quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Vestes Litúrgicas.I


FUNÇÕES E MINISTÉRIOS

Pe. Jacques Trudel, S.J.

 


FUNÇÕES E MINISTÉRIOS LITÚRGICOS NA MISSA

 

“Na assembléia reunida para a Missa, cada um tem o direito e o dever de contribuir com sua participação, de modo diferente segundo a diversidade de função e de oficio. Por isso todos, ministros ou fiéis, no desempenho de sua função, façam tudo e só aquilo que lhes compete, de tal sorte que, pela própria organização da celebração, a Igreja apareça tal como é constituída em suas diversas funções e ministérios.”(IGMR 58)

 

O QUE É?

 

Para conseguir uma boa celebração litúrgica bem participada e frutuosa, são necessárias muitas pessoas com funções litúrgicas específicas a serviço da assembléia.  Vaticano II reconheceu o valor de ministério litúrgico a esses diversos serviços e pediu que se respeitassem as funções de cada um.  Assim ao padre pertence presidir, mas não proclamar as leituras, função própria do leitor, nem o evangelho se houver diácono etc.:

 

1.      “Também os ajudantes, leitores, comentadores e componentes da “Schola Cantorum” desempenham um verdadeiro ministério litúrgico.” (SC 29)

 

2.      “Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete (SC 28)

A Instrução Geral do Missal Romano – IGMR  divide o Capítulo III, Funções e Ministérios na Missa, em três secções (58-73).

 

I. Funções e ministérios de ordem sacra do Bispo, presbítero ou diácono. Pelo seu ministério próprio à frente do povo de Deus,  “o Bispo ou o presbítero tem a função presidencial na Eucaristia.” (N92) e “o diácono ocupa o primeiro lugar entre aqueles que servem na celebração eucarística” (N94). 

 

II. Função e papel do povo de Deus:  “cada um tem o direito e o dever de contribuir com sua participação”(58).

 

III. Ministérios particulares, com duas categorias principais de ministérios

 

1. MINISTÉRIOS A SERVIÇO DO ALTAR E DA PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA – os ministros tomam lugar no presbitério.

 

O ministério de leitor e acólito instituídos (N 98-99)Na reforma das “ordens menores”, em 1972” , a Igreja latina decidiu manter os ministérios de leitor e acólito instituídos(IGMR 65-66) como ministérios inferiores aos da ordem sacra, obrigatórios para todo candidato à ordenação, como preparação para os futuros ministérios da Palavra e do Altar. Esses ministérios poderiam ser confiados, também, a fiéis leigos homens como ministério, em si, permanente.

 

·       O leitor é instituído para o ministério da leitura da Palavra de Deus na liturgia (exceto o Evangelho)  Pode propor as intenções para a oração universal e, faltando o salmista, proferir o salmo entre as leituras (98). É encarregado de preparar outros leitores leigos temporários e instruir na fé crianças e adultos para receberem dignamente os sacramentos.

 

·       O acólito (ajudante) é instituído “para o serviço do altar e auxiliar o sacerdote e o diácono”(65). Prepara o altar e os vasos, é ministro extraordinário para a comunhão e encarregado de preparar outros ajudantes leigos temporários que exercem algum ministério, como os que levam o livro, a cruz, as velas, o turíbulo para incenso ou outras funções semelhantes.

Para nós, que não temos ministros leigos instituídos, a instituição recorda a seriedade das funções e a importância de alguém capacitado que cuide da formação e treinamento dos leitores e ajudantes, acólitos coroinhas leigos.

 

As demais funções de ministros leigos  

 

·       Leitores:  “Na falta de leitor instituído, sejam delegados outros leigos, realmente capazes de exercerem esta função e cuidadosamente preparados, para proferir as leituras da sagrada Escritura, para que os fiéis, ao ouvirem as leituras divinas, concebam no coração um suave e vivo afeto pela sagrada Escritura.” (N 101)  As leituras são distribuídas entre diversos leitores.

 

·       Salmista: Ao Salmista, no ambão, pertence a salmodia do salmo após a primeira leitura: “deve saber salmodiar e ter boa pronúncia e dicção” (67); na sua falta, um leitor assume o salmo.

 

·       Acólitos ou ajudantes diversos: “Não havendo acólito instituído, podem ser destinados ministros leigos para o serviço do altar e ajudar ao sacerdote e ao diácono, que levem a cruz, as velas, o turíbulo, o pão, o vinho e a água, ou também sejam delegados como ministros extraordinários para a distribuição da sagrada Comunhão.”  (68 / N 100). Notar as numerosas funções de tantos outros ministros leigos adultos, jovens ou crianças. . Ministros extraordinários da comunhão: função própria do sacerdote e diácono, com um número de comungantes muito grande, o sacerdote pode delegar fiéis leigos para ministrar a comunhão: 1º acólitos instituídos, 2º outros fiéis delegados habitualmente 3º em caso de necessidade, delegar fiéis idôneos só para o caso particular (N162).

 

·       Ministro competente - Cerimoniário - mestre de cerimônia, eventualmente « afim de que as ações sagradas sejam devidamente organizadas exercidas com decoro, ordem e piedade pelos ministros (69) e os fiéis leigos»(N 106).

 

2. MINISTÉRIOS LEIGOS  A SERVIÇO DA PARTICIPAÇÃO DO  POVO DE DEUS.

O Missal menciona(68 e N 105):

 

·       O comentarista (68 a) desempenha a sua função em pé em lugar adequado  voltado  para os fiéis (pode até ser no presbitério), “não, porém, no ambão” (N105b) reservado para a proclamação da Palavra, intervenções breves cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras.

 

·       Ministério da música: cantores, regente do canto do povo, os diversos músicos (63/N103).

 

·       A equipe de acolhida: acolhe os fiéis quando chegam; acompanha aos seus lugares (68b).

 

·       Os que fazem as coletas  (68 c)

 

·       O sacristão “dispõe com cuidado os livros litúrgicos, os paramentos e outras coisas necessárias na celebração da Missa” (N105a).

 

·       A equipe de liturgia: “A preparação prática de cada celebração litúrgica, seja feita de comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja quanto aos ritos, seja quanto ao aspecto pastoral e musical, sob a direção do reitor da igreja e ouvidos também os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne. Contudo, ao sacerdote que preside a celebração, fica sempre o direito de dispor sobre aqueles elementos que lhe competem (73;N 111).

 

É possível confiar algumas dessas funções litúrgicas “ a leigos idôneos com uma bênção litúrgica ou uma designação temporária” (N 107), como se faz, entre nós, para ministros extraordinários da eucaristia que recebem um mandato temporário.

 

3. OUTRAS FUNÇÕES LITÚRGICAS NÃO MENCIONADAS NA IGMR

 

·       Os componentes da dança litúrgica embora devidamente autorizada, talvez porque depende dos usos culturais regionais.

 

·       O Coordenador da celebração; cuida do conjunto da liturgia para que se realize como prevista na preparação orienta os ministros, as procissões, prepara os objetos necessário, etc.  Atua nos bastidores como espécie de contra-regra.

 

·       Participação dos fiéis: na procissão das ofertas: “Convém que a participação dos féis se manifeste através da oferta do pão e vinho para a celebração da Eucaristia, ou de outras dádivas para prover às necessidades da igreja e dos pobres”(N140).

 

“Os fiéis não se recusem a servir com alegria ao povo de Deus, sempre que solicitados para algum ministério particular ou função na celebração.” (62)

 

COMO FAZER?

 

Conhecer o seu ministério. No teatro, os atores procuram conhecer e ensaiar a fundo o seu papel. Do mesmo modo, cada ministro deveria conhecer profundamente o seu papel, a sua função. Estudar o que diz o Missal a respeito nas rubricas, conhecer o sentido do seu serviço no conjunto da liturgia, treinar através de laboratórios litúrgicos ou de outro modo para  melhorar o desempenho. Evitar chamar a atenção sobre si, mas, através dos sinais visíveis dos ministérios, levar os fiéis, pela sua atuação, a encontrarem-se com o mistério de Deus em Cristo.

 

As vestes dos ministros leigos que tomam assento  no presbitério. “Os acólitos, os leitores  e os outros  ministros leigos podem trajar alva ou outra veste legitimamente aprovada pela Conferência dos Bispos em cada região”(N 339). No Brasil, aos poucos, animadores/comentaristas, leitores, ministros da comunhão e outros ministros que servem ao altar começam a usar uma veste própria, branca ou colorida, inculturada, usada por homens e mulheres ou mesmo crianças, ao lado das alvas ou das tradicionais vestes dos “coroinhas”.É, também, normal que os componentes da dança litúrgica ou expressão corporal usem também uma veste diferenciada. Os demais ministérios fora do presbitério  não costumam usar veste própria.

 

Algumas orientações

 

- Procurar que os que desenvolvem um ministério relacionado com a Palavra e o altar, tomem assento no santuário.

- Evitar que os ministros extraordinários da comunhão apareçam só na hora da comunhão. Tenham veste própria de bom gosto, tomem lugar no presbitério e ajudem na celebração, recebendo, por exemplo, os dons dos fiéis na hora das ofertas para apresentar ao que preside.

 - Evitar que um só leitor ou leitora faça a 1ª e a 2ª leitura ou então leia o salmo. De preferência, procurar quem possa salmodiar o salmo do ambão.

-        Procurar constituir uma equipe que acolha as pessoas fora da igreja. Para facilitar o contato, pode distribuir as folhas de canto ou outro material. Acolher, de maneira especial, os visitantes novos na comunidade, inclusive indicando um bom lugar; colocar-se à disposição para dar a conhecer a comunidade (ter um material sobre os horários e serviços na comunidade) etc. Os ministros da comunhão podem eventualmente fazer parte dessa equipe de acolhida.

 

Perguntas

 

“Convém, na medida do possível, que a celebração, sobretudo nos domingos e festas de preceito, se realize com canto e conveniente número de ministros” (N115) Como está a situação dos ministérios litúrgicos na sua comunidade? Há um número conveniente? Há outros ministérios não mencionados aqui? E nas celebrações da Palavra?

 

1.      Como vocês desenvolvem o ministério da acolhida? Quem participa? Como ? Com que resultados?

 

2.      Que ministros sentem no presbitério? Usam todos vestes ou não? Que critérios vocês usam para isso?

 

3.      Quem ajuda no altar? Adultos ? Jovens?

 

4.      Existe um ministério de “coroinhas”? Qual a formação e a organização? Que critérios vocês têm para reservar só para meninos ou, também, aceitar meninas? 

 

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