SER INACIANO(A): busca do maior SERVIÇO
Se se pode afirmar que Inácio é o homem da “maior glória de Deus, esta
afirmação é inseparável de outra: a de que ele é, ao mesmo tempo, o homem do “maior
serviço divino”. A glória de Deus, que é o fim
último, contém em si o serviço
e lhe imprime seu sentido e sua transcendência.
A glória de Deus e o serviço ao próximo são na realidade um só e único fim.
Por isso, nos escritos de Inácio a idéia de glória é quase sempre associada àquela de serviço aos homens.
Este serviço, para ele, tem
algumas características que o distinguem e o
especificam: é um serviço maior, total, totalizante, sem
fronteiras, nunca diz “basta!”
É um serviço maior por ser um serviço a um Deus sempre maior. E por ser um serviço a um Deus que é Amor, será um “serviço amoroso”, realizado por amor. O serviço divino inaciano é um muito servir, um servir sempre mais, mas na gratuidade de um puro amor. No entanto, esse “serviço maior” terá de ser descoberto no menor, no pequeno e insignificante. É o serviço do cotidiano, como colaboração na construção do Reino.
A pessoa que passa pela experiência dos Exercícios, sente brotar em seu
coração o afã apostólico, o desejo
de corresponder à graça de Deus através do melhor
serviço.
A busca do “maior serviço”, da “maior
glória de Deus”, impede a pessoa
inaciana de instalar-se num lugar determinado, numa atividade fixa. Há sempre o
perigo de, ao encontrar um serviço, julgar já ter encontrado a vontade de Deus.
Mas ela deve ter uma atenção contínua voltada para o que está acontecendo
em cada instante e estar vigilante para verificar se tal atividade continua
sendo o melhor serviço ou não.
A vocação inaciana ao serviço é essencialmente dinâmica,
aberta, móvel, renovadora em si mesma, justamente porque é “buscadora” da Vontade de Deus que
se manifesta no dinamismo da vida, no
meio das múltiplas relações...
O(a) leigo(a) inaciano(a), na sua atitude de vanguarda espiritual, deve
lançar-se a uma dinâmica ativa, buscando em cada momento e em cada situação o serviço mais eficiente e querido por
Deus.
Trabalhar onde há mais
necessidade, onde se espera maiores frutos, onde as pessoas possam estender a
outros o bem realizado... é participar da atividade dinâmica do Deus
trabalhador.
Por isso, a espiritualidade inaciana é uma espiritualidade de mudança,
que se adapta às circunstâncias e às exigências de cada momento; é uma espiritualidade
do risco,
da pessoa de fronteira, de linha de frente.
Tal existencialismo dinâmico só é possível através da disponibilidade,
abertura, docilidade ao Espírito...
Faz-se necessário “deixar-se levar” pelo Espírito, que
é fonte perene de novidade e criatividade, princípio vital que nos
guia segundo a nova existência em Cristo.
A inacianidade é uma experiência do Espírito, que cria no
mais íntimo da pessoa uma exigência de novidade, numa atitude de buscar
sempre a situação nova, própria de cada momento.
Mas o(a) inaciano(a) não é tanto a pessoa da novidade, quanto da exigência
da novidade;
injeta um espírito de novidade mesmo no velho; não se contenta com o novo encontrado... Isto impede a pessoa
de cair no serviço rotineiro, de
percorrer um caminho fixo ou de aferrar-se a práticas determinadas.
Sua norma
não é realizar o serviço mais
seguro, o menos perigoso, o tradicional, nem tampouco o mais novo ou o menos novo, senão o que Deus em cada momento vai lhe
revelando.
Textos bíblicos: Mt. 20,24-28; Lc.
4,38-39; Jo. 12,20-26;
Lc. 22, 24-27; Rom. 12, 3-12;
Na oração: Poder gastar sua vida no serviço divino de Deus nosso Senhor
é, para S. Inácio, não só a maior das graças, como também uma graça da qual é preciso ser digno.
Trata-se de um serviço todo ele perpassado de gratuidade e que só pode ser desempenhado na
mais absoluta gratuidade.
“Servir a Deus
por puro amor”: este é o grande fruto dos Exercícios.
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