Cristianismo
Cristianismo (do grego Xριστός,
"Christós", messias) é uma religião abraâmica monoteísta centrada na
vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são apresentados no Novo
Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho
de Deus, Salvador e Senhor. A religião cristã tem três vertentes principais: o
Catolicismo Romano (subordinado ao bispo romano), a Ortodoxia Oriental (se
dividiu de Roma em 1054 após o Grande Cisma) e o protestantismo (que surgiu
durante a Reforma do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores
chamados de denominações. Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é o Filho de
Deus que se tornou homem e o Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do
mundo. Geralmente, os cristãos se referem a Jesus como o Cristo ou o Messias.
Os seguidores do cristianismo, conhecidos
como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia
Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao
judaísmo). A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e
ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos; Os cristãos acreditam
que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que
Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e
conceder a imortalidade aos seus seguidores. Jesus também é considerado para os
cristãos como modelo de uma vida virtuosa, e tanto como o revelador quanto a
encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho
("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu
ministério como evangelhos.
O cristianismo se iniciou como uma seita
judaica e, como tal, da mesma maneira que o próprio judaísmo ou o islamismo, é
classificada como uma religião abraâmica (ver também judaico-cristão). Após se
originar no Mediterrâneo Oriental, rapidamente se expandiu em abrangência e
influência, ao longo de poucas décadas; no século IV já havia se tornado a
religião dominante no Império Romano. Durante a Idade Média a maior parte da
Europa foi cristianizada, e os cristãos também seguiram sendo uma significante
minoria religiosa no Oriente Médio, Norte da África e em partes da Índia.
Depois da Era das Descobertas, através de trabalho missionário e da
colonização, o cristianismo se espalhou para as Américas e pelo resto do mundo.
O cristianismo desempenhou um papel de
destaque na formação da civilização ocidental pelo menos desde o século IV
(ver: Impacto do cristianismo na civilização). No início do século XXI o
cristianismo conta com entre 2,3 bilhões de fiéis, representando cerca de um
quarto a um terço da população mundial, e é uma das maiores religiões do mundo.
O cristianismo também é a religião de Estado de diversos países.
Monoteísmo
Grande parte das vertentes cristãs
herdaram do judaísmo a crença na existência de um único Deus, criador do universo
e que pode intervir sobre ele. Os seus atributos mais importantes são por isso
a onipotência, a onipresença e onisciência. Os teólogos do chamado Teísmo
aberto discutem a atribuição destes atributos (ou parte deles) a Deus.
Outro dos atributos mais importantes de
Deus, referido várias vezes ao longo do Novo Testamento, é o amor: Deus ama
todas as pessoas e essas podem estabelecer uma relação pessoal com Ele através
da oração.
A maioria das denominações cristãs
professa crer na Santíssima Trindade, isto é, que Deus é um ser eterno que
existe como três pessoas eternas, distintas e indivisíveis: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo.
A doutrina das denominações cristãs
difere do monoteísmo judaico visto que no judaísmo não existem três pessoas da
Divindade, há apenas um único Deus, e o Messias que virá será um homem,
descendente do rei Davi.
Jesus
Outro ponto crucial para os cristãos é o
da centralidade da figura de Jesus Cristo. Os cristãos reconhecem a importância
dos ensinamentos morais de Jesus, entre os quais salientam o amor a Deus e ao
próximo (Mateus 22:37-39), e consideram a sua vida como um exemplo a seguir. O
cristianismo reconhece Jesus como o Filho de Deus que veio à Terra libertar e
salvar os seres humanos do pecado através da sua morte na cruz e da sua
ressurreição, embora variem entre si quanto ao significado desta salvação e
como ela se dará. Para a maioria dos cristãos, Jesus é completamente divino e
completamente humano.
Há no entanto, uma recorrente discussão
sobre a divindade de Jesus. Aqueles que questionam a divindade de Cristo
argumentam que ele jamais teria afirmado isso expressamente.[carece de fontes]
Os que defendem a divindade de Cristo, por sua vez, valem-se de versículos que,
através da postura de Jesus e dentro do próprio contexto cultural judaico da
época[carece de fontes], deixariam clara sua condição divina.
A salvação
O cristianismo acredita que a fé em Jesus
Cristo proporciona aos seres humanos a salvação e a vida eterna. «Pois Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.» (João 3:16)
A vida depois da morte
As visões sobre o que acontece após a
morte dentro do Cristianismo variam entre as denominações. A Igreja Católica
considera a existência do céu, para onde vão os justos, do inferno, para onde
vão os pecadores que não se arrependeram, e do purgatório, que é um estágio de
purificação, mas não um terceiro lugar, para os pecadores que morreram em
estado de Graça, ou seja, já estão salvos e esperando um tempo indeterminado
para ir para o céu (ver: Sola gratia). As igrejas orientais, bem como algumas
igrejas protestantes, consideram a existência apenas do céu e do inferno.
Dentro do Protestantismo, a maior parte das denominações acredita que os mortos
serão ressuscitados no Juízo Final, quando então serão julgados, sendo que os
pecadores serão definitivamente mortos e os justos viverão junto a Cristo na
imortalidade. Já as denominações do Cristianismo Esotérico são
reencarnacionistas e ponderam que nenhum homem é totalmente bom nem totalmente
mau, e após a morte sofrerão as consequências do bem e do mal que tenham
praticado em vida, atingindo a perfeição com as sucessivas encarnações.
A Igreja
O cristianismo acredita na Igreja
(ekklesia), palavra de origem grega que significa "assembleia",
entendida como a comunidade de todos os cristãos e como corpo místico de Cristo
presente na Terra e sua continuidade. As principais igrejas ligadas ao
cristianismo são: a Igreja Católica Romana, as Igrejas Protestantes e a Igreja
Ortodoxa.
O Credo de Niceia
O Credo de Niceia, formulado nos
concílios de Niceia e Constantinopla, foi ratificado como credo universal da
Cristandade no Concílio de Éfeso de 431. Os cristãos ortodoxos orientais não
incluem no credo a cláusula Filioque, que foi acrescentada pela Igreja Católica
mais tarde.
As
crenças principais declaradas no Credo de Niceia são:
A crença na Trindade;
Jesus é simultaneamente divino e humano;
A salvação é possível através da pessoa,
vida e obra de Jesus;
Jesus Cristo foi concebido de forma
virginal, foi crucificado, ressuscitou, ascendeu ao céu e virá de novo à Terra;
A remissão dos pecados é possível através
do baptismo (br-batismo);
Os mortos ressuscitarão.
Na altura em que foi formulado, o Credo
de Niceia procurou lidar directamente com crenças que seriam consideradas
heréticas, como o arianismo, que negava que o Pai e Filho eram da mesma
substância, ou o gnosticismo.
Algumas Igrejas Protestantes não
acreditam no Credo de Niceia.
Escrituras sagradas
A Bíblia é o principal conjunto de
escrituras do Cristianismo. Entretanto, há algumas divergências a respeito de
determinadas escrituras, chamadas deuterocanônicas (ou livros apócrifos), que
não são aceitas por todas as correntes. Para certas denominações, há algumas
outras escrituras que foram divinamente inspiradas. Os membros da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias atribuem a três livros a qualidade de
terem sido inspirados por Deus; esses livros são o Livro de Mórmon, a Doutrina
e Convénios e a Pérola de Grande Valor. Para os Adventistas do Sétimo Dia os
escritos de Ellen G. White são uma manifestação profética que, contudo, não se
encontra ao mesmo nível que a Bíblia.
Formas de culto
As formas de culto do cristianismo
envolvem oração, leitura alternada de salmos ou de passagens bíblicas tais como
as de livros do Antigo Testamento, os Evangelhos, as Epistolas e/ou o
Apocalipse. Cantam-se hinos a Deus, o Pai, Jesus ou ao Espírito Santo e aos
anjos e santos entre católicos romanos, episcopais e ortodoxos. A cerimônia da
eucaristia é praticada diariamente ou semanalmente por católicos, luteranos,
episcopais ou anglicanos e ortodoxos).
Já a equivalente Ceia do Senhor
pratica-se mensal, trimensal ou anualmente por diversas igrejas entre os
protestantes. Sermões são pregados pelo sacerdote, pastor, ancião, ministro ou
outros líderes. A maioria das denominações cristãs consagra o Domingo como dia
de culto. Há denominações que consideram o Sábado dia santo de guarda, entre
elas Baptistas do Sétimo Dia, Adventistas, Igrejas de Deus (7.o dia) e Judeus
Messiânicos. Este último grupo, embora não seja cristão, guarda semelhança com
o cristianismo, pois crê em Yeshua (Jesus) como sendo o messias profetizado na
bíblia hebraica. A devoção e oração individual ou em grupo nos outros dias da
semana também são encorajadas.
Igrejas como a Luterana, a Metodista, a
Presbiteriana e a Episcopal/Anglicana que administram batismo a recem-nascidos
também adotam a confirmação quando a criança tem mais entendimento para assumir
a responsabilidade pela sua religiosidade. Batistas, Adventistas, Pentecostais
e outros optam por uma dedicação do bebê ao Senhor e só batizam quem é maduro o
suficiente para decidir por si mesmo que querem realmente abraçar a fé.
Concepções religiosas e filosóficas
Podemos considerar três períodos que
definem a concepção e filosofia do cristianismo:
1.Cristianismo primitivo: caracterizado
por uma heterogeneidade de concepções;
2.Patrística: ocorrida no período entre
os séculos II e VIII, com a transformação da nova religião em uma Igreja
oficial do Império Romano fundada por Constantino e a formação de um clero
institucionalizado, e cujo doutrinário expoente foi Santo Agostinho;
3.Escolástica: a partir do século VIII e
cujo expoente foi São Tomás de Aquino, que afirmou que fé e razão podem ser
conciliadas, sendo a razão um meio de entender a fé.
A partir do protestantismo, é necessário
fazer uma diferenciação entre a história e concepção da Igreja Católica e das
diversas denominações evangélicas que se formaram.
Símbolos
O principal símbolo do cristianismo é a
cruz, que representou em diversas sociedades a interseção do plano material e
do transcendental em seus eixos perpendiculares. Por exemplo, era insígnia de
Serápis no Egito. Ao ser apropriado pelo cristianismo, este símbolo enriqueceu
e sintetizou a história da salvação e paixão de Jesus, significando também a possibilidade
de ressurreição.
Outro símbolo cristão, que remonta aos
começos da religião. É o Ichthys ou peixe estilizado (a palavra Ichthys
significa peixe em grego, sendo também um acrónimo de Iesus Christus Theou
Yicus Soter, "Jesus Cristo filho de Deus Salvador"). Outros símbolos
do cristianismo primitivo, por vezes ainda utilizados, eram o Alfa e o Ómega
(primeira e última letras do alfabeto grego, em referência a Cristo como
princípio e fim de todas as coisas), a âncora (representando a salvação da alma
que alcançou o bom porto) e o "Bom Pastor", a representação de Cristo
como o dedicado pastor de suas ovelhas.
Calendário litúrgico e festividades
Os cristãos atribuem a determinado dias
do calendário uma importância religiosa. Estes dias estão ligados à vida de
Jesus Cristo ou à história dos primórdios do movimento cristão.
O
calendário litúrgico cristão inclui as seguintes festas:
Advento:
período constituído pelas quatro semanas antes do Natal, entendidas como época
de preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo;
Natal:
celebração do nascimento de Jesus;
Epifania:
para os católicos, celebra a adoração de Jesus Cristo pelos Reis Magos,
enquanto que para os cristãos ortodoxos o seu baptismo. Acontece doze dias após
o Natal;
Sexta-feira
Santa: morte de Jesus;
Domingo
de Páscoa: ressurreição de Jesus;
Ascensão:
ascensão de Jesus ao céu. Acontece quarenta dias após o Domingo de Páscoa;
Pentecostes:
celebração do aparecimento do Espírito Santo aos cristãos. Ocorre cinquenta
dias após o Domingo de Páscoa.
Alguns dias têm uma data fixa no
calendário (como o Natal, celebrado a 25 de Dezembro), enquanto que outros se
movem ao longo de várias datas. O período mais importante do calendário
litúrgico é a Páscoa, que é uma festa móvel. Nem todas denominações cristãs
concordam em relação a que datas atribuir importância. Por exemplo, o Dia de
Todos-os-Santos é celebrado pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana a 1 de
Novembro, enquanto que para a Igreja Ortodoxa a data é celebrada no primeiro
Domingo depois do Pentecostes; outras denominações cristãs não celebram sequer
este dia. De igual forma, alguns grupos protestantes recusam celebrar o Natal
uma vez que consideram ter origens pagãs.
História
Cristianismo
primitivo
Segundo a religião judaica, o Messias, um
descendente do Rei Davi, iria um dia aparecer e restaurar o Reino de Israel. Na
Palestina, por volta de 26 d.C., Jesus Cristo, nascido na cidade de Belém na
Judéia. Na Galiléia começou a pregar, sendo aclamado por alguns como o Messias.
Jesus foi rejeitado, tido por apóstata pelas autoridades judaicas. Foi
condenado por blasfémia e executado pelos romanos como um líder rebelde. Seus
seguidores enfrentaram dura oposição político-religiosa, tendo sido perseguidos
e martirizados, pelos líderes religiosos judeus, e, mais tarde, pelo Estado
Romano.
Com a morte e a suposta ressurreição de
Jesus, os apóstolos, principais testemunhas da sua vida, reúnem-se numa
comunidade religiosa composta essencialmente por judeus e centrada na cidade de
Jerusalém. Esta comunidade praticava a comunhão dos bens, celebrava a
"partilha do pão" em memória da última refeição tomada por Jesus e
administrava o batismo aos novos convertidos. A partir de Jerusalém, os
apóstolos partiram para pregar a nova mensagem, anunciando a nova religião inclusive
aos que eram rejeitados pelo judaísmo oficial. Assim, Filipe prega aos
Samaritanos, o eunuco da rainha da Etiópia é baptizado, bem como o centurião
Cornélio. Em Antioquia, os discípulos abordam pela primeira vez os pagãos e
passam a ser conhecidos como cristãos.
Paulo de Tarso não se contava entre os
apóstolos originais, ele era um judeu fariseu que perseguiu inicialmente os
primeiros cristãos. No entanto, ele tornou-se depois um cristão e um dos seus
maiores, senão o maior missionário depois de Jesus Cristo. Boa parte do Novo
Testamento foi escrito ou por ele (as Epístolas paulinas) ou por seus
cooperadores (o evangelho de Lucas e os actos dos apóstolos). Paulo afirmou que
a salvação dependia da fé em Cristo. Entre 44 e 58 ele fez três grandes viagens
missionárias que levaram a nova doutrina aos gentios e judeus da Ásia Menor e
de vários pontos da Europa, entre eles Roma.
Nas primeiras comunidades cristãs a
coabitação entre os cristãos oriundos do paganismo e os oriundos do judaísmo
gerava por vezes conflitos. Alguns dos últimos permaneciam fiéis às restrições
alimentares e recusavam-se a sentar-se à mesa com os primeiros. Na Assembleia
de Jerusalém (Concílio de Jerusalém), em 48, decide-se que os cristãos
ex-pagãos não serão sujeitos à circuncisão (veja Controvérsia da circuncisão),
mas para se sentarem à mesa com os cristãos de origem judaica devem abster-se
de comer carne com sangue ou carne sacrificada aos ídolos. Consagra-se assim a
primeira ruptura com o judaísmo.
Na época, a visão de mundo monoteísta do
judaísmo era atrativa para alguns dos cidadãos do mundo romano, mas costumes
como a circuncisão, as regras de alimentação incômodas, e a forte identificação
dos judeus como um grupo étnico (e não apenas religioso) funcionavam como
barreiras dificultando a conversão dos homens. Através da influência de Paulo,
o cristianismo simplificou os costumes judaicos aos quais os gentios não se
habituavam enquanto manteve os motivos de atração. Alguns autores defendem que
essa mudança pode ter sido um dos grandes motivos da rápida expansão do
cristianismo (ver: Paulinismo).
Outros autores entendem a ruptura com os
ritos judaicos mais como uma consequência da expansão do cristianismo entre os
não-judeus do que como sua causa. Estes invocam outros fatores e
características como causa da expansão cristã, por exemplo: a natureza da fé
cristã que propõe que a mensagem de Deus destina-se a toda a humanidade e não
apenas ao seu povo escolhido; a fuga da perseguição religiosa empreendida
inicialmente por judeus conservadores, e posteriormente pelo Estado Romano; o
espírito missionário dos primeiros cristãos com sua determinação em divulgar o
que Cristo havia ensinado a tantas pessoas quantas conseguissem.
A narrativa da perseguição religiosa, da
dispersão dela decorrente, da expansão do cristianismo entre não-judeus e da
subsequente abolição da obrigatoriedade dos ritos judaicos pode ser lida no
livro de Atos dos Apóstolos. De resto, os cristãos adotam as regras e os
princípios do Antigo Testamento, livro sagrado dos Judeus.
Em Junho do ano 66 inicia-se a revolta
judaica. Em Setembro do mesmo ano a comunidade cristã de Jerusalém decide
separar-se dos judeus insurrectos, seguindo a advertência dada por Jesus de que
quando Jerusalém fosse cercada por exércitos a desolação dela estaria próxima,
e exila-se em Pela, na Transjordânia, o que representa o segundo momento de
ruptura com o judaísmo.
Após a derrota dos judeus em 70, cristãos
e outros grupos judeus trilham caminhos cada vez mais separados. Para o
cristianismo o período que se abre em 70 e que segue até aproximadamente 135
caracteriza-se pela definição da moral e fé cristã, bem como de organização da
hierarquia e da liturgia. No Oriente, estabelece-se o episcopado monárquico: a
comunidade é chefiada por um bispo, rodeado pelo seu presbitério e assistido
por diáconos.
Popularização e consolidação no Império Romano
Gradualmente, o sucesso do cristianismo
junto das elites romanas fez deste um rival da religião estabelecida. Embora
desde 64, quando Nero mandou supliciar os cristãos de Roma, se tivessem
verificado perseguições ao cristianismo, estas eram irregulares. As
perseguições organizadas contra os cristãos surgem a partir do século II: em
112 Trajano fixa o procedimento contra os cristãos. Para além de Trajano, as
principais perseguições foram ordenadas pelos imperadores Marco Aurélio, Décio,
Valeriano e Diocleciano. Os cristãos eram acusados de superstição e de ódio ao
gênero humano. Se fossem cidadãos romanos eram decapitados; se não, podiam ser
atirados às feras ou enviados para trabalhar nas minas.
Durante a segunda metade do século II
assiste-se também ao desenvolvimento das primeiras heresias. Tatiano, um
cristão de origem síria convertido em Roma, cria uma seita gnóstica que reprova
o casamento e que celebrava a eucaristia com água em vez de vinho. Marcião
rejeitava o Antigo Testamento, opondo o Deus vingador dos judeus, ao Deus
bondoso do Novo Testamento, apresentado por Cristo; ele elaborou um Livro
Sagrado, o Evangelho de Marcião, feito a partir de passagens retiradas do
Evangelho de Lucas e das epístolas paulinas. À medida que o cristianismo criava
raízes mais fortes na parte ocidental do Império Romano, o latim passa a ser
usado como língua sagrada (nas comunidades do Oriente usava-se o grego).
Durante o século III, com o relaxamento
da intolerância aos cristãos, a Igreja havia conseguido muitos donativos e bens.
Porém com o fortalecimento da perseguição pelo imperador Diocleciano, esses
bens foram confiscados. Posteriormente com a derrota de Diocleciano e a
ascensão do imperador romano Constantino, o cristianismo foi legalizado pelo
Édito de Milão de 313, e os bens da Igreja devolvidos.
A questão da conversão de Constantino ao
Cristianismo é um tema de profundo debate entre os historiadores, mas em geral
aceita-se que a sua conversão ocorreu gradualmente. Como maneira de fazer
penitência, Constantino ordenou a construção de diversas basílicas e outros templos
e as doou à Igreja. Dentre elas, uma basílica em Roma no local onde, segundo a
Tradição, o apóstolo Pedro estava sepultado e, influenciado pela sua mãe, a
imperatriz Helena, ordena a construção em Jerusalém da Basílica do Santo
Sepulcro e da Basílica da Natividade em Belém.
Para evitar mais divisões na Igreja,
Constantino convocou o Primeiro Concílio de Niceia em 325, onde se definiu o
Credo Niceno, uma manifestação mínima da crença partilhada pelos bispos
cristãos. Mais tarde, nos anos de 391 e 392, o imperador Teodósio I combate o
paganismo, proibindo o seu culto e proclamando o cristianismo religião oficial
do Império Romano.
Idade média
O lado ocidental do Império cairia em
476, ano da deposição do último imperador romano pelo "bárbaro"
germânico Odoacro, mas o cristianismo permaneceria triunfante em grande parte
da Europa, até porque alguns bárbaros já estavam convertidos ao cristianismo ou
viriam a converter-se nas décadas seguintes. O Império Romano teve desta forma
um papel instrumental na expansão do cristianismo.
Do mesmo modo, o cristianismo teve um
papel proeminente na manutenção da civilização europeia. A Igreja, única
organização que não se desintegrou no processo de dissolução da parte ocidental
do império, começou lentamente a tomar o lugar das instituições romanas
ocidentais, chegando mesmo a negociar a segurança de Roma durante as invasões
do século V. A Igreja também manteve o que restou de força intelectual,
especialmente através da vida monástica.
Embora fosse unida linguisticamente, a
parte ocidental do Império Romano jamais obtivera a mesma coesão da parte
oriental (grega). Havia nele um grande número de culturas diferentes que haviam
sido assimiladas apenas de maneira incompleta pela cultura romana. Mas enquanto
os bárbaros invadiam, muitos passaram a comungar da fé cristã. Por volta dos
séculos IV e X, todo o território que antes pertencera ao ocidente romano havia
se convertido ao cristianismo e era liderado pelo Papa. Missionários cristãos
avançaram ainda mais ao norte da Europa, chegando a terras jamais conquistadas
por Roma, obtendo a integração definitiva dos povos germânicos e eslavos.
Em 1095, sob o pontificado de Urbano II,
as Cruzadas foram lançadas. Estas foram uma série de campanhas militares na
Terra Santa e em outros lugares, iniciadas em resposta aos apelos do imperador
bizantino Aleixo I Comneno contra a expansão turca. As Cruzadas acabaram
fracassando em abafar a agressão islâmica e até mesmo contribuiu para a inimizade
cristã com o saque de Constantinopla durante a Quarta Cruzada.
Durante um período que se estende do
século VII ao XIII, a igreja cristã passou por uma alienação gradual,
resultando em um cisma que dividiu o cristianismo em um ramo chamado latino ou
ocidental, a Igreja Católica Romana, e um ramo oriental, em grande parte grego,
a Igreja Ortodoxa. Estas duas igrejas discordam sobre uma série de processos e
questões administrativas, litúrgicas e doutrinais, principalmente a primazia da
jurisdição papal. O Segundo Concílio de Lyon (1274) e o Concílio de Florença
(1439) tentaram reunir as igrejas, mas em ambos os casos, os ortodoxos
orientais se recusaram a implementar as decisões e as duas principais igrejas
permanecem em cisma até os dias atuais. No entanto, a Igreja Católica Romana
tem alcançado união com várias pequenas igrejas orientais.
Começando por volta de 1184, após a
cruzada contra a heresia dos cátaros, várias instituições, amplamente referidas
como a Inquisição, foram estabelecidas com o objetivo de suprimir a heresia e
assegurar a unidade religiosa e doutrinária dentro do cristianismo através da
conversão e repressão.
Reforma Protestante e Contra-reforma
O Renascimento do século XV trouxe um
renovado interesse em estudos antigos e clássicos. Outra grande cisma, a
Reforma, resultou na divisão da cristandade ocidental em várias denominações
cristãs. Em 1517, Martinho Lutero protestou contra a venda de indulgências e
logo passou a negar vários pontos-chave da doutrina católica romana. Outros,
como Zwingli e Calvino ainda criticaram o ensino católico romano e adoração.
Estes desafios desenvolveram no movimento chamado de protestantismo, que
repudiou o primado do papa, o papel da Tradição, os sete sacramentos e outras
doutrinas e práticas. A Reforma na Inglaterra começou em 1534, quando o Rei
Henrique VIII tinha se declarado chefe da Igreja da Inglaterra. No início em
1536, os mosteiros por toda a Inglaterra, País de Gales e Irlanda foram
dissolvidos.
Em parte como resposta à Reforma
Protestante, a Igreja Católica Romana engajou-se em um processo significativo
de reforma e renovação, conhecido como Contra-reforma ou Reforma Católica. O
Concílio de Trento reafirmou e clarificou a doutrina católica romana. Durante
os séculos seguintes, a concorrência entre o catolicismo romano e o
protestantismo tornou-se profundamente envolvida com as lutas políticas entre
os Estados europeus.
Enquanto isso, a descoberta da América
por Cristóvão Colombo em 1492 provocou uma nova onda de atividade missionária.
Em parte de zelo missionário, mas sob o impulso da expansão colonial pelas
potências européias, o cristianismo se espalhou para as Américas, Oceania, Ásia
Oriental e África Subsaariana.
Em toda a Europa, as divisões causadas
pela Reforma levou a surtos de violência religiosa e o estabelecimento de
igrejas separadas do Estado na Europa Ocidental: o luteranismo em partes da
Alemanha e na Escandinávia e o anglicanismo na Inglaterra em 1534. Em última
instância, essas diferenças levaram à eclosão de conflitos em que a religião
desempenhou um papel chave. A Guerra dos Trinta Anos, a Guerra Civil Inglesa e
as Guerras religiosas na França são exemplos proeminentes. Estes eventos intensificaram
o debate sobre a perseguição cristã e tolerância religiosa.
Pós-iluminismo
Na era conhecida como a Grande
Divergência, quando no ocidente o Iluminismo e a revolução científica trouxeram
grandes mudanças sociais, o cristianismo foi confrontado com várias formas de
ceticismo e com certas ideologias políticas modernas, como as versões do
socialismo e do liberalismo. Nessa época, eventos que variaram do mero
anticlericalismo à explosões de violência contra o cristianismo, como a
descristianização durante a Revolução Francesa, a Guerra Civil Espanhola, e a
hostilidade geral dos movimentos marxistas, especialmente da Revolução Russa de
1917 (ver: Ateísmo Marxista-leninista).
Especialmente premente na Europa foi a
formação dos Estados-nação após a era napoleônica. Em todos os países europeus,
diferentes denominações cristãs encontraram-se em competição, em maior ou menor
grau, umas com as outras e com o Estado. Variáveis são os tamanhos relativos
das denominações e da orientação religiosa, política e ideológica do Estado.
Urs Altermatt da Universidade de Friburgo, olhando especificamente para o
catolicismo na Europa, identifica quatro modelos para as nações européias. Em
países tradicionalmente católicos, como Bélgica, Espanha, e até certo ponto a
Áustria, comunidades religiosas e nacionais são mais ou menos idênticas. A
simbiose cultural e a separação são encontradas na Polônia, Irlanda e Suíça,
todos os países com denominações concorrentes. A competição é encontrada na
Alemanha, nos Países Baixos e novamente na Suíça, todos os países com
populações minoritárias católicas que, em maior ou menor grau, se identificam
com a nação. Finalmente, a separação entre a religião (mais uma vez,
especificamente o catolicismo) e do Estado é encontrada em grande parte na
França e Itália, países onde o Estado se opôs-se à autoridade da Igreja
Católica. Os fatores combinados da formação de Estados-nação e do
ultramontanismo, especialmente na Alemanha e nos Países Baixos, mas também na
Inglaterra (em uma escala muito menor ), muitas vezes forçou as igrejas
católicas, organizações, e crentes a escolher entre as demandas nacionais do
Estado e da autoridade da Igreja, especificamente o papado. Este conflito veio
à tona no Concílio Vaticano I e na Alemanha levaria diretamente ao Kulturkampf,
onde os liberais e os protestantes sob a liderança de Bismarck conseguiram
restringir severamente expressão e organização católica.
O compromisso cristão na Europa caiu com
a modernidade e o secularismo entrou na Europa Ocidental, embora os
compromissos religiosos na América têm sido geralmente altos em comparação com
a Europa Ocidental. O final do século XX demonstrou a mudança de aderência
cristã para os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento e do hemisfério sul
em geral, sendo a civilização ocidental não mais a portadora do padrão do
cristianismo.
Alguns europeus (incluindo a diáspora),
os povos indígenas das Américas e os nativos de outros continentes, reavivaram
as suas respectivas religiões folclóricas do seus povos (ver: Neopaganismo).
Cerca de 7,1 a 10% dos árabes são cristãos, sendo mais prevalentes no Egito,
Síria e Líbano.
Demografia
Com cerca de 2,3 bilhões de adeptos, dividida
em três ramos principais de católicos, protestantes e ortodoxos, o cristianismo
é a maior religião do mundo. A parte cristã da população mundial representa
cerca de 33% da humanidade nos últimos cem anos, o que significa que uma em
cada três pessoas no mundo são cristãs. Isso mascara uma grande mudança na
demografia do cristianismo; grandes aumentos no mundo em desenvolvimento (cerca
de 23.000 por dia) têm sido acompanhados por reduções substanciais no mundo
desenvolvido, principalmente na Europa e América do Norte (cerca de 7.600 por
dia). O cristianismo ainda é a religião predominante na Europa, Américas e
África Austral. Na Ásia, é a religião dominante na Geórgia, Armênia,
Timor-Leste e Filipinas. No entanto, ele está em declínio em muitas áreas,
incluindo o norte e o oeste dos Estados Unidos, Oceania (Austrália e Nova
Zelândia), no norte da Europa (incluindo o Reino Unido, Escandinávia e outros
lugares), França, Alemanha, as províncias canadenses de Ontário, Colúmbia
Britânica e Quebec, e partes da Ásia (especialmente no Oriente Médio, Coréia do
Sul, Taiwan, e Macau ). A população cristã não está diminuindo no Brasil, no
sul dos Estados Unidos e na província de Alberta, no Canadá, mas o percentual
está diminuindo. Em países como a Austrália e a Nova Zelândia, a população
cristã está em declínio tanto em números quanto em percentual.
No entanto, há muitos movimentos
carismáticos que se tornaram bem estabelecidos em grandes partes do mundo,
especialmente na África, América Latina e Ásia. O líder muçulmano da Arábia
Saudita, Sheikh Ahmad al Qatanni, informou para a Aljazeera que todos os dias
16.000 muçulmanos africanos se convertem ao cristianismo. Ele alegou que o islã
estava perdendo 6 milhões de muçulmanos africanos que tornam-se cristãos por
ano, incluindo os muçulmanos na Argélia, França, Índia, Marrocos, Rússia e na
Turquia. Também é relatado que o cristianismo é popular entre pessoas de
diferentes origens na Índia (hindus principalmente), Malásia, Mongólia, Nigéria, Coréia do Norte e
Vietnã.
Na maioria dos países desenvolvidos a
frequência à igreja do mundo entre as pessoas que continuam a identificar-se
como cristãs vem caindo ao longo das últimas décadas. Algumas fontes visualizam
isto simplesmente como parte de um distanciamento dos membros das instituições
tradicionais, enquanto outros apontam para sinais de um declínio na crença e na
importância da religião em geral.
O cristianismo, de uma forma ou de outra,
é a única religião estatal das nações seguintes: Costa Rica (católica romana),
Dinamarca (luterana evangélica), El Salvador (Católica Romana), Inglaterra
(anglicana), Finlândia (Evangélica Luterana e Ortodoxa), Georgia (Igreja
Ortodoxa da Geórgia), Grécia (Igreja Ortodoxa Grega), Islândia (Luterana
Evangélica), Liechtenstein (Católica Romana), Malta (Católica Romana), Mônaco
(Católica Romana), Noruega (Luterana Evangélica), e Vaticano (católica romana).
Existem inúmeros outros países, como o
Chipre, que apesar de não ter uma igreja estabelecida, continuam a dar
reconhecimento oficial a uma denominação cristã específica.
Denominações
As três divisões principais do cristianismo
são o catolicismo, a ortodoxia e o protestantismo: Existem outros grupos
cristãos que não se encaixam perfeitamente em uma destas categorias primárias.
O Credo Niceno é "aceito como autorizado pela Igreja Católica Romana,
Ortodoxa, Anglicana e as principais igrejas protestantes." Há uma
diversidade de doutrinas e práticas entre os grupos que se autodenominam
cristãos. Estes grupos são por vezes classificados sob denominações, embora por
razões teológicas muitos grupos rejeitam este sistema de classificação. Outra
distinção que às vezes é traçada é entre o cristianismo oriental e o
cristianismo ocidental.
Catolicismo
A Igreja Católica compreende as igrejas
particulares, liderada por bispos, em comunhão com o Papa, o Bispo de Roma,
como sua mais alta autoridade em matéria de moral, fé e governança da Igreja. Como
a Igreja Ortodoxa, o Igreja Católica Romana, através da sucessão apostólica,
traça suas origens à comunidade cristã fundada por Jesus Cristo. Os católicos defendem que o "una, santa,
católica e apostólica" fundada por Jesus subsiste plenamente na Igreja
Católica Romana, mas também reconhece outras igrejas e comunidades cristãs e
trabalha no sentido da reconciliação entre todos os cristãos. A fé católica é
detalhada no catecismo da Igreja Católica.
As 2.782 sé episcopais são agrupadas em
23 ritos particulares, sendo o maior do rito latino, cada um com tradições
distintas em relação à liturgia e à administração dos sacramentos. Com mais de
1,1 bilhão de membros batizados, a Igreja Católica é a maior igreja cristã,
representando mais da metade de todos os cristãos e um sexto da população
mundial.
Várias comunidades menores, como o Velha
Igreja Católica e as Igrejas Católicas Independentes, incluem a palavra
católica em seu título e têm muito em comum com o catolicismo romano, mas já
não estão em comunhão com a Sé de Roma. A Igreja Católica Velha está em
comunhão com a Comunhão Anglicana.
Ortodoxia
A Ortodoxia Oriental compreende as
igrejas em comunhão com a Sé Patriarcal do Oriente, como o Patriarcado Ecumênico
de Constantinopla. Como a Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Oriental
também tem sua herança à fundação do cristianismo através da sucessão
apostólica e tem uma estrutura episcopal, embora a autonomia do indivíduo,
principalmente nas igrejas nacionais, seja enfatizada. Uma série de conflitos
com o cristianismo ocidental sobre questões de doutrina e autoridade culminou
com o Grande Cisma. A Ortodoxia Oriental é a segunda maior denominação única no
Cristianismo, com mais de 200 milhões de adeptos.
As Igrejas Ortodoxas Orientais (também
chamado de Igrejas Orientais Velhas) são aquelas igrejas orientais que
reconhecem os três primeiros concílios ecumênicos - Niceia, Constantinopla e
Éfeso - mas rejeitam a definições dogmáticas do Concílio de Calcedônia e
defendem uma cristologia miafisista. A comunhão das Igrejas Ortodoxas Orientais
é composta por seis grupos: a Igreja Ortodoxa Síria, Igreja Ortodoxa Copta,
Igreja Ortodoxa Etíope, Igreja Ortodoxa da Eritréia, Igreja Ortodoxa Malankara
(Índia) e a Igreja Apostólica Armênia. Estas seis igrejas, enquanto estão em
comunhão umas com as outras são completamente independentes hierarquicamente.
Essas igrejas geralmente não estão em comunhão com as Igrejas Ortodoxas
Orientais com quem elas estão em diálogo para um retorno à unidade.
Protestantismo
No século XVI, Martinho Lutero, Ulrico
Zuínglio e João Calvino inauguraram o que veio a ser chamado de protestantismo.
Os herdeiros teológicos primários de Lutero são conhecidos como luteranos. Os herdeiros
de Zwingli e Calvino são muito mais amplas denominalmente e são amplamente
referidos como a Tradição Reformada. A maioria das tradições protestantes se
ramificam a partir da Tradição Reformada, de alguma forma. Além dos ramos
luteranos e reformados da Reforma, há o anglicanismo após a Reforma Inglesa. A
tradição anabatista foi amplamente condenada ao ostracismo por parte dos outros
protestantes na época, mas conseguiu uma medida de afirmação na história mais
recente. Alguns, mas não a maioria dos batistas preferem não ser chamados de
protestantes, alegando uma linha direta ancestral que remonta aos apóstolos, no
século I.
Os mais antigos grupos protestantes se
separaram da Igreja Católica no século XVI durante a Reforma Protestante,
seguido em muitos casos, por novas divisões. Por exemplo, a Igreja Metodista
surgiu do ministro anglicano John Wesley e do movimento evangélico de renovação
na Igreja Anglicana. Várias igrejas pentecostais e não-denominacionais, que
enfatizam o poder purificador do Espírito Santo, por sua vez, cresceram a
partir da Igreja Metodista. Devido ao fato de que metodistas, pentecostais,
evangélicos e outros enfatizarem que "aceitam Jesus como seu Senhor e
Salvador pessoal", o que vem da ênfase de John Wesley no Novo Nascimento,
muitas vezes eles se referem a si mesmos como pessoas nascidas de novo.
As estimativas do número total de
protestantes são muito incertas, em parte devido à dificuldade em determinar
quais as denominações devem ser colocadas nesta categoria, mas parece claro que
o protestantismo é o segundo maior grande grupo de cristãos após o catolicismo
em número de seguidores (embora o Igreja Ortodoxa é maior do que qualquer denominação
protestante única).
Um grupo especial são as igrejas
anglicanas descendentes da Igreja da Inglaterra e que organizaram na Comunhão
Anglicana. Algumas igrejas anglicanas se consideram tanto protestantes quanto
católicas. Alguns anglicanos consideram sua igreja um ramo da "Santa
Igreja Católica" ao lado da Igreja Católica Romana e das Igrejas Ortodoxas
Orientais, um conceito rejeitado pela Igreja Católica Romana e algumas
Ortodoxas Orientais.
Alguns grupos de indivíduos que possuem
princípios básicos protestantes se identificam simplesmente como
"cristãos" ou "cristãos renascidos". Eles normalmente se
distanciam da confessionalismo de outras comunidades cristãs, chamando a si
mesmos de "não-confessionais". Muitas vezes fundada por pastores
individuais, eles têm pouca afiliação com denominações históricas.
Antitrinitarismo
O antitrinitarismo inclui todos os
sistemas de crença cristã de que rejeitam, total ou parcialmente, a doutrina da
Trindade, isto é, o ensinamento de que Deus é três hipóstases distintas e ainda
coeternamente iguais e que estão indissoluvelmente unidas em uma essência. Na
antiguidade, esporadicamente, na Idade Média, e novamente após a Reforma e até
hoje, existiram pontos de vista diferentes sobre a divindade dos da Trindade e
da cristologia tradicionais. Embora diversas, essas visões podem ser geralmente
classificadas nos que mantêm Cristo apenas divino e não diferindo-o do Pai,
aqueles que detêm Cristo como um Deus menor do que o Pai; em outras formas de
ser completamente humano e um mensageiro como o humano criado perfeito.
Outros
O cristianismo esotérico é um termo que
se refere a um conjunto de correntes espirituais que consideram o cristianismo
como uma religião de mistério, e professam a existência e a posse de certas
doutrinas esotéricas ou práticas, escondidos do público mas acessível apenas a
um círculo restrito de "iluminados", "iniciados", ou pessoas
altamente educadas. Uma característica comum em especial estas denominações
místicas é a crença na reencarnação. Alguns dos cristãos esotéricos
instituições incluem a Fraternidade Rosa Cruz, a Sociedade Antroposófica e o
Martinismo.
O Segundo Grande Despertar, um período de
renascimento religioso que ocorreu nos Estados Unidos durante o início dos anos
1800, viu o desenvolvimento de um número de igrejas independentes. Elas
geralmente se viam como a restauração da igreja original de Jesus Cristo, em
vez de reformar uma das igrejas existentes. A crença ordinária detida pelos
restauradores era que as outras divisões do cristianismo tinha introduzido
defeitos doutrinários no cristianismo, que era conhecido como a Grande
Apostasia (ver: Constantinismo e Reviravolta de Constantino)
Algumas das igrejas que tiveram origem
durante este período são historicamente ligadas à reuniões em acampamento no
centro-oeste e norte de Nova York no início de século XIX. O milenarismo e o
adventismo estadunidenses, que surgiu do protestantismo evangélico, influenciou
o movimento das Testemunhas de Jeová (com 7 milhões de membros), e, como uma
reação especificamente para William Miller, os Adventistas do Sétimo Dia.
Outros, incluindo os Discípulos de Cristo e as Igrejas de Cristo, têm suas
raízes no Movimento da Restauração contemporânea de Stone-Campbell, que foi
centrada em Kentucky e no Tennessee. Outros grupos originários deste período
incluem o cristadelfianos e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, a maior denominação do movimento Santo dos Últimos Dias, com mais de 15
milhões de membros. Enquanto as igrejas originários do Segunda Grande Despertar
têm algumas semelhanças superficiais, sua doutrina e as práticas variam
significativamente.
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