Vestes
litúrgicas: alguns apontamentos...
Pe. Jacques Trudel,SJ
1. História das vestes litúrgicas
1.1. Origem: as vestes civis do império romano.
Até sec. V, os ministros celebravam com roupa civil, embora fosse
domingueira ( isto é importante
teologicamente: não vem das vestes
sacerdotais dos judeus usadas do templo).
Quando a moda mudou com os bárbaros, a Igreja ficou com as mesmas; as
tradicionais se tornam normativas ; houve muitas modificações, a seguir . A diferenciação se dá sobretudo entre os sec.
IV e IX.
1.2. as vestes atuais vem de duas vestes romanas:
a) uma veste interior:
- seja longa: veste talar (talon) usada dentro de casa ou
mesmo fora:
vai dar
na - veste talar; alva; batina
-seja curta: até os joelhos com ou sem manga
vai dar
na - dalmática e sobrepeliz ( suprapelicia, roquete
b) uma veste superior: manto
vai dar
na - casula e capa
1.2 Vestes dos ministros inferiores:
também tem tradição aí
a) AT: cantores: 2 Cr 20,21 – Séc. XIII cantores com capa pluvial com
capuz ¬cf. os corais de hoje
b) leitores alva - sobrepeliz
1.3. Brigas por causa de roupa: Altos e baixos na história:
- reforma protestante: os crentes, as seitas etc.
- Vaticano II : simplificação
1.4. Por quê as vestes mudam na
história - Por causa de
a) concepções doutrinais (
estatuto e função )
b) modificações rituais:
elevação do pão e do cálice
c) moda: os gostos mudam
2. As vestes dos ministros depois
de Vaticano II : Princípios e Normas
(IGMR nº 297, 310;
Cerimonial dos Bispos nº 56-67)
*2.1 Princípios: duas razões principais
2.1.1. sinal da função
exercida; a veste diversa distingue as funções diversas
2.1.2. arte: contribuir para a beleza da ação sagrada
2*.2 a veste comum de todos ;a alva;
específica: padre: casula e estola; diácono: dalmática e estola
a tiracolo; alva túnica demais ministros (
leitores) etc.:
"os acólitos, leitores e
demais ministros, em lugar da alva, podem usar outras vestimentas
aprovadas"(CB 65)
"Os ministros inferiores ao diácono podem trajar alva ou outra veste
legitimamente aprovada em cada região"(IGMR 301)
- só podem tomar lugar no
presbitério "com vestes"
4. As Orientações da CNBB a
respeito ( para celebrações da Palavra)CNBB, Doc. 52 série azul, nº 49
A diversidade de ministérios na celebração é significada exteriormente
pela diversidade das vestes, que são sinais distintivos da função própria de
cada ministro. Na celebração da Palavra
podem-se adotar vestes litúrgicas confeccionadas segundo a sensibilidade e o
estilo próprio das culturas locais. Por
sua vez, a diversidade de cores tem por finalidade exprimir de modo mais
eficaz, o caráter dos mistérios da fé que se celebram e o sentido da dinâmica
da vida cristã ao longo do ano litúrgico."
5. A experiência da Mustardinha: tradição romana e inculturação
A verdadeira tradição romana valoriza a
dimensão ritual simbólica: a acentuação gestual, do ritual, que faz apelo a
todos os sentidos: ouvir (Palavra, música, instrumentos) o ver (cores
diversificadas, muitos ministros para muitas funções) o sentir (incenso) o
agir: procissões diversas: entrada / Evangelho Ofertas Comunhão.
Na perspectiva da inculturação, valorizar a tradição romana inculturada
levando em conta valores de origem africana.
É preciso valorizar todas as culturas. Procuramos valorizar a cultura
africana na estética : desenhos das grades, vestes e dança ( que integra as
diversas culturas).
5.1. Padre: Túnica alva para o
Padre de origem zairense segundo as cores litúrgicas.. Motivo: a alva-túnica do
Brasil vinha sem as cores litúrgicas.
5.2. Ministros leigos: procuramos uma veste específica para leigos e
leigas, e diferenciada segundo as funções de serviços: ministro da comunhão,
animador-a, leitor -a, e demais
(participantes da dança litúrgica, das ofertas) segundo a tradição romana
ritual que valoriza os sinais e conforme as funções. Corresponde a dados de
hoje como: Valorização do corpo, a volta ao sagrado e ao religioso.
Chegamos a um modelo que se insere na tradição das vestes romanas, (sobrepeliz
amplo) as influencias nordeste as ( cf. batas do Ceará e da Bahia),
Por questões econômicas: procuramos uma veste: igual para homem e mulher;
e de tamanho único. É melhor quando a mulher usa saia bastante comprida em vez
de calça; usa colares por cima da veste; Para o homem, manga curta ou comprida,
gola da camisa por cima da veste. O lugar e as vestes dos ministros (extraído
da ficha sobre os ministérios litúrgicos).
No presbitério tomam lugar os ministros ordenados, os ministros
instituídos e os ministros leigos que servem ao altar ou aos ministros
ordenados. Para estes são previstas vestes diferenciadas conforme a função
exercida (IGMR2000 335). “A alva é a veste comum a todos os ministros ordenados
e instituídos de qualquer grau”(IGMR2000 336). Para o sacerdote celebrante a
veste própria é a casula sobre a alva e a estola ou a alva-casula; para o
diácono a dalmática em celebrações mais solenes. Os acólitos, os leitores e os outros
ministros leigos podem trajar alva ou outra veste legitimamente aprovada
pela Conferência dos Bispos em cada região”(ibid. 339). No Brasil, há algum
tempo, sentiu-se o desejo de que os ministros leitores, ministros da comunhão e
outros ministros que servem ao altar e
tomam lugar no santuário usassem uma veste adequada. Torna-se cada vez mais freqüente o uso de
batas brancas com faixas coloridas ou inteiramente coloridas usadas por homens
e mulheres ou mesmo crianças ao lado de alvas ou das tradicionais vestes dos
“coroinhas”.
Os demais ministros que servem ao povo tomam lugar de acordo com a
finalidade do seu ministério e não precisam usar vestes especiais. No entanto,
é normal o uso de vestes adequadas específicas
para o ministério da dança ou expressão corporal.
Documento 43
A pedido de Dom Clemente Isnard,
então responsável pelo setor de Liturgia da CNBB, redator das Orientações pastorais sobre a
celebração Eucarística, 2ª parte do
Documento 43 série azul da CNBB Animação da vida litúrgica no Brasil (1989)
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