quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pantocrator.III - Manaus.2014



Pantocrator

ÍCONE - «Janela para a Eternidade»

...A PALAVRA o inspira e evangeliza;
a IMAGEM que visibiliza a palavra bíblica
e leva aos olhos o que a palavra transmite ao ouvido;
a ORAÇÃO, prece litúrgica na que ressoa a voz da Igreja
e se consuma a comunhão dos Santos
num mesmo e único Espírito ...

A frase, propositadamente repetida, não é um slogan: através do ícone o divino nos ilumina. A luz é o atributo principal da glória celeste e os ícones representam os habitantes do Reino, contempladores da luz incriada, pela qual se deixam penetrar até se tornarem esplendorosos, como indica o nimbo ao redor de seus rostos (os nimbos não são, como as auréolas ou as coroas, simples sinais da santidade).

O ícone, visto com os olhos do coração iluminados pela fé, nos abre para a realidade invisível, para o mundo do Espírito, para a economia divina, para o mistério cristão na sua totalidade ultraterrena. É lugar teológico, antes, "teologia visual", como muitos já disseram.

O ícone é inspirado e sagrado de modo específico, símbolo que contém presença, cujo tempo, espaço e movimento não são representados pela percepção comum. A própria laconicidade de seus traços nos remete para uma mensagem de fé, a "visão do Invisível", para empregar as palavras de São Paulo (Hb 11,1).

«O ícone se afirma independentemente do artista e do espectador e suscita não a emoção, mas a vinda do transcendente, cuja presença ele atesta. O artista se esconde atrás da Tradição que fala. A obra torna-se uma manifestação de Deus, diante da qual devemos nos prostrar num ato de adoração e de oração».

Poder-se-ia continuar muito mais, tentando precisar bem o que é o ícone, mas os orientais não gostam de definir; pelo contrário - observa um deles - é necessário não definir! Portanto, procuremos descobrir pessoalmente o que é o ícone...

No recolhimento e no silêncio, os olhos se abrem para a luz da Transfiguração e seremos naturalmente conduzidos pela força do Espírito à luz do ícone, a fim de contemplar não só a face de Jesus, mas também a luz da verdade divina.

Um pouco sobre minha pintura...

O fiz quase todo branco, pois revela-se o Ressuscitado, Cristo vivo e presente na vida da gente, que nos acompanha cotidianamente, que está ao nosso lado, que está dentro de nós, nos anima e nos fortalece, nos ilumina e nos conduz... “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.” (João 10:14-16).

Sempre estarei colocando alguns símbolos que nos trazem características da região amazônica onde estou morando e vivendo este tempo tão especial de missão. Os desenhos na roupa de Jesus, os barrados ao lado de Jesus evocam as culturas indígenas em sua diversidade. As águas ao fundo da pintura trazem a riqueza deste mundo rodeado por matas e rios, por onde a vida nasce e acontece em tantas manifestações. Deus seja louvado!!!

Uma referência ao incenso: Incenso (do latim: Incendere, "queimar") é composto por materiais aromáticos chamados bióticos (originado por seres vivos - no caso, plantas) que liberam fumaça perfumada quando queimados. O "incenso" refere-se à substância em si, mais do que o cheiro que ela produz. Ele é usado em cerimônias religiosas, rituais de purificação, aromaterapias, meditação, para a criação de um estado de espírito, e para mascarar algum mau odor. O uso do incenso se originou no Antigo Egito, onde as resinas de goma e resinas oleosas de árvores aromáticas foram importadas das costas da Arábia e Somália para serem usadas em cerimônias religiosas.

O incenso é composto por materiais provenientes de plantas aromáticas, muitas vezes combinados com óleos essenciais. As formas do incenso tem mudado com os avanços da tecnologia, as diferenças de cultura subjacente, e com a diversidade nas razões para queimá-lo.

Nos rituais da Igreja Católica, é empregado em missas solenes tendo-se em mente que é uma homenagem a Deus, quando o padre, que representa Cristo, e os fiéis são incensados. A idéia é que suba a Deus um aroma agradável de louvor. O uso do incenso é um símbolo de oração. O ritual mosaico empregava o incenso em muitos sacrifícios, só ou com outros perfumes; havia também o altar dos perfumes em que se queimava incenso de manhã e de tarde. Os cristãos adotaram cedo o uso do incenso. Em Jerusalém, no século IV, já se empregava em todos os grandes Ofícios.

O sol, a lua, as estrelas... Em Jesus tudo é re-criado... Por isso a “Ressurreição de Jesus” é para ser entendida não apenas como o feito histórico-escatológico de Deus, mas também como o primeiro ato da Nova Criação deste mundo efêmero para sua forma verdadeira e eterna. Ressurreição não é só o sentido da história, é também o sentido da natureza.

Rom. 8,18-25: a ressurreição não está restrita às pessoas humanas, ela abrange também todo o mundo vivo, no qual em última análise os seres humanos existem.

O Deus que ressuscita os mortos é o mesmo Deus que chamou todas as coisas do nada à existência; Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos é o Criador do novo ser de todas as coisas.

A ressurreição dos mortos, a destruição da morte e a ressurreição da natureza constituem os pressupostos para a eterna Criação que participa da habitação do Deus vivo e eterno.

A Criação “no princípio” está orientada para este fim. De acordo com isto “toda a Criação geme conosco” e esta é a verdadeira ressurreição da natureza.

Ressurreição e Criação constituem uma unidade, pois a ressurreição dos mortos e a destruição da morte são a completude da criação original.

A Luz das aparições de Páscoa foi entendida como a aurora do primeiro dia da Nova Criação de todas as coisas. À luz deste “novo dia” de Deus, Cristo aparece como o primogênito de toda a Criação, que reconcilia todas as coisas no céu e na terra e que tudo há de libertar. O “primogênito entre os mortos” é também o “primogênito de toda criatura”, por quem todas as coisas foram criadas.

Não basta falar de “ressurreição da carne”. Ela só pode ser transfigurada na transfiguração de céus e terra em Novos Céus e Nova Terra, em comunhão criaturalmente santa, a comunhão dos santos.

Para chegar a viver o Novo Céu e a Nova Terra temos de ir renovando radicalmente este céu tantas vezes opaco e esta terra tão violada.

Um pouco de história...

O tipo iconográfico de Cristo Pantocrator é um dos mais significativos da iconografia oriental, e também o mais difundido, a ponto de se tornar quase o único tipo de Cristo que se encontra não só nas cúpulas e nas absides das igrejas, mas também sobre selos, moedas, marfins, evangeliários e outros objetos litúrgicos; é encontrado nas cenas históricas que representam Cristo nos diversos momentos da sua vida de adulto, nos diversos milagres que constelam a sua missão na Palestina da época; é encontrado sobretudo em inúmeros ícones oferecidos à veneração dos fiéis nas iconostases das igrejas e nas casas particulares. Quer esteja presente em mosaico, em afresco ou em ícones grandes ou pequenos, o tipo transmite, ao menos do século VI em diante, a mesma e idêntica figura de Cristo, reconhecível mesmo quando faltam as inscrições que normalmente devem acompanhá-la; e isso até os nossos dias.

O Cristo representado em todos os ícones é o Cristo adulto, com trinta anos de idade mais ou menos. Distingue-se pela mesma estatura do corpo, os mesmos traços somáticos - em especial os do rosto -, as mesmas roupas: todos esses traços que convergem num retrato ressaltam a sua figura histórica real; outros traços, como os símbolos e as inscrições, têm valor de retrato espiritual que põem em destaque a sua realidade de pessoa atualmente viva, transfigurada, divina e salvífica.

O ícone transmite, assim, o dogma cristológico das duas naturezas humana e divina - unidas na única Pessoa do Verbo: Filho de Deus e Deus ele próprio, consubstancial ao Pai.

Significado do nome

A esse tipo de imagem de Cristo é dado o nome genérico de «Pantocrator» tão rico de significados. O termo grego, traduzido geralmente por «Onipotente», mas que é melhor traduzir pela expressão «Oniregente», ou «Aquele que tudo rege», é um termo que se encontra já na literatura pagã. É encontrado na versão grega dos Setenta que o retoma para traduzir a expressão «Sabaoth», conferindo-lhe o significado de Deus «Dominador de todas as potências terrestres e celestes».

No Novo Testamento, o termo se encontra referido preponderantemente ao Pai, mas já no Apocalipse refere-se indiretamente também ao Verbo encarnado, Redentor e Juiz universal (cf. Ap 11, 17; 21, 22). Nas suas Cartas, os apóstolos Pedro e Paulo propõem o tema do domínio absoluto de Cristo sobre toda a criação. «Jesus Cristo» - escreve Pedro -, «tendo subido ao céu, está à direita de Deus, estando-lhe sujeitos os anjos, as Dominações e as Potestades» 1Pd 3, 22). São Paulo, por sua vez, fala da «submissão de todas as coisas» (1Cor 15, 28) ao Cristo ressuscitado, afirmando que «para isto Cristo morreu e reviveu: para ser o Senhor dos mortos e dos vivos» (Rm 14, 9).

Os Padres da Igreja, que retomam o termo no início do símbolo niceno-constantinopolitano, aprofundam seu significado e ao mesmo tempo justificam a sua atribuição ao Filho. Gregório de Nissa, por exemplo, assim explica a riqueza de conteúdos do termo:

«Quando ouvimos o termo 'Pantocrator', 'Aquele que tudo rege', compreendemos com a mente que Deus mantém no ser todas as coisas: tanto as de natureza inteligível como as de natureza material. Por isso ele contém o universo; por isso tem nas mãos os confins da terra; pelo mesmo motivo ele avalia os céus com o palmo (d, 1s 40,12); por isso ele mede o mar com a mão; e também por isso abrange em si toda criatura inteligível, a fim de que todas as coisas permaneçam no ser, contidas por meio do poder que tudo abraça...»

E acrescenta:

«Quem é aquele no qual todas as coisas foram criadas e no qual tudo permanece, em quem vivemos, nos movemos e somos? Quem possui em si mesmo tudo isto que é do Pai? Não sabemos ainda, por tudo que foi dito, que aquele que é Deus sobre todas as coisas, como diz são Paulo, é nosso Senhor Jesus Cristo? Ele tem nas mãos todas as coisas do Pai, como ele mesmo diz; ele abrange absolutamente tudo com o seu amplíssimopalmo; ele rege todas as coisas que abrange e ninguém as tira da mão daquele que tudo rege. Se, pois, ele possui tudo e rege o que possui, quem é ele senão o Pantocrator, aquele que tudo rege.» (1)

Padre Carmelo Capizzi, que escreveu a monografia mais completa sobre o Pantocrator, resume assim o pensamento dos Padres a respeito do termo (2):

«A Patrística, fundando-se sobre dados do Antigo e do Novo Testamento e utilizando algumas noções e expressões da filo helenística, determinou o conceito de Pantocrator, vendo nesse epíteto divino quatro elementos conceituais: a 'onidominação', a 'onicompreensão', a 'onicontinência', e a 'onipresença'. Deus, em outras palavras, é Pantocrator porque 'domina sobre toda a criação', 'conserva tudo no ser', 'abrangendo e contendo tudo em si' e, por conseguinte, 'penetrando e enchendo tudo de si', através da sua onipotência. Além disso, a Patrística tem o mérito de ter ampliado o sujeito de atribuição de Pantocrator, passando de Deus indistintamente e Deus Pai a uma atribuição consciente e justificada ao Filho como Logos somente, ao Filho como Logos encarnado e ao Espírito Santo. Essa extensão foi fundada na identidade de natureza das três Pessoas divinas, da qual se originava uma verdade que foi formulada incisivamente por Santo Atanásio: "O mesmo Pai pelo Verbo no Espírito tudo opera e concede» (3).

Tipologia geral do Pantocrator

Segundo os cânones pictóricos, o Pantocrator é representado quase sempre em busto, mas pode ser também em meio busto ou de corpo inteiro; neste último caso ele está, as mais das vezes, sentado no trono e rodeado, às vezes, pelas hierarquias celestes, que sublinham sua majestade divina. Caracteriza-se pela auréola crucífera; pela mão direita que abençoa «à maneira grega»; e pela esquerda que segura um livro aberto ou fechado, ou mesmo um rolo. Quando o livro está aberto, o versículo evangélico que nele aparece é, as mais das vezes: «Eu sou a luz do mundo». Mas podem também aparecer outros versículos previstos nos manuais de pintura e deixados à escolha do hagiógrafo ou do comitente, como vamos ver. Os traços somáticos que distinguem a imagem do Pantocrator são aqueles típicos que encontramos nas descrições literárias, embora com algumas variantes menores.

O rosto, para a tradição oriental, é o do Mandilion, considerado impresso pelo próprio Cristo na toalha enquanto ainda vivia. Os traços podem ser resumidos assim: rosto alongado, sobrancelhas arqueadas, olhos grandes e abertos voltados para o espectador, nariz longo e delicado, a barba bastante longa terminando em ponta arredondada, bigode caído, cabelos ondulados que formam como uma cúpula sobre o alto da cabeça e são depois recolhidos à altura das orelhas e descem sobre os ombros (essa cabeleira é chamada, segundo Capizzi, «tipo capacete») (4). No alto da fronte -larga e alta - destacam-se muitas vezes, da cabeleira, dois, três ou mais cachos, cuja presença, atestada só para a imagem de Cristo, tem sido diversamente interpretada. As roupas que cobrem o corpo de Cristo são constituídas de três peças, as mesmas usadas na Palestina no tempo de Cristo: a túnica vestida diretamente sobre o corpo, o manto, e as sandálias, presas ao tornozelo por tiras de couro.

A mão direita, que desponta sob o manto, geralmente está erguida fazendo o gesto de bênção «à maneira grega». A mão esquerda segura um rolo, mas com maior freqüência um livro: o dos Evangelhos que contêm a Palavra do Verbo. O livro pode estar fechado ou aberto. Neste último caso nele estão escritas citações escolhidas pelo iconógrafo ou pelo comitente.

O corpo de Cristo se destaca no fundo dourado, chamado na iconografia grega «céu», para indicar que a pessoa representada se encontra agora na glória do céu. A auréola, chamada «coroa» e também «glória», desenhada com traço fino sobre o mesmo fundo dourado, é sinal da santidade do personagem. Em todas as imagens de Cristo, na auréola estão desenhados três braços de uma cruz; esta, que se tornou comum no decurso do séc. VI desde o tempo de Justiniano, é uma clara alusão à dimensão salvífica da personagem representada.

Sobre o ícone estão presentes inscrições, cuja finalidade é chamar a atenção para a identidade divina e ao mesmo tempo humana da personagem representada. Algumas inscrições, obrigatórias, são constituídas dos dois digramas do nome de Cristo IC XC, para Jesus Cristo, e do sagrado trigrama do nome de Deus revelado a Moisés no Sinai: Ο ΩΝ («Eu sou o Existente», Ex 3, 14), e inserido nos três braços visíveis da cruz introduzida na auréola. Essas inscrições são sempre em grego. As outras inscrições, facultativas, são: o nome acrescentado e as frases no livro quando este está aberto.

O lugar da representação

O Pantocrator, assim descrito, encontra-se nas mais variadas representações, mas antes de tudo no lugar de culto: a igreja. É encontrado em três pontos bem distintos: em mosaico (ou afresco), no nártex à frente da igreja; na calota da cúpula central (ou no côncavo da abside, quando falta a cúpula); em ícones portáteis, em diversas partes da iconostase. Em cada uma dessas colocações, a representação toma um sentido bem determinado pela teologia, que subentende o significado do lugar do culto como nos foi transmitida pelos grandes Padres da Igreja e por autores mais recentes, codificados, depois, nos manuais de pintura.

A oração é endereçada a Cristo, desta forma:

«Ó Senhor, amigo dos homens,

faze resplandecer nos nossos corações

a pura luz do teu divino conhecimento,

e abre os olhos da nossa mente

à compreensão dos teus ensinamentos evangélicos.

Infunde em nós o temor dos teus santos mandamentos,

a fim de que, desprezando os desejos carnais,

levemos uma vida espiritual,

meditando e fazendo tudo que é de teu agrado.»

E se conclui com a seguinte doxologia trinitária, muito freqüente na Liturgia bizantina:

«Porque tu és a luz de nossas almas e de nossos corpos, ó Cristo Deus,

e nós rendemos glória a ti juntamente com o leu eterno Pai

e o teu Espírito Santíssimo, bom e vivificante;

agora e sempre e nos séculos dos séculos. Amém»

O livro segurado na mão esquerda

O livro que Cristo traz na mão é o dos Evangelhos; ele tem um grande apelo litúrgico. Este mesmo livro, com efeito, é o único objeto admitido sobre o altar, para afirmar a presença do mesmo Cristo no seu Verbo ou Palavra. Na Liturgia eucarística, esse livro é levado fechado em procissão, para significar a primeira manifestação silenciosa de Cristo sobre a terra; a seguir, no decurso da Divina Liturgia é aberto [a] leitura do trecho diário [..]

A leitura do Evangelho, durante a Divina Liturgia, é acompanhada de orações e ritos mais ou menos solenes em todas as Igrejas. A Igreja bizantina faz preceder a leitura da grande incensação do altar, da iconostase e de toda a comunidade eclesial presente no templo. Enquanto o diácono procede a esta incensação, o sacerdote reza a seguinte oração que exprime bem os sentimentos que devem acompanhar a leitura e os frutos que dela se esperam.

As inscrições no livro aberto

As inscrições no livro aberto são diversas, escolhidas pelo iconógrafo, ou pelo oferente, ou por ambos. Essas inscrições, tiradas dos Evangelhos, contribuem para ilustrar o nome acrescentado e para especificar o sentido da representação quando falta o nome acrescentado. As inscrições são inúmeras. Os manuais de pintura propõem apenas algumas, como estas presentes no do monge de Athos Dionísio de Fumá:

• Para o Pantocrator: «Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8, 12).

• Para o Salvador do mundo: «Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para as vossas almas» (Mt 11, 29).

• Para o Doador de vida (Zoodotes): «Eu sou o Pão vivo, que desceu do céu: se alguém comer deste pão, viverá» (Jo 6, 51).

• Para o Mensageiro do Grande Decreto: «Saí de Deus e dele venho; não venho por mim mesmo, mas foi ele que me enviou» (Jo 8,42).

• Para o Emanuel: «O Espírito do Senhor está sobre mim, por isso me ungiu: mandou-me levar a boa nova aos pobres» (Lc 4, 18).

• Quando o representas como Sacerdote: «Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas» (Jo 10, 11).

• Quando o representas na Assembléia dos Incorpóreos: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago» (Lc 10, 18).

• Quando o representas entre os Profetas: «Quem recebe um profeta em meu nome...» (Mt 10, 41)

• Quando o representas entre os Apóstolos: «Eis que vos dou o poder de pisar serpentes» (Lc 10, 19).

• Quando o representas entre os Bispos: «Vós sais a luz do mundo; não pode uma cidade...» (Mt 5, 14).

• Quando o representas entre os Mártires: «Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei...» (Mt 10, 32).

• Quando o representas entre os Santos: «"Vinde a mim vós todos que estais cansados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso» (Mt 11, 28).

• Quando o representas entre os Pobres: «Curai os enfermos, purificai os leprosos» (Mt 10,8).

• Quando o representas sobre uma Porta: «Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo» (Jo 10, 9).

• Quando o representas num cemitério: «Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá» (Jo 11, 25).

• Quando o representas como sumo Pontífice: «Senhor, Senhor, olha do céu e vê, visita esta vinha; protege o que a tua direita plantou» (Sl 80, 15-16). (10)

*Particularmente escolhi: “Eu vim para que todos tenham vida.” (Jo 10,10)

Significado do Pantocrator segundo L. Bouyer :

Louis Bouyer, conhecido teólogo oratoriano francês, na sua pequena obra-prima intitulada Verdade dos Ícones, dá do Pantocrator a seguinte descrição:

«Infelizmente, alguns ocidentais chegaram, a propósito dessa prodigiosa figura, não só ao cúmulo da incompreensão, mas ao supremo grau da ignorância. Essas representações de Cristo, que se prolongam até o conhecido ícone, venerado pelos russos, do 'Salvador dos olhos de chama', não representam de modo algum um Juiz irado, nem feroz, mas antes, como diz o título que sempre se lhes dá: 'O Salvador'. Evidentemente, este Salvador, como também a salvação que ele traz, nada tem a ver com a fátua benignidade que um Ocidente (e também, aliás, um Oriente!) decadente devia mais tarde colocar sob esse título.

A gravidade do mal, do pecado - satânico como também humano -, que ele teve de vencer, se reflete e se supera na sua majestade. Mas essa majestade não é mais aquela de um soberano terreno, exaltado até o ápice do seu vigor físico e do seu esplendor material: é a de Deus mesmo que se revela, numa humanidade totalmente espiritualizada, como o "Totalmente outro" e também o 'summum fascinans'.

Numa palavra, é o triunfo da visão monástica... Para quem sabe ver, na figura sublime entre todas, a de Cefalu, como na da Nea Moni, manifesta-se que este Salvador não abateu os poderes da iniqüidade, senão para melhor atrair-nos à sua santidade, a qual faz um todo com o ágape - o amor divino. E, evidentemente, esse 'amor' nada tem a ver com um sentimentalismo fácil! Ademais, esse Pantocrator reflete indiscutivelmente o evangelho da reconciliação: a sua mão direita erguida, para abençoar e não para condenar, longe de rejeitar o homem, convida-o a elevar-se até ele.».

 Podem ver mais imagens e detalhes da pintura no Face (Renato Jesuíta).

Pe. Renato,SJ – Manaus /Dez.2014.

Fontes: http://www.ecclesia.com.br/;

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