quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

História das Religiões - Introdução


Introdução

Se o mundo é um cemitério de línguas, também é uma necrópole de religiões. Ao longo dos séculos, a globalização do comércio e a mistura de crenças condenaram inúmeras religiões que se acreditava que estavam solidamente estabelecidas ou que pareciam ter um futuro promissor. Enquanto Mithra desapareceu, o culto a Jesus prosperou; se os deuses do Egito não resistiram à conquista do Islã, o deus de Israel sobreviveu a todas as perseguições; e se Brahma tem um único templo em toda a Índia, Shiva e Vishnu possuem milhares.

Existem muitas teorias sobre a origem da religião, porém, com uma certeza: criar deuses é algo que os homens sempre fizeram. Em cada período histórico e cultural, novas concepções acerca de Deus surgiram, mas a fé em um ser sagrado prevaleceu em quase todas as culturas. Cada uma a seu modo, todas as religiões exaltam valores como compaixão, fraternidade e honestidade, ao mesmo tempo em que expõem as fragilidades e contradições da natureza humana. Dos diversos conflitos que marcam as disputas religiosas no mundo à reafirmação da pluralidade de crenças. A religião é algo que influencia e domina a vida das pessoas desde tempos imemoriais, ela é a própria cultura, e individualidade de cada povo, apesar de desprezadas por muitos na sociedade moderna, muitos outros as levam a sério, por isso todos deveriam saber sobre a história das religiões, para entender o mundo, e as varias culturas.

É importante saber sobre a história de cada religião, para compreender como esse mundo veio a se tornar como é atualmente, as religiões foram, em muitas ocasiões a razão, e o incentivador de grandes migrações e realocamento de populações inteiras, por toda a historia. Também é fato que as pessoas geralmente não sabem sobre a historia das religiões de outros povos, geralmente as pessoas pertencente a uma religião, ignora completamente as outras, e é isso que garante a alienação, conflitos, e desentendimentos de toda ordem.

História das religiões

A História das Religiões é uma ciência humana para o estudo das religiões, ou melhor conjuntos de práticas e crenças, ritos e mitos. Essa disciplina fez sua aparição em universidades oficiais, na segunda metade do século XIX, no desenvolvimento das idéias seculares , o debate sobre a separação entre a Igreja e o Estado e do desenvolvimento das ciências sociais.

Definição

A história das religiões aborda o fenômeno religioso a partir de uma postura não-denominacional, em uma perspectiva histórica, antropológica, mas também, no tempo e no espaço. É neste contexto, estreitamente ligado a outras disciplinas das ciências sociais, a começar com a etnologia, história e filologia. Disciplinas como irmãs, a história das religiões é uma ciência de observação baseada na análise dos dados, bem como a comparação.

Esta disciplina também possui outros nomes, como Ciências da Religião, que vem do alemão Religionswissenschaft, primeiro um conceito cunhado por Friedrich Max Müller, um famoso orientalista, mitologista e estudioso das tradições indo-europeias do século XIX. Na altura, o estudo das religiões parece estar enraizada na romântica romântico. Também encontra-se muitas vezes o termo estudo comparativo das religiões, sobretudo no mundo de fala inglesa.

História

O exercício da história das religiões tem sido sempre comparativo. Em tempos antigos, já desde Heródoto, a civilização grega observava costumes e tradições dos outros povos (os egípcios, persas, judeus). Plutarco, no primeiro século de nossa era, escreveu uma série de obras que poderiam ser chamados mitologia comparativa. Posteriormente, os Padres da Igreja, que irão comparar as diferentes religiões (e para forjar o conceito de paganismo) para explicar o surgimento e a superioridade do Cristianismo. Trata-se dos conceitos descritos neste quadro feito pelos Padres da Igreja (por exemplo, Daylight, imitação ou mal), que servirá para explicar, após a descoberta do novo mundo, o estranho hábito dos índios de se reunir e que se assemelham aos dos pagãos antes do Cristianismo. A comparação será, então, realizada em três níveis [carece de fontes]: o Velho, e os selvagens. Assim, a "História apologética" do dominicano Bartolomeu de las Casas (século XVI) e "As formas hábitos silvestres dos americanos, em comparação com os primeiros dias", do jesuíta Joseph François Lafitau (século XVIII). Estamos ainda em uma apologética. A história das religiões está crescendo a partir do lado do Cristianismo em relação a outras religiões.

No século XIX, no final do processo lançado pela deconfessionalização dos filósofos do Iluminismo, a história da religião vai lentamente se tornar uma verdadeira disciplina científica, livre do jugo da religião, justamente, a fim de melhorar o objeto de estudo. A história das religiões é diferente, em primeiro lugar, das disciplinas teológicas, mesmo que cresça também uma profunda revisão das tradições. Será marcada pela Estudos Orientais e da Pré-História, com Riane Eisler, Margaret Mead, Marija Gimbutas, a descoberta do sânscrito, crítica bíblica (Ernest Renan), a religião pagã (babilônica, egípcia, grega, romana), com Jane Ellen Harrison e Mircea Eliade, mas também e sobretudo pela antropologia anglo-saxônica (Robertson Smith, Edward Tylor, James George Frazer, Merlin Stone) e da escola sociológica francesa (Emile Durkheim, Marcel Mauss, Henri Hubert).

No século XX, a história das religiões será influenciada por abordagens psicológicas (Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Karol Kérény, Melanie Klein), fenomenológica (Rudolf Otto, Mircea Eliade), ou a figura da mitologia comparativa (Joseph Campbell, Georges Dumézil) ou em antropologia social (Claude Lévi-Strauss).

Hoje em dia, muitas associações e organizações incluem especialistas em diferentes campos da história das religiões. Diferentes abordagens, a partir de uma escola para outra ainda são praticadas, mas o exercício da comparação e perspectiva histórico-antropológica são mais frequentemente requeridas [carece de fontes].

Ciência da Religião

Ciência da religião é a área de investigação sistemática que tem, como base, uma estrutura multidisciplinar formada a partir do enfoque ao fenômeno religioso por várias ciências, como a sociologia, a filosofia, a antropologia, a história, a psicologia e a teologia.

Definição

Ciência da religião é a disciplina empírica que investiga sistematicamente religião em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a "verdade" ou a "qualidade" de uma religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente idênticos". É especificamente este princípio metateórico que distingue a ciência da religião da teologia.

Objetivo

O objetivo da ciência da religião é fazer um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais do mundo religioso, bem como um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de religiões particulares, uma identificação de seus contatos mútuos e a investigação de suas inter-relações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de fenômenos religiosos concretos, o material é exposto a uma análise comparada. Isso leva a um entendimento das semelhanças e diferenças de religiões singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O reconhecimento de traços comuns entre as diferentes religiões, por parte do cientista da religião, permite a definição de elementos que caracterizam universalmente o fenômeno religioso, ou seja, como um fenômeno antropológico universal.

Precursores

O interesse pelo estudo das religiões remonta a Hecateu de Mileto (546-480 a.C.) e Heródoto (485-420 a.C.). O orador romano Cícero (106-43 a.C.) analisou, por sua vez, o fenômeno religioso em sua obra "Sobre a natureza dos deuses" (De Natura Deorum), adotando uma perspectiva mais filosófica que científica ao criticar o epicurismo.

Antes de a ciência da religião se tornar um campo de estudo (como observado nos Estados Unidos, principalmente na década de 1960), muitos intelectuais haviam explorado a religião sob várias perspectivas. Um deles foi o famoso psicólogo e filósofo pragmático William James. Dentre suas publicações, destaca-se "Variedades da Experiência Religiosa" (1902), na qual examina a religião sob o ponto de vista psicológico e filosófico e cuja influência perdura até os dias de hoje. Em seu ensaio The will believe and other essays in popular philosophy (1897), William James defende a racionalidade da fé.

O sociólogo e economista Max Weber estudou a religião sob a perspectiva socioeconômica em seu famoso ensaio "A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1904-1906), considerada por muitos como a obra mais importante do século XX.

Émile Durkheim, considerado o pai da sociologia moderna, publicou, em 1912, uma das mais importantes análises da religião como fenômeno social em sua obra "As formas elementares da vida religiosa".

Estrutura Curricular

A ciência da religião é tradicionalmente subdividida entre Religiões Comparadas ou Ciência da Religião Sistemática, e História das Religiões ou Ciência da Religião Empírica, desde a proposta de Joachim Wach em 1924. Mais recentemente, nas últimas três décadas, surgiu o que pode ser considerado uma terceira subdisciplina: a Ciência da Religião Aplicada ou Ciência Prática da Religião, que busca pensar contribuições mais pragmáticas e diretas à toda sociedade, como em política cultura e internacional, ou na educação (ensino religioso laico). Em termos de pesquisa, apresenta uma estrutura multidisciplinar, em que metodologias e teorias de outros ramos da Ciências Humanas e Sociais são emprestadas para instrumentalizar o estudo. A história das religiões, a sociologia da religião e a psicologia da religião são as mais referidas. Mas há outras, como, por exemplo, as neurociências, a economia da religião e a geografia da religião, uma matéria que atualmente ganha força na Universidade de Tübingen, na Alemanha.

Ciências da religião no Brasil

No Brasil, na área da ciência da religião, são, frequentemente, citados as teorias e os resultados da etnologia e da antropologia. A maioria dos programas acadêmicos na área são oferecidos por universidades com afiliação religiosa. Na estrutura educacional brasileira da educação básica, não é ensinada a disciplina ciências da religião, porém a educação religiosa é um componente do ensino fundamental que contempla elementos das ciências da religião.


 

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