O Tempo do Advento, em poucas palavras...
Eurivaldo Silva Ferreira
Tempo do Advento: parte integrante do Ciclo do Natal, como tempo de
preparação (espera pelo Senhor que vem). O Ciclo do Natal é identicamente ao
Ciclo da Páscoa, composto por um tempo de preparação, a festa principal, uma
festa na oitava, e um tempo “esticado” para se fazer memória de outros aspectos
da mesma festa.
Possui duas dimensões celebrativas: celebramos o mistério do Senhor
que veio e que virá. Nos dois primeiros domingos: O Senhor virá; nos dois
domingos seguintes: o Senhor veio. O sinal sacramental da espera, próprio do
tempo, faz alusão à segunda vinda de Jesus.
Advento tem a ver com o mundo e com a Igreja: a proposta da Igreja que
anseia pela vinda do Senhor tem ressonância no mundo. Ela anseia pela vinda do
Senhor, mas enquanto sua vinda não se faz plenamente, celebra, louva e
distribui os sacramentos, na esperança de sua plena concretização. É como se
vivêssemos as propostas do Reino (já), mas não ainda em sua plenitude (ainda
não). Por isso, este tempo em preparação ao Natal do Senhor, suscita o desejo
de que o Senhor venha. Eis o sinal sacramental próprio do tempo: a espera.
Viver o Advento é: viver a espera da feliz expectativa da realização
do Reino de Deus entre nós, espera que é revestida de uma esperança
escatológica (escathom, do grego = fim último), em meio a tribulações e
sofrimentos, mas que se torna sinal de esperança, sinal de que a salvação de
Deus prometida desde a Primeira Aliança (AT) está inserida na história humana.
Nossas atitudes no Tempo do Advento: termos a cabeça erguida, estarmos
despertos e acordados, a fim de que percebamos no decorrer da história os
sinais de libertação, sobretudo nos acontecimentos históricos. Essas imagens
são-nos relembradas nas leituras e na oração da Igreja durante as celebrações
deste tempo. Sob o prisma da ação ritual, essas imagens simbólicas são
traduzidas para nosso ‘hoje’, por isso duas atitudes fundamentais se destacam:
vigilância e da oração, consequências da santidade (frutos próprios do tempo).
Essas atitudes preparam o coração para a grande vinda, a escatológica (última
vinda), e nos conforta sua presença misteriosa através da ação litúrgica
(memória da primeira vinda), e através dos pequenos gestos realizados em prol
do/a outro/a (vinda intermediária de Cristo), mas que com o auxílio de Deus,
isso é possível.
Acolher o Senhor que vem: é crer na salvação do cosmos e da pessoa
humana. Somos os responsáveis por acolher a salvação, primeiro ‘abrindo o coração’,
‘aplainando os caminhos’, ‘abaixando as montanhas’. As leituras e a oração da
Igreja deste tempo mostram isso: a alegria do povo que se volta, que espera,
que permanece fiel, na expectativa da vinda do Messias.
Celebrar o mistério do Senhor que vem e que veio no Tempo do Advento
é: manifestar no rito e na vida um momento novo para a humanidade nova, para o
mundo novo. Se o Ciclo da Páscoa é marcado pelo sacramento da alegria, o Tempo
do Advento é um tempo em que celebramos sacramentalmente a espera.
Advento da Igreja: de fato, a Igreja vive o tempo todo um eterno
Advento, na medida em que na liturgia eucarística aclamamos: “Vinde, Senhor
Jesus” e na oração do Senhor: “Venha a nós o vosso Reino”.
O projeto de Deus nos personagens bíblicos: Maria, a imagem da Igreja,
é a portadora da Arca da Aliança, que traz em seu ventre o sinal da salvação,
por isso se entrega totalmente ao projeto de salvação de Deus. Os personagens
deste tempo nos ajudam a compreender como é que Deus age em prol da humanidade
a fim de salvá-la, guardando-a do mal, mostrando a todos o verdadeiro Sol do
Oriente, que ilumina todos os povos que andam por entre as trevas, conforme
canta Zacarias.
Esperamos que neste Advento possamos ser como Igreja, povo de Deus,
portadores da boa nova do Reino de Jesus. Que nossas celebrações levem-nos a um
verdadeiro compromisso da edificação de seu Reino entre nós! A feliz
expectativa do Reino seja o motivo para celebrarmos o Cristo que vem.
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