segunda-feira, 30 de maio de 2016

Nossa Senhora das Flores



Nossa Senhora das Flores

Bogotá – Colômbia – Maio/2016.

 

“Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor;

cumpra-se em mim segundo a tua palavra.

E o anjo ausentou-se dela.”

Lc 1, 38

 

Acredito que a vida de Maria, no desejo de sempre responder sim ao projeto de Deus, foi um misto de alegrias e dores, flores e espinhos, acolhendo em seu ventre e em sua história a presença viva do próprio Deus encarnado, Jesus, seu amado filho. Acredito também que toda a vida de Maria exala para nós um perfume especial, um perfume de impressionante beleza que dá testemunho do imenso amor de Deus por toda a Criação.

 

Os ícones... uma janela do invisível!

 

O ícone é uma imagem sacra, que aplica teologia nas cores, formas, símbolos e perspectiva. A utilização destas ferramentas na iconografia tradicional tem a intenção de nos libertar da emotividade e nos levar até um encontro com o sagrado.

 

Os ícones não retratam o mundo real, mas nos abrem a janela do invisível, levando-nos à transcendência.

 

Enquanto a arte profana exprime freqüentemente a inquietude temporal, do momento, e apresenta a brutalidade, covardia e agressão mundana, a arte sacra manifesta, para os que a observam, os sentidos do eterno e do imutável, nutrindo, com a beleza, a alma humana.

 

Um ícone é, portanto, um espelho da alma. A arte da iconografia é uma forma de catequese, um método de ensino, para todo tempo e lugar, que fala da beleza infinita de Deus, e sobre a alegria interior.

 

A conduta de um iconógrafo é fruto de um longo aprendizado, que envolve conhecimentos de teologia da imagem, elementos de estética, técnicas específicas de preparação do suporte, pintura em têmpera, afresco e encaustica, douração, mas não se limita ao mundo material.

 

Trata-se também de uma postura pessoal: o hesicasmo, uma forma de oração constante que segue o ritmo da respiração, em busca do apaziguamento das paixões do mundo e o esquecimento do ego, para servir como instrumento de representação de um mundo Divino, superior. Iconografia é uma forma de pintura feita em oração.

 

Maria no Evangelho de Mateus

 

No Evangelho de Mateus a pessoa de Maria aparece em dois momentos: nos relatos da infância (cf. Mt 1-2) e no ministério apostólico de Jesus ( cf.Mt 12,46-50; 13,54-58). O primeiro é composto por relatos próprios de Mateus; o segundo está em dependência de Marcos, mas Mateus toma diante dele tal liberdade que é capaz de transformar seu sentido e seu ensinamento.

 

No Evangelho da Infância em Mateus, Jesus, como todos os meninos, não chega ao mundo sem um pai e uma mãe. Mateus fala de José, esposo de Maria (cf. Mt 1,16) e de Maria esposa de José (cf. Mt 1,24). Maria, por sua vez não tem existência sem José, do qual é esposa, e sem Jesus, do qual é mãe. Maria é aquela que gera e é mãe, ao passo que José é somente o pai legal.

 

Mt 1,3 fala sobre a concepção de Jesus, diz que esta se realizou “para que se cumpra o oráculo do Senhor, por meio do profeta […]” e cita Is7, 14, aplicando a Jesus a realidade do “Emanuel” e a Maria a de “virgem”. (Mateus quando) Ao falar do nascimento de Jesus, Mateus recorrendo ao texto de Isaías, não somente assume a interpretação dos LXX, mas ele mesmo interpreta teologicamente esse nascimento: Jesus é o Emmanuel e nasce de Maria Virgem. Neles dois se realiza plenamente o oráculo do profeta: Jesus é o Messias, e Maria é a Mãe-Virgem e, este fato maravilhoso somente pode ser entendido como a obra do Espírito Santo.

 

A união de Maria com seu Filho é, então, íntima, total e permanente. Desde a concepção virginal, Maria está expressamente unida a Jesus e é inseparável dele. Por isso, os escritores eclesiásticos aprofundam nesta realidade, dizendo que não podemos entender Jesus sem Maria e entender Maria sem Jesus.

 

Podemos notar, finalmente, como que um contraste nas expressões de Mateus: Enquanto Jesus é o Emmanuel de Deus, Deus – conosco, Maria é a Mãe que está sempre junto do seu Filho. Ela é a resposta permanente à presença sempre atual do Senhor na história.

 

Quanto ao ser discípulos de Jesus significa cumprir a vontade do Pai no céu, realizar seu plano. Para Mateus, o discípulo integra, então, a escuta da Palavra e sua ação (cf. Mt 5,19;Mt7,24-25), o estar junto de Jesus e sob a sua proteção (cf. Mt 12,49-50). E Maria, com perfeita discípula e “família dele” em um nível muito mais forte e firme do que o dos laços físicos de geração.

 

Portanto, o Evangelho de Mateus nos fala que Maria está intimamente ligada ao seu Filho Jesus Cristo, desde antes do nascimento e, uma vez nascido para o mundo, está unida a ele nos momentos fundamentais de sua vida e de seu ministério. Assim, Maria aparece, mesmo sem palavras, como testemunha da graça abundante de Deus para seu povo, mas também como mãe que cuida e acompanha o Filho de suas entranhas (ALVAREZ, 2005).

 

Maria – O rosto materno de Deus

 

A tradição da fé concentrou o feminino em Maria, mãe de Jesus. Alí viu realizadas todas as possibilidades numinosas e luminosas do feminino, a ponto de ver nela simplesmente a Nossa Senhora: a virgem, a mãe, a esposa, a viúva, a rainha, a sabedoria, o tabernáculo de Deus, etc.

 

Mas quase não foi considerado o feminino como acesso a Deus. Dentro da cultura cristã atual parece repugnar o sentimento da afirmação de que Deus é nossa Mãe. No entanto, se levarmos a sério a aparição do feminino em nossa cultura, não podemos evitar esse problema. Não é significativo que o Papa João Paulo I disse com uma certa desenvoltura em uma audiência pública, "Deus é Pai, mas acima de tudo, mãe"?

 

A Teologia, como outras ciências, tem que pensar sobre as questões importantes de seu tempo. Embora em seu regime interno e como articular seu discurso é uma ciência autônoma, no entanto, no repertório das questões relevantes, depende da cultura, da sociedade e das situações históricas que a desafiam e impõe uma direção em suas propostas e reflexões.

 

Cabe à teologia poder ler, a partir de sua própria abordagem (filiação), o texto analítico apresentado pelas várias ciências. Nesta área, como em outras, a teologia ou tem uma consciência ingênua, ou tem uma consciência crítica. Ela tem uma consciência ingênua, ao abordar a questão (no nosso caso, o feminino) sem uma pausa prévia com as ideias que se arrastam desconexa a cultura. Assim, a ideologia atual toma a mulher e o feminino em seu sentido comum, geralmente dentro do horizonte da compreensão patriarcal que reprime o feminino ou o considera dependente do masculino.

 

A fé cristã dá a Maria uma inigualável importância e transcendente. Sua eminente dignidade consiste no fato de ser a mãe de Deus encarnado, não só no sentido físico-biológico, mas principalmente em um sentido de compromisso pessoal e livre. Sua maternidade foi virginal, perfeita e completa. Nem a virgindade deve ser entendida apenas como um fato físico-biológico, mas sim como expressão da liberdade que se consagra inteiramente a Deus. A virgindade e a maternidade – expressões de um compromisso total a Deus – supõe uma existência livre, desde seu núcleo e seu princípio, de toda contaminação do pecado original e pessoal que dramatizam e dividem a existência humana; Ela é venerada como privilegiada por sua concepção imaculada.

 

Desta maneira Maria incorpora, assim, a nova criação que Deus está construindo dentro da velha; Ela dá corpo também com o que deve ser a Igreja como comunidade dos redimidos; somente em Maria a Igreja realiza seu arquétipo e sua utopia; em Maria, a Igreja é plenamente igreja. Assim, sendo o membro mais eminente da Igreja, ocupa um lugar apropriado nos laços de mediação salvífica envolvendo a todos; Ela é venerada como uma mediadora de todas as graças, uma vez que, juntamente com o Espírito Santo e Seu Filho, é cheio de graça. Maria é então associada com o seu Filho, ao Espírito Santo e ao próprio Deus, de tal modo que é exaltada como redentora. A morte coroou a perfeição daquela vida. Foi assunta ao céu em corpo e alma, antecipando assim o destino de todos os justos e especificando o que deve ser a transfiguração universal de todo o universo no reino de Deus. (L. BOFF, o rosto materno de Deus).

 

Luís Renato Carvalho de Oliveira, SJ.

 

Nuestra Señora de las Flores

Bogota – Colombia – Mayo/2016.

 

"Entonces María dijo:

He aquí la esclava del Señor;

Hágase en mí según tu palabra.

Y el ángel se fue de ella ".

Lc 1, 38

 

Creo que la vida de María, el deseo de responder siempre sí al plan de Dios, era una mezcla de alegría y dolor, flores y espinas, la bienvenida en su seno y su historia la presencia viva de la encarnación de Dios, Jesús, su amado hijo. También creo que la vida de María exuda para nosotros un perfume especial, un perfume de impresionante belleza que da testimonio del inmenso amor de Dios por toda la creación.

 

Los iconos ... una ventana de lo invisible!

 

El icono es una imagen sagrada, que aplica teología en los colores, formas, símbolos y perspectiva. El uso de estas herramientas en la iconografía tradicional está destinado para liberarnos de las emociones y nos llevar a un encuentro con lo sagrado.

 

Los iconos no representan el mundo real, pero nos ha abierto la ventana de lo invisible, que nos lleva a la trascendencia.

 

Mientras que el arte profano a menudo expresa la preocupación temporal, el tiempo, y presenta la brutalidad, la cobardía y la agresión mundanas, el arte sacro muestra, a los que la observan, los sentidos de lo eterno y de lo inmutable, nutrindo, con la belleza, el alma humana.

 

Un icono es, pues, un espejo del alma. El arte de la iconografía es una forma de catequesis, un método de enseñanza, para todo tiempo y lugar que habla de la belleza infinita de Dios, y sobre la alegría interior.

 

El comportamiento de un iconógrafo es el resultado de un largo aprendizaje, lo que implica un conocimiento de la teologia de la imagen, elementos estéticos, técnicas específicas de preparación del suporte, pintura en têmpera, afresco y encaustica, dorado, pero no se limita al mundo material.

 

También es una posición personal: El hesicasmo, una forma de oración constante que sigue el ritmo de la respiración, en busca de apaciguamiento de las pasiones del mundo y de uno mismo olvido, para que sirvan como instrumento de representación de un mundo Divino, mayor . La iconografía es una forma de pintura hecha en la oración.

 

María en el Evangelio de Mateo

 

En el Evangelio de Mateo la persona de María aparece en dos etapas: en los relatos de la infancia (Mt 1-2) y en el ministerio apostólico de Jesús (cf.Mt 12.46 a 50: 13.54 a 58). La primera consiste en cuentas propias de Mateo; el segundo está en dependencia de Marcos, pero Mateo lleva delante de él esa libertad que es capaz de transformar su significado y su enseñanza.

 

En el Evangelio de la niñez en Mateo, Jesús, como todos los chicos, no entra en el mundo sin un padre y una madre. Mateo habla de José, esposo de María (cf. Mt 1,16) y María esposa de José (cf. Mt 1,24). María, por su parte, no tiene existencia sin José, do qual es esposa, y sin Jesús, do qual es madre. María es la que genera y es madre, mientras que José sólo es el padre legal.

 

Mt 1,3 habla de la concepción de Jesús, dice que esto se llevó a cabo "con el fin de cumplir con el Señor que habla a través del profeta [...]" y cita Is7, 14, aplicando a Jesús la realidad de "Emmanuel" y María, la "virgen". (Mateo cuando) Hablando del nacimiento de Jesús, Mateo usando el texto de Isaías, no sólo toma en la interpretación de los LXX, pero él interpreta teológicamente lo nacimiento: Jesús es Emmanuel y nacido de la Virgen María. En los dos se realiza plenamente lo que el profeta dice: Jesús es el Mesías, y María es la Madre-Virgen, y  esta maravillosa realidad sólo puede ser entendida como obra del Espíritu Santo.

 

La unión de María con su Hijo, es entonces, íntima, total y permanente. Desde la concepción virginal María está unida expresamente a Jesús y es inseparable de el. Por lo tanto, los escritores eclesiásticos profundizan en esta realidad, diciendo que no podemos entender a Jesús sin María y comprender María sin Jesús.

 

Observamos, por último, como que un contraste en las expresiones de Mateo: Mientras que Jesús es el Emmanuel de Dios, Dios - con nosotros, María es la Madre que está siempre con su Hijo. Es la respuesta permanente a la siempre presente presencia atual del Señor en la historia.

 

En cuanto a ser discípulos de Jesús significa hacer la voluntad del Padre en el cielo, llevar a cabo su plan. Para Mateo, lo discípulo integra entonces, la escucha de la palabra y la acción (cf. Mt 5:19; Mt7,24-25), el estar con Jesús y bajo su protección (Mt 12.49 a 50 ). Y María, con perfecta discípula y "su familia" en un nivel mucho más fuerte y firme que la generación de lazos físicos.

 

Por lo tanto, el Evangelio de Mateo nos dice que María está íntimamente ligada a su Hijo Jesucristo, desde antes de nacer, y una vez que nace en el mundo, se une a él en momentos claves de su vida y su ministerio. De este modo, María aparece incluso sin palabras, como testigo de la abundante gracia de Dios a su pueblo, sino también como una madre que cuida y acompaña al hijo de sus entrañas (Álvarez, 2005).

 

María - El rostro materno de Dios

 

La tradición de la fe ha concentrado lo femenino en María, madre de Jesús. Allí ha visto realizadas todas las posibilidades numinosas y luminosas de lo femenino, hasta el punto de ver en ella simplemente a Nuestra Señora: la virgen, la madre, la esposa, la viuda, la reina, la sabiduría, el tabernáculo de Dios, etc.

 

Pero casi no se ha considerado lo femenino como acceso a Dios. Dentro de la cultura Cristiana vigente parece repugnar al sentimiento la afirmación de que Dios es nuestra Madre. Sin embargo, si queremos tomar en serio la aparición de lo femenino dentro de nuestra cultura, no podemos eludir esta cuestión. ¿No es sintomático que el papa Juan Pablo I dijera con cierta desenvoltura en una audiencia pública: «Dios es Padre, pero, sobre todo, es Madre»?

 

La teología, lo mismo que las demás ciencias, tiene que pensar en los temas relevantes de su tiempo. A pesar de que en su régimen interno y en la forma de articular su discurso es una ciencia autónoma, sin embargo, en el repertorio de sus temas relevantes, depende de la cultura, de la sociedad y de las situaciones históricas que la desafían y le imponen una dirección en sus planteamientos y reflexiones. Le corresponde a la teología poder leer, a partir de su propio enfoque (pertenencia), el texto analítico que presentan las diversas ciencias. En este terreno, como en otros, la teología o posee una conciencia ingenua, o posee una conciencia crítica. Posee una conciencia ingenua cuando aborda el tema (en nuestro caso, lo femenino) sin proceder a uma ruptura previa con las ideas que arrastra desarticuladamente la cultura. Así, la ideología vigente toma a la mujer y a lo femenino en su acepción común, generalmente dentro del horizonte de la comprensión patriarcal que reprime a lo femenino o lo considera en dependencia del varón.

 

La fe cristiana confiere a María una importancia sin igual y trascendente. Su dignidad eminente consiste en el hecho de ser la madre del Dios encarnado, no solamente en un sentido físico-biológico sino principalmente en un sentido de compromiso personal y libre. Su maternidad fue virginal, perfecta y plena. Tampoco su virginidad tiene que comprenderse solo como um dato físico-biológico, sino más bien como expresión de la libertad que se consagra a Dios por entero. La virginidad y la maternidad —expresiones de un compromiso total con Dios— suponen una existencia libre, desde su meollo y su principio, de toda contaminación del pecado original y personal que dramatizan y dividen a la existencia humana; se la venera como privilegiada por su inmaculada concepción.

 

De esta manera María encarna a la nueva creación que Dios está forjando dentro de la vieja; da cuerpo igualmente a lo que debe ser la Iglesia como comunidad de los redimidos; solamente en María realiza la Iglesia su arquetipo y su utopía; en María la Iglesia es totalmente iglesia. Así, pues, al ser el miembro más eminente de la Iglesia, ocupa un lugar adecuado en los lazos de mediación salvífica que envuelven a todos; se la venera como mediadora de todas las gracias, ya que, unida al Espíritu Santo y a su Hijo, es llena de gracia. María se encuentra entonces asociada a su Hijo, al Espíritu Santo y al propio Dios de tal manera que es exaltada como corredentora. La muerte coronó la perfección de aquella vida. Fue asunta al cielo en cuerpo y alma, anticipando de tal forma el destino de todos los justos y concretando lo que tendrá que ser la trasfiguración universal de todo el universo en el reino de Dios. (L. BOFF, El rostro materno de Dios).

 

Luís Renato Carvalho de Oliveira, SJ.

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