, Ben Gurion deixou definitivamente o cargo em 16 de julho de
1963.
O
Gabinete Eshkol
O substituto de Ben Gurion foi o
ex-ministro da agricultura Levi Eshkol. Eshkol empenhou-se na relação de Israel
com a então Alemanha Ocidental, negociando reparações financeiras aos
sobreviventes do Holocausto e buscou melhorar as tensas relações com a União
Soviética, o que permitiu uma tímida imigração de seus judeus. As relações
israelo-soviéticas azedaram com a eclosão da Guerra dos Seis Dias, em 1967.
O gabinete Eshkol foi o responsável pela
construção do sistema nacional de águas, que possibilitou um incremento na
agricultura e a colonização de áreas desérticas de Israel. Levi Eshkol faleceu
de ataque cardíaco, em 26 de fevereiro de 1969, ainda ocupando o cargo de
Primeiro-Ministro.
Décadas de 1970 e 1980
O
gabinete Golda Meir
Golda Meir se tornou a quarta
primeira-ministra de Israel. Ela havia sido Ministra das Relações Exteriores de
Levi Eshkol e no momento da morte do Primeiro-Ministro não exercia nenhuma
pasta, embora ainda fosse parlamentar. A eleição de Golda Meir foi uma
surpresa, que logo seria guindada pela folgada margem que o Partido Trabalhista
obteve na sexta legislatura da Knesset. Entretanto, a Primeira-Ministra
preferiu construir um gabinete de coalizão, convidando os partidos de direita
para ajudarem a compor o governo.
Foi durante seu período que ocorreram
alguns dos acontecimentos mais tristemente célebres da existência de Israel. No
ano de 1972 terroristas palestinos seqüestraram o avião Sabena (9 de maio), o
Exército Vermelho Japonês (grupo terrorista de inspiração marxista) massacrou
25 cidadãos israelenses no aeroporto de Tóquio (30 de maio) e militantes da
Fatah assassinaram 11 atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique
(5 de setembro). Em reação, Golda Meir ordenou ao Serviço Secreto (Mossad) que
empreendesse uma operação de caça aos responsáveis pelo atentado de Munique,
que foi apelidado de "Operação Cólera Divina" e que eliminou quase
todos os responsáveis pelo massacre.
O perfil simpático da Primeira-Minista
atraiu simpatia internacional para Israel. Tratada como a Idishe Mame (a mãe
judia) do país, Golda costumava realizar reuniões políticas enquanto cozinhava
em seu pequeno apartamento. Entretanto, setores mais à esquerda a acusavam de
ser refratária às tentativas de paz com os árabes.
Desgastes
com a Guerra
A invasão de Israel pelos exércitos
sírio-egípcios em pleno dia de Yom Kippur evidenciou o despreparo do governo em
prevenir o ataque. De fato, poucos meses antes do ataque, Golda recebeu a visita
do rei Hussein da Jordânia, que lhe preveniu sobre as intenções dos egípcios e
sírios. Golda, entretanto, desprezou a informação.
A campanha militar foi dramática, com
várias dificuldades nos primeiros dias da guerra. Mas as Forças de Defesa de
Israel conseguiram rechaçar a invasão e chegar às portas do Cairo e de Damasco,
vencendo a guerra e mantendo o poder sobre os territórios ocupados.
Após a vitória, foi estabelecida a
Comissão Agranat, que investigou a suposta omissão dos fatores que poderiam ter
prevenido o ataque. A Comissão acabou por inocentar a Primeira-Ministra, o
Ministro da Defesa Moshe Dayan e o Comandante-em-chefe Chaim Bar-Lev e Golda
Meir foi reeleita em 1974. Mas a impopularidade gerada pela guerra levou à sua
renúncia em 11 de abril, pouco depois de sua reeleição. Golda Meir retirou-se
da vida pública e foi substituída por Yitzhak Rabin.
O
primeiro Gabinete Rabin
Yitzhak Rabin foi Ministro do Trabalho
durante o gabinete de Golda Meir. Governou Israel entre 1974 e 1977. Durante
sua administração foram firmados acordos de separação de forças com o Egito e
se iniciou a construção dos assentamentos na Cisjordânia (1975).
O
caso de Entebe
Em 27 de junho de 1976 um grupo
terrorista seqüestra o vôo AF 139, da Air France, que seguiria de Tel Aviv para
Paris com escala em Atenas. O avião foi desviado até Entebbe, em Uganda. Os
terroristas pertenciam ao grupo alemão Baader-Meinhof, e exigiam a libertação
de 53 terroristas presos em cadeias de vários países. Os reféns não-judeus são
libertados no dia 30.
O gabinete Rabin convocou os serviços de
inteligência do país para a elaboração de uma operação de resgate. Uganda, sob
o domínio do ditador Idi Amin Dada, era um país hostil desde que Israel se
recusara a vender caças Phantom, que sabidamente seriam usados em operações
militares contra o Quênia e a Tanzânia. Em 1972 Amin Dada expulsou todos os
judeus de Uganda como retaliação. A operação secreta, inicialmente batizada
como "Operação Thunderball", é colocada em prática. No dia 3 de
julho, homens da Brigada Golani desembarcam em Entebe, invadem a aeronave e
executam os terroristas. Imediatamente, soldados ugandenses começam a atirar
nos homens da Brigada Golani, o que provoca a reação dos soldados. Onze jatos
MIG de Uganda são explodidos durante a operação. Toda a operação durou apenas
90 minutos. Yoni Netanyahu, comandante israelense ferido por um ugandense,
morre em Nairobi, Quênia. Além do oficial, três reféns também morreram durante
a operação de resgate. Uma quarta refém, a idosa Dorra Bloch, ferida e atendida
num hospital de Uganda, é posteriormente assassinada por ordem do ditador Dada.
Escândalos
e renúncia
O sucesso da operação de resgate em
Entebe legou a Yitzhak Rabin enorme popularidade dentro e fora de seu país. Mas
ainda durante 1976 uma profunda crise econômica gerou inflação e insatisfação
com o gabinete. Denúncias de corrupção também surgiram, o que levou o Ministro
de Obras Públicas Abraham Ófer ao suicídio e a um voto de desconfiança na
Knesset. Rabin antecipa as eleições para 17 de maio de 1977. Pouco antes, a
descoberta de uma conta secreta em nome da esposa de Rabin, Leah, provocou a
ascensão de Menachem Beguin.
A Era Beguin
Décadas de 1990 e 2000
Guerras e conflitos armados
A
Primeira Guerra Árabe-Israelense
A Primeira Guerra Árabe-Israelense,
também chamada de Guerra de Independência, se iniciou com a retirada dos
ingleses da Palestina e a Independência de Israel.
O projeto de partilha da Palestina
aprovado pela ONU previa o estabelecimento de dois estados, um árabe e outro
judaico. Os árabes da Palestina não aceitaram a partilha e com o apoio de cinco
países vizinhos (Egito, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque) iniciaram o conflito,
atacando os bairros e cidades judeus.
A guerra durou de 1948 a 1949 e culminou
na fuga de cerca de 800 mil árabes palestinos e na invasão da Faixa de Gaza
pelo Egito e da Cisjordânia pela Transjordânia gerando assim a Jordânia. Israel
também conquista cerca de 75% do território que seria destinado aos palestinos
e a parte ocidental da cidade de Jerusalém.
A
Guerra de Suez
Em 26 de julho de 1956 o líder do Egito
Gamal Abdel Nasser ocupa, nacionaliza e bloqueia o Canal de Suez impedindo o
acesso de navios israelenses.
Em resposta, Israel se alia à França e ao
Reino Unido e integra uma força militar que invade o Egito em 29 de outubro.
Israel penetra na Península do Sinai, mas é obrigado a recuar pela pressão dos
Estados Unidos e da União Soviética. A ONU envia uma força de paz internacional
a Suez.
A
Guerra dos Seis Dias
Em 1964 é fundada no Cairo a Organização
para a Libertação da Palestina (OLP). Ao longo das duas décadas anteriores
houve ataques terroristas esparsos contra Israel apoiados por países vizinhos.
Com o acirramento das hostilidades e ante a iminência de um ataque militar
conjunto árabe, Israel ataca Egito, Síria e Jordânia em 5 de junho de 1967. O
episódio, conhecido como Guerra dos Seis Dias, termina em 10 de junho com a
vitória de Israel e a conquista do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e
das Colinas de Golã Jerusalém é reunificada e Israel passa a ter acesso ao Muro
das Lamentações, local mais sagrado da religião judaica.
A
Guerra do Yom Kipur
Yasser Arafat, é eleito presidente da OLP
em 1969. A OLP passa a fomentar inúmeros ataques contra Israel, que responde
atacando constantemente as bases da OLP na Síria e no Líbano.
Em 6 de outubro de 1973, durante o
feriado de Yom Kipur, Israel é atacado por uma força conjunta de tropas da
Síria e do Egito apoiadas pela Jordânia. O ataque-surpresa abre duas frentes de
combate e impõe seríssimas perdas ao exército israelense. A contra-ofensiva
demora a reagir, mas em algumas semanas consegue repelir o ataque e a
pressionar os exércitos árabes. Novamente os Estados Unidos e a União Soviética
impõem a Israel um recuo. Mesmo assim Israel vence a guerra.
Os árabes derrotados descobrem no
petróleo uma arma de guerra: usando a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep), boicotam o fornecimento aos países que apoiaram Israel e
provocam pânico mundial com o aumento do preço dos seus derivados. A crise
econômica global que sucedeu ao boicote gera uma onda de antipatia contra
Israel.
Em maio de 1977, a coligação liderada
pelo partido Likud vence as eleições parlamentares, depois de três décadas de
hegemonia dos trabalhistas. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, estimula
a instalação de colonos israelenses nos territórios árabes conquistados após a
Guerra dos Seis Dias.
A
primeira intervenção no Líbano
Com a morte de Nasser em 1970 subiu ao
poder no Egito Anwar Sadat. Sadat foi um dos fomentadores da Guerra do Yom
Kippur, mas após a derrota passou a adotar uma postura pragmática em relação a
Israel. Em novembro de 1977, após negociações secretas, Sadat desembarcou em
Israel, para estabelecer conversações de paz.
A iniciativa abre caminho para os acordos
de Camp David (1978-1979), assinados por Sadat e pelo Primeiro-Ministro
israelense Menachem Begin, com mediação do presidente norte-americano Jimmy
Carter. Israel inicia a retirada da Península do Sinai, que é devolvida em 1982.
O mundo árabe repudia os acordos de Camp David e expulsa o Egito da Liga Árabe.
A anexação das Colinas de Golã por
Israel, em fins de 1981, constitui mais um foco de tensão do país com Síria e
Líbano, que reivindicam partes distintas da área.
No final da década de 1970 eclode no
Líbano uma guerra civil entre a minoria cristã e os muçulmanos. A OLP de Yasser
Arafat aproveita a anarquia no país e intensifica os ataques contra Israel,
usando o território libanês como abrigo.
Para se defender destes ataques, Israel
invade o Líbano em junho de 1982 e cerca Beirute, onde se encontrava o
quartel-general da OLP. Um acordo obtido por americanos, europeus e sauditas
permite, porém, que os integrantes da OLP deixem o Líbano e se transfiram à
Tunísia.
Em 16 de setembro do mesmo ano,
milicianos cristãos libaneses atacam os campos de Sabra e Chatila. Tratava-se
de uma operação de vingança ao atentado que matara o presidente Bashir Gemayel.
O exército israelense é acusado de omissão em relação ao ataque, que vitimou centenas
de refugiados palestinos e o general Ariel Sharon é responsabilizado por um
inquérito israelense. Em 1983, Israel começa a desocupar a região Sul do
Líbano, palco de ataques freqüentes dos xiitas libaneses. A retirada só se
completa em 1985, mantendo ainda controle de uma estreita faixa de território
próxima da fronteira. No vácuo da OLP, nasce a milícia Hezbollah.
A
Primeira Intifada
Em 9 de dezembro de 1987 eclode uma
rebelião (a "revolta das pedras") nos territórios ocupados e no setor
árabes de Jerusalém, conhecida como Intifada. Israel reprime o levante e sofre
condenação da ONU. A opinião pública começa a se tornar favorável à OLP.
A
Guerra do Golfo
Em 1990, o Iraque invade o Kuwait,
provocando a Guerra do Golfo, quando uma coalizão militar liderada pelos
Estados Unidos reage e ataca o regime de Saddam Hussein.
Na tentativa de cooptar apoio dos países
vizinhos e inflamar a opinião pública árabe contra os Estados Unidos, o Iraque
ataca Israel com mísseis Scud. Sob pressão dos americanos, Israel não revida o
ataque. 39 mísseis atingem o território israelense e outros são interceptados e
destruídos pelos mísseis Patriot, fornecidos pelos Estados Unidos. 21 cidadãos
israelenses morrem durante os ataques: um homem nos subúrbios de Ramat Gan atingido
por destroços de um Patriot e 20 pessoas asfixiadas pelo uso incorreto de
máscaras de oxigênio. Estatísticas sugerem que algumas dezenas de pessoas
também tenham morrido vítimas de "estresse e tensões emocionais" em
virtude dos ataques. (Journal of the American Medical Association, Volume
273(15), 19 de Abril de 1995, pp 1208–1210).
Os
Acordos de Paz de Oslo
No princípio da década de 1990 Israel
aceita entabular conversações com a OLP, a fim de buscar caminhos para a
elaboração de acordos de paz com a liderança palestina. Yasser Arafat, exilado
na Tunísia, é reconhecido por Israel como uma liderança legítima das aspirações
palestinas.
As conversações para chegar a um acordo
foram iniciadas pelo governo norueguês que estava neutro com o conflito, os principais
articuladores dos acordos foram Johan Jørgen Holst (ministro de Assuntos
Exteriores), Terje Rød-Larsen e Mona Juul. Graças a isso, o processo de
pacificação ficaria conhecido como Acordos de Paz de Oslo.
São debatidos acordos de cessão de terras
para o estabelecimento de uma entidade autônoma palestina na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia em troca do reconhecimento formal do direito de existência do
Estado de Israel pela OLP e pela renúncia à prática de atos terroristas. O
reconhecimento mútuo permitiria, em tese, que os demais países árabes
acompanhassem o exemplo palestino e entabulassem iniciativas por uma paz
duradoura em todo o Oriente Médio.
Pelos acordos, o governo palestino
duraria cinco anos de maneira interina, durante os quais seriam negociadas (a
partir de maio de 1996) as questões sobre Jerusalém Oriental, direito de
retorno, assentamentos judaicos e segurança. O auto-governo seria divido em
Áreas:
Área A - controle total pela Autoridade
Palestina.
Área B - controle civil pela Autoridade
Palestina e controle militar pelo Exército de Israel.
Área C - controle total pelo Governo de
Israel.
Em 1994 a Jordânia firma um acordo de paz
com Israel, assinado em Camp David, a casa de campo do presidente americano.
O acordo entre Israel e OLP foi firmado
na cidade de Taba, Egito, em 24 de setembro de 1995 e ratificado quatro dias
mais tarde, em 28 de setembro de 1995, pelo Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin e
por Arafat.
O
assassinato de Rabin
Com o início da Autoridade Palestina
sobre partes de Gaza e Cisjordânia as aspirações pelo estado palestino pareciam
se concretizar. A OLP, agora transformada em governo, começou a receber ajuda
financeira externa e a principiar a organização de uma administração e de
forças armadas. Entretanto, grupos terroristas como o Hamas, a Jihad Islâmica e
as Brigadas de Mártires de Al-Aqsa não aceitavam os acordos com Israel e
prometeram não interromper as ações violentas contra os judeus.
Do outro lado, setores radicais de dentro
de Israel também não aceitavam a cessão de territórios para a construção do
estado palestino. Estes setores radicais se agrupavam em torno de lideranças
religiosas e políticas de extrema-direita e pressionavam o governo e a
sociedade israelense contra o processo de paz.
Mesmo com as pressões oriundas de ambos
os lados, Israel e AP deram continuidade ao processo. Em 4 de novembro de 1995, o
Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin foi assassinado por um militante extremista
judeu, após um evento pacifista na cidade de Tel Aviv. Shimon Peres assume o lugar
de Rabin.
Os
governos de Netanyahu e Barak
No ano seguinte, Peres perde o cargo de
primeiro-ministro para o novo líder do Likud, Benjamin (Bibi) Netanyahu.
"Bibi" era do partido Likud, que adotava uma postura céptica diante
dos acordos de paz. De fato, entre 1994 e 1996 houve 20 atentados terroristas
contra Israel, resultando em cerca de 150 mortos. Todos os atentados foram
reivindicados pelos grupos palestinos que não aceitavam os acordos de paz. O
crescimento do Likud junto ao eleitorado, segundo analistas, teria sido
decorrente de um crescente sentimento de dúvida quanto à viabilidade da paz.
Paralelamente, Netanyahu implementou
reformas econômicas de caráter liberal e em 17 de julho, enfrenta uma greve
geral em protesto contra a política de cortes orçamentarios. O governo revoga o
decreto que proibia a expansão de colônias judaicas na Cisjordânia e aprova a
construção de 1,8 mil casas na colônia de Kiryat Sefer.
Em fevereiro de 1996, o primeiro-ministro
Netanyahu é acusado de corrupção, com denúncias de ter barganhado o apoio do
partido religioso Shas ao acordo de retirada de tropas de Hebron, prometendo a
indicação de Roni Bar-On para o cargo de procurador geral. Bar-On, um advogado
pouco conhecido, renuncia 12 horas após a eclosão do escândalo.
Segundo uma emissora de TV, ele havia se
comprometido em pedir o arquivamento do processo contra o líder do Shas, Aryeh
Der'i, em que este é acusado de suborno e fraude. Numa decisão sem precedentes,
a polícia pede em abril o indiciamento de Netanyahu, mas o procurador geral e a
fiscal do Estado rejeitam o pedido por falta de provas.
No final de fevereiro, o governo aprova a
construção de 6,5 mil moradias para judeus no setor árabe de Jerusalém. A
decisão provoca protestos. Choques com soldados israelenses deixam 150
palestinos feridos. O processo de paz estanca novamente. Os ministros de
Exterior da Liga Árabe recomendam o congelamento de relações com Israel. O
clima de animosidade piora com o atentado a um ônibus de meninas israelenses,
por um soldado jordaniano. Sete meninas entre 12 e 14 anos são mortas.
Após dez meses de silêncio recomeçam em
março os atentados a bomba por palestinos suicidas do grupo fundamentalista
islâmico Hamas contra alvos israelenses. Em julho, terroristas suicidas matam
13 pessoas e ferem 170, ao explodir duas bombas no mercado judaico de
Jerusalém. É o pior atentado desde março de 1996. O Hamas nega a autoria.
Em setembro, três integrantes desse mesmo
grupo detonam uma bomba na rua Ben Yehuda, movimentada rua de pedestres de Jerusalém,
matando quatro pessoas, além dos autores do atentado, e ferindo outras 190. O
governo israelense, em represália, bloqueia temporariamente o acesso aos
territórios palestinos autônomos.
Em junho de 1997, os Estados Unidos
reconhecem Jerusalém como a capital de Israel. Os palestinos protestam. No
mesmo mês, o Partido Trabalhista de Israel troca sua liderança: Ehud Barak,
ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, vence Yossi Beilin.
Barak, com um perfil mais parecido com o
de Rabin, é o favorito em pesquisas para as eleições contra Netanyahu, em
princípio marcadas para o ano 2000. Em 24 de junho, Netanyahu sobrevive a uma
moção de desconfiança no Parlamento, por 55 votos a 50. Cinco dias depois, 40
mil pessoas protestam contra o governo em Tel Aviv, pedindo eleições
antecipadas. Em outubro, o presidente Ezer Weizman cancela uma visita à China
programada para o final do ano, por prever a queda do governo a qualquer
momento.
Uma nova crise ocorre com a fracassada
tentativa do serviço secreto de envenenar um líder do Hamas na Jordânia, em
outubro. Os agentes israelenses são presos e obrigados a revelar o antídoto. Em
troca da devolução de seus agentes, Israel liberta o xeque Ahmed Yassin,
fundador do Hamas.
Em setembro de 1996 estoura uma rebelião
palestina. O estopim do novo conflito é a retomada da construção de um túnel
que une a Via Dolorosa, o caminho que Jesus teria feito ao ir para a cruz, ao
Muro das Lamentações, principal santuário do judaísmo, passando sob a Mesquita
de Al-Aqsa. O conflito causa a morte de 50 palestinos e 18 israelenses.
Em 3 de dezembro, 700 mil trabalhadores
fazem greve contra o programa governamental de privatizações e reforma da
previdência, paralisando aeroportos, portos, bancos, empresas estatais e parte
dos serviços públicos. Ainda em dezembro, o gabinete israelense insiste na
instalação de colônias judaicas nos territórios ocupados de Gaza e da
Cisjordânia e aprova de incentivos com esse objetivo. Em janeiro, finalmente é
concluído um acordo com a Autoridade Palestina sobre a retirada de tropas da
cidade de Hebron. É o primeiro avanço do processo de paz desde a chegada de
Netanyahu ao poder. Os últimos soldados deixaram a cidade em agosto de 1998.
Ehud Barak sucedeu Bibi em 1999. Durante
a administração de Barak foram retirados os últimos soldados israelenses do Sul
do Líbano e houve a tentativa de acordos de paz com a Síria. Barak também
entabulou conversações com Arafat sobre a administração de Jerusalém Oriental e
sobre a completa desocupação de Gaza e da Cisjordânia.
Em setembro de 2000, o líder do Likud
Ariel Sharon fez uma visita ao Monte do Templo, local onde antes se erguia o
Grande Templo Judaico e onde hoje existe o complexo de mesquitas de Al-Aqsa.
Escoltado por seguranças, a entrada de Sharon na área administrada pelos
palestinos foi o pretexto para a eclosão da Segunda Intifada, que provocou o
colapso do governo Barak, o fim das conversações de paz e o aumento da violência
entre Israel e os palestinos.
A
Segunda Intifada
Após a visita de Sharon ao Monte do
Templo o ciclo de violência congelou as negociações de paz e mergulhou Israel
numa espiral de atentados. Foram centenas, reivindicados por vários grupos
palestinos. Foram atacados mercados, feiras, boates, ônibus, restaurantes e até
a Universidade Hebraica de Jerusalém.
Sharon foi eleito Primeiro-Ministro em
fevereiro de 2001, após o colapso da administração Barak. Muito criticado pela
opinião pública internacional, Sharon adotou uma postura belicista ante os
ataques terroristas palestinos. Yasser Arafat foi declarado
"irrelevante" e confinado na cidade de Ramalá, na Cisjordânia. As
retaliações israelenses em território palestino vitimou a população civil e
espalhou revolta nos demais países árabes.
A
segunda intervenção no Líbano
A segunda intervenção israelense no
Líbano aconteceu após um ataque da milícia Hezbollah ter vitimado nove soldados
israelenses, no dia 12 de julho de 2006.
O Hezbollah foi fundado durante a
primeira intervenção militar israelense no Líbano, durante a década de 1980 e
foi responsável por uma série de ataques ao longo dos anos em que houve
presença de Israel na região Sul do Líbano. Após a retirada militar de 2000, o
Hezbollah ocupou a função do estado libanês na área Sul, praticando uma
política de favorecimentos sociais com financiamento sírio e iraniano.
Após o ataque de julho de 2006, o
Hezbollah passou a bombardear cidades israelenses com mísseis do tipo Katiusha,
de fabricação russa e que seriam fornecidos pelo Irã, cujo atual presidente,
Mahmoud Ahmadinejad, é um inimigo declarado de Israel, tendo o mesmo já
declarado que está empenhado em "eliminar Israel do mapa".
Israel invadiu o Líbano pelo Sul,
infligindo pesadas perdas militares, econômicas e humanas ao país. Os ataques
do Hezbollah também vitimaram dezenas de soldados israelenses e provocou o
êxodo de milhares de cidadãos israelenses das cidades ao Norte do país, além de
sérios comprometimentos econômicos.
A intervenção militar no Líbano durou
cerca de um mês e teria vitimado cerca de 120 israelenses (a maioria soldados)
e mais de 1000 libaneses (a maioria civis). Um cessar-fogo foi negociado entre
os Estados Unidos e a França, com a promessa da entrada de tropas
internacionais no espaço ao Sul do rio Litani e o fim dos ataques mútuos entre
o Hezbollah e Israel.
Ataque
à frota humanitária a caminho de Gaza
Em 31 de maio de 2010, uma frota de seis
embarcações da organização pró-direitos humanos Free Gaza transportava 750
pessoas e dez mil toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Não
atendendo as exigências do governo israelense de aportar para fiscalização de
possíveis armamentos, uma flotilha foi interceptada por soldados que fariam a
fiscalização in loco. Os soldados foram primeiramente atacados pelos
tripulantes, que responderam com o uso de força. 19 ativistas morreram e alguns
soldados.
Desde 2007, Israel mantém a Faixa de Gaza
bloqueada, com o objetivo de sufocar o governo do Hammas (e evitar a entrada de
foguetes que são sistematicamente lançados no território judeu), eleito
democraticamente pelos palestinos.
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