Pe. Marcelo Rezende Guimarães
As primeiras
comunidades, como testemunha o Apocalipse, tinham uma oração muito curta que
expressa bem o desejo do seu coração: Maranatha! Vem, Senhor Jesus! (Ap 22,20).
Infelizmente, depois, foi se perdendo e esvaziando este desejo de espera.
Seríamos muito
pobres se reduzíssemos o Advento, simplesmente, a um tempo de preparação para a
festa do Natal. O Advento é baseado na espera da vinda do Reino e a nossa
atitude básica é acender e renovar em nós este desejo e este ânimo.
Num tempo
marcado pelo consumo, é preciso que afirmemos profeticamente a esperança. No
âmbito pessoal, intensificando o desejo do coração e retomando o sentido da
vida. Mas as esperanças são também coletivas: é o sonho do povo por justiça e
paz - “as espadas transformadas em arado e as lanças em podadeiras” (Is 2,4). E
são também cósmicas: “a criação geme e sofre em dores de parto até agora e nós
também gememos em nosso íntimo esperando a libertação” (Rm 8,18-23).
Cantar como
resposta das preces “Vem, Senhor Jesus” pode ajudar a animar a esperança de
nossas comunidades. Igualmente, depois da acolhida de quem preside, a
comunidade poderia lembrar fatos e acontecimentos (não ainda preces ou
intenções) que são para ela sinais de esperança e da vinda de Deus entre nós.
Podem ser trazidos símbolos que evoquem tal luta ou acontecimento. Algum
refrão, como “eu quero ver, eu quero ver acontecer”, certamente contribuiria
para renovar a esperança.
“O
melhor da festa é esperar por ela”, diz um ditado popular. A espera e a
preparação de um acontecimento é, do ponto de vista humano, tão importante
quanto este evento.
Daí
a necessidade de fazermos uma avaliação do que significa e de como vivenciamos
o tempo do Advento em nossas comunidades. Seria oportuno se as equipes de
liturgia, ao prepararem as celebrações deste tempo, pudessem se colocar a
seguinte questão: que importância damos ao tempo do Advento?
Vale aqui
também lembrar o que escreve o liturgista Frei José Ariovaldo da Silva, na
revista “Mundo e Missão”, dezembro de 2004: “Atualmente, muitas comunidades
eclesiais, influenciadas pela onda consumista por ocasião das festas natalinas
e de final de ano, estão assumindo o custume de enfeitar suas igrejas já bem
antes de o Natal chegar. Em pleno tempo de Advento, que é um ‘tempo de piedosa
e alegre expectativa’, já ornamentam suas igrejas com flores, pisca-piscas,
árvores de Natal e outros motivos natalinos, como se já fosse Natal. Posso dar
uma uma sugestão? Não sejam tão apressadas. Não entrem na onda dos símbolos
consumistas da nossa sociedade. Evitem enfeitar a igreja com motivos natalinos
durante o Advento. Deixem o Advento ser Advento e o Natal ser Natal. Enfeites
natalinos dentro da igreja, só quando Natal chegar. Então, a festa com certeza
será melhor. Sobretudo se houver na comunidade uma boa preparação espiritual”.
É preciso
tomar o cuidado de não abortar o Advento ou de celebrá-lo superficialmente.
Este cuidado nos levará a não antecipar o Natal, seja fazendo celebrações
natalinas antes do previsto, seja usando ritos próprios da festa. Se cantamos
“Noite Feliz” no dia 15 de dezembro, o que iremos cantar na noite do dia 24
para 25? Mas, também não podemos celebrar o advento como se Cristo ainda não
tivesse nascido. A longa noite da espera terminou. O mundo já foi redimido,
embora a história da salvação continue...
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos
1. Quais são
as práticas religiosas mais comuns no tempo do Advento?
2. Como viver
e celebrar o Advento em nossa comunidade eclesial?
3. Qual a
característica que marca a liturgia do tempo do Advento?
Fonte: Formação Litúrgica em Mutirão
CNBB – Rede Celebra – Revista de Liturgia
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