quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Espiritualidade Inaciana.1




SER INACIANO(A): busca do maior SERVIÇO

Se se pode afirmar que Inácio é o homem da “maior glória de Deus, esta afirmação é inseparável de outra: a de que ele é, ao mesmo tempo, o homem do “maior serviço divino”.  A glória de Deus, que é o fim último, contém em si o serviço e lhe imprime seu sentido e sua transcendência.

                A glória de Deus e o serviço ao próximo são na realidade um só e único fim.

Por isso, nos escritos de Inácio a idéia de glória é quase sempre associada àquela de serviço aos homens.

Este serviço, para ele, tem algumas características que o distinguem e o  especificam: é um serviço maior, total, totalizante, sem fronteiras,  nunca diz “basta!”

 “Estar com Jesus para servir”: este será o ardente desejo que inspirará toda a vida de Inácio e mobilizará todas as suas forças. Ele será o homem do “maior serviço”, que se manifesta por sua urgência, transcendência, universalidade, fecundidade. O afã de servir a Deus com perfeição produz uma força interna que o estimula a ir sempre caminhando e crescendo. É o serviço próprio de um “peregrino” que nunca se cansa nem se satisfaz com o que já realizou, mas sempre se reavalia e se interroga, buscando o que mais corresponde à divina Vontade de seu Senhor.

É um serviço maior por ser um serviço a um Deus sempre maior. E por ser um serviço a um Deus que é Amor, será um “serviço amoroso”, realizado por amor. O serviço divino inaciano é um muito servir, um servir sempre mais, mas na gratuidade de um puro amor. No entanto, esse serviço maior” terá de ser descoberto no menor, no pequeno e insignificante. É o serviço do cotidiano, como colaboração na construção do Reino.

A pessoa que passa pela experiência dos Exercícios, sente brotar em seu coração o afã apostólico, o desejo de corresponder à graça de Deus através do melhor serviço.

A busca do “maior serviço”,  da “maior glória de Deus”,  impede a pessoa inaciana de instalar-se num lugar determinado, numa atividade fixa. Há sempre o perigo de, ao encontrar um serviço, julgar já ter encontrado a vontade de Deus.

Mas ela deve ter uma atenção contínua voltada para o que está acontecendo em cada instante e estar vigilante para verificar se tal atividade continua sendo o melhor serviço ou não.

       A vocação inaciana ao serviço é essencialmente dinâmica, aberta, móvel, renovadora em si mesma, justamente porque é  “buscadora” da Vontade de Deus que se manifesta no dinamismo da vida, no  meio das múltiplas relações...

O(a) leigo(a) inaciano(a), na sua atitude de vanguarda espiritual, deve lançar-se a uma dinâmica ativa, buscando em cada momento e em cada situação o serviço mais eficiente e querido por Deus.

Trabalhar onde há mais necessidade, onde se espera maiores frutos, onde as pessoas possam estender a outros o bem realizado... é participar da atividade dinâmica do Deus trabalhador.

Por isso, a espiritualidade inaciana é uma espiritualidade de mudança, que se adapta às circunstâncias e às exigências de cada momento; é uma espiritualidade do risco, da pessoa de fronteira, de linha de frente.

Tal existencialismo dinâmico só é possível através da disponibilidade, abertura, docilidade ao Espírito...

Faz-se necessário “deixar-se levar” pelo Espírito, que é fonte perene de novidade e criatividade, princípio vital que nos guia segundo a nova existência em Cristo.

      A inacianidade  é uma experiência do Espírito, que cria no mais íntimo da pessoa uma exigência de novidade, numa atitude de buscar sempre a situação nova, própria de cada momento.

Mas o(a) inaciano(a) não é tanto a pessoa da novidade, quanto da exigência da novidade; injeta um espírito de novidade mesmo no velho; não se contenta com o novo encontrado... Isto impede a pessoa de cair no serviço rotineiro, de percorrer um caminho fixo ou de aferrar-se a práticas determinadas.

      Sua norma não é realizar o serviço mais seguro, o menos perigoso, o tradicional, nem tampouco o mais novo ou o menos novo,  senão o que Deus em cada momento vai lhe revelando.

Textos bíblicos:  Mt. 20,24-28; Lc. 4,38-39; Jo. 12,20-26;

                                Lc. 22, 24-27; Rom. 12, 3-12;

Na oração: Poder gastar sua vida no serviço divino de Deus nosso Senhor é, para S. Inácio, não só a maior das graças, como também uma graça da qual é preciso ser digno.

Trata-se de um serviço todo ele perpassado de gratuidade e que só pode ser desempenhado na mais absoluta gratuidade.
    “Servir a Deus por puro amor”: este é o grande fruto dos Exercícios.

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