Introdução
Se o mundo é um cemitério de línguas, também é uma necrópole
de religiões. Ao longo dos séculos, a globalização do comércio e a mistura de
crenças condenaram inúmeras religiões que se acreditava que estavam solidamente
estabelecidas ou que pareciam ter um futuro promissor. Enquanto Mithra
desapareceu, o culto a Jesus prosperou; se os deuses do Egito não resistiram à
conquista do Islã, o deus de Israel sobreviveu a todas as perseguições; e se
Brahma tem um único templo em toda a Índia, Shiva e Vishnu possuem milhares.
Existem muitas teorias sobre a origem da religião, porém, com
uma certeza: criar deuses é algo que os homens sempre fizeram. Em cada período
histórico e cultural, novas concepções acerca de Deus surgiram, mas a fé em um
ser sagrado prevaleceu em quase todas as culturas. Cada uma a seu modo, todas
as religiões exaltam valores como compaixão, fraternidade e honestidade, ao
mesmo tempo em que expõem as fragilidades e contradições da natureza humana.
Dos diversos conflitos que marcam as disputas religiosas no mundo à reafirmação
da pluralidade de crenças. A religião é algo que influencia e domina a vida das
pessoas desde tempos imemoriais, ela é a própria cultura, e individualidade de
cada povo, apesar de desprezadas por muitos na sociedade moderna, muitos outros
as levam a sério, por isso todos deveriam saber sobre a história das religiões,
para entender o mundo, e as varias culturas.
É importante saber sobre a história de cada religião, para
compreender como esse mundo veio a se tornar como é atualmente, as religiões
foram, em muitas ocasiões a razão, e o incentivador de grandes migrações e
realocamento de populações inteiras, por toda a historia. Também é fato que as
pessoas geralmente não sabem sobre a historia das religiões de outros povos,
geralmente as pessoas pertencente a uma religião, ignora completamente as
outras, e é isso que garante a alienação, conflitos, e desentendimentos de toda
ordem.
História
das religiões
A História das Religiões é uma ciência
humana para o estudo das religiões, ou melhor conjuntos de práticas e crenças,
ritos e mitos. Essa disciplina fez sua aparição em universidades oficiais, na
segunda metade do século XIX, no desenvolvimento das idéias seculares , o
debate sobre a separação entre a Igreja e o Estado e do desenvolvimento das
ciências sociais.
Definição
A história das religiões aborda o
fenômeno religioso a partir de uma postura não-denominacional, em uma
perspectiva histórica, antropológica, mas também, no tempo e no espaço. É neste
contexto, estreitamente ligado a outras disciplinas das ciências sociais, a
começar com a etnologia, história e filologia. Disciplinas como irmãs, a
história das religiões é uma ciência de observação baseada na análise dos
dados, bem como a comparação.
Esta disciplina também possui outros
nomes, como Ciências da Religião, que vem do alemão Religionswissenschaft,
primeiro um conceito cunhado por Friedrich Max Müller, um famoso orientalista,
mitologista e estudioso das tradições indo-europeias do século XIX. Na altura,
o estudo das religiões parece estar enraizada na romântica romântico. Também
encontra-se muitas vezes o termo estudo comparativo das religiões, sobretudo no
mundo de fala inglesa.
História
O exercício da história das religiões tem
sido sempre comparativo. Em tempos antigos, já desde Heródoto, a civilização
grega observava costumes e tradições dos outros povos (os egípcios, persas,
judeus). Plutarco, no primeiro século de nossa era, escreveu uma série de obras
que poderiam ser chamados mitologia comparativa. Posteriormente, os Padres da
Igreja, que irão comparar as diferentes religiões (e para forjar o conceito de
paganismo) para explicar o surgimento e a superioridade do Cristianismo.
Trata-se dos conceitos descritos neste quadro feito pelos Padres da Igreja (por
exemplo, Daylight, imitação ou mal), que servirá para explicar, após a
descoberta do novo mundo, o estranho hábito dos índios de se reunir e que se
assemelham aos dos pagãos antes do Cristianismo. A comparação será, então,
realizada em três níveis [carece de fontes]: o Velho, e os selvagens. Assim, a
"História apologética" do dominicano Bartolomeu de las Casas (século
XVI) e "As formas hábitos silvestres dos americanos, em comparação com os
primeiros dias", do jesuíta Joseph François Lafitau (século XVIII).
Estamos ainda em uma apologética. A história das religiões está crescendo a
partir do lado do Cristianismo em relação a outras religiões.
No século XIX, no final do processo
lançado pela deconfessionalização dos filósofos do Iluminismo, a história da
religião vai lentamente se tornar uma verdadeira disciplina científica, livre
do jugo da religião, justamente, a fim de melhorar o objeto de estudo. A
história das religiões é diferente, em primeiro lugar, das disciplinas
teológicas, mesmo que cresça também uma profunda revisão das tradições. Será
marcada pela Estudos Orientais e da Pré-História, com Riane Eisler, Margaret
Mead, Marija Gimbutas, a descoberta do sânscrito, crítica bíblica (Ernest Renan),
a religião pagã (babilônica, egípcia, grega, romana), com Jane Ellen Harrison e
Mircea Eliade, mas também e sobretudo pela antropologia anglo-saxônica
(Robertson Smith, Edward Tylor, James George Frazer, Merlin Stone) e da escola
sociológica francesa (Emile Durkheim, Marcel Mauss, Henri Hubert).
No século XX, a história das religiões
será influenciada por abordagens psicológicas (Sigmund Freud, Carl Gustav Jung,
Karol Kérény, Melanie Klein), fenomenológica (Rudolf Otto, Mircea Eliade), ou a
figura da mitologia comparativa (Joseph Campbell, Georges Dumézil) ou em
antropologia social (Claude Lévi-Strauss).
Hoje em dia, muitas associações e
organizações incluem especialistas em diferentes campos da história das
religiões. Diferentes abordagens, a partir de uma escola para outra ainda são
praticadas, mas o exercício da comparação e perspectiva histórico-antropológica
são mais frequentemente requeridas [carece de fontes].
Ciência
da Religião
Ciência da religião é a área de
investigação sistemática que tem, como base, uma estrutura multidisciplinar
formada a partir do enfoque ao fenômeno religioso por várias ciências, como a
sociologia, a filosofia, a antropologia, a história, a psicologia e a teologia.
Definição
Ciência da religião é a disciplina
empírica que investiga sistematicamente religião em todas as suas
manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o
ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a
"verdade" ou a "qualidade" de uma religião. Do ponto de
vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente
idênticos". É especificamente este princípio metateórico que distingue a
ciência da religião da teologia.
Objetivo
O objetivo da ciência da religião é fazer
um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais do mundo religioso,
bem como um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de religiões
particulares, uma identificação de seus contatos mútuos e a investigação de
suas inter-relações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de
fenômenos religiosos concretos, o material é exposto a uma análise comparada.
Isso leva a um entendimento das semelhanças e diferenças de religiões
singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O reconhecimento de
traços comuns entre as diferentes religiões, por parte do cientista da
religião, permite a definição de elementos que caracterizam universalmente o
fenômeno religioso, ou seja, como um fenômeno antropológico universal.
Precursores
O interesse pelo estudo das religiões
remonta a Hecateu de Mileto (546-480 a.C.) e Heródoto (485-420 a.C.). O orador
romano Cícero (106-43 a.C.) analisou, por sua vez, o fenômeno religioso em sua
obra "Sobre a natureza dos deuses" (De Natura Deorum), adotando uma
perspectiva mais filosófica que científica ao criticar o epicurismo.
Antes de a ciência da religião se tornar
um campo de estudo (como observado nos Estados Unidos, principalmente na década
de 1960), muitos intelectuais haviam explorado a religião sob várias
perspectivas. Um deles foi o famoso psicólogo e filósofo pragmático William
James. Dentre suas publicações, destaca-se "Variedades da Experiência
Religiosa" (1902), na qual examina a religião sob o ponto de vista
psicológico e filosófico e cuja influência perdura até os dias de hoje. Em seu
ensaio The will believe and other essays in popular philosophy (1897), William
James defende a racionalidade da fé.
O sociólogo e economista Max Weber
estudou a religião sob a perspectiva socioeconômica em seu famoso ensaio
"A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1904-1906),
considerada por muitos como a obra mais importante do século XX.
Émile Durkheim, considerado o pai da
sociologia moderna, publicou, em 1912, uma das mais importantes análises da
religião como fenômeno social em sua obra "As formas elementares da vida
religiosa".
Estrutura Curricular
A ciência da religião é tradicionalmente
subdividida entre Religiões Comparadas ou Ciência da Religião Sistemática, e
História das Religiões ou Ciência da Religião Empírica, desde a proposta de
Joachim Wach em 1924. Mais recentemente, nas últimas três décadas, surgiu o que
pode ser considerado uma terceira subdisciplina: a Ciência da Religião Aplicada
ou Ciência Prática da Religião, que busca pensar contribuições mais pragmáticas
e diretas à toda sociedade, como em política cultura e internacional, ou na
educação (ensino religioso laico). Em termos de pesquisa, apresenta uma
estrutura multidisciplinar, em que metodologias e teorias de outros ramos da
Ciências Humanas e Sociais são emprestadas para instrumentalizar o estudo. A
história das religiões, a sociologia da religião e a psicologia da religião são
as mais referidas. Mas há outras, como, por exemplo, as neurociências, a
economia da religião e a geografia da religião, uma matéria que atualmente
ganha força na Universidade de Tübingen, na Alemanha.
Ciências da religião no Brasil
No Brasil, na área da ciência da
religião, são, frequentemente, citados as teorias e os resultados da etnologia
e da antropologia. A maioria dos programas acadêmicos na área são oferecidos
por universidades com afiliação religiosa. Na estrutura educacional brasileira
da educação básica, não é ensinada a disciplina ciências da religião, porém a
educação religiosa é um componente do ensino fundamental que contempla elementos
das ciências da religião.
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