quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sofonias


Sofonias

 

A genealogia de 1,1 é extraordinariamente completa, comparada com a dos outros profetas: por ela remonta-se até Ezequias, que poderia ser o rei de Judá que governou de 727 a 698 a.C.. Se assim fosse, Sofonias seria de ascendência real. Mas esta identificação não é segura. As referências a Jerusalém e o conhecimento que revela das diversas partes da cidade (1,10-11) parecem confirmar que o profeta era de Judá e atuou em Jerusalém durante o reinado de Josias (640-609 a.C.).

 

ÉPOCA E AUTOR

 

No reinado de Josias, Judá estava sujeito à Assíria havia quase um século, quando Acaz pediu ajuda a Tiglat-Piléser III contra Damasco e a Samaria, em 734 a.C.. Durante o longo reinado de Manassés (698-643), o jugo assírio pesou sobre Judá e as influências estrangeiras penetraram em todo o lado, tanto nos costumes como nas práticas religiosas. Em 2 Rs 21,3-9 é narrada a introdução de cultos estrangeiros: reconstrução dos lugares altos, altares a Baal, prática de adivinhação e magia e outros cultos idolátricos.

 

Quando o rei Josias subiu ao trono, Judá necessitava de uma série de reformas, tanto no plano social e político como no plano religioso. Sofonias deve ter dado um impulso a estas reformas, pois denuncia a introdução de costumes estrangeiros (1,8), o sincretismo religioso (1,4-5), a violência dos poderosos (1,8.11; 3,3), os príncipes, os juízes, os profetas e os sacerdotes (3,3-4).

 

A reforma que Josias empreendeu, ao descobrir o Livro da Lei (622 a.C.), teve principalmente em vista o plano religioso e, nessa altura, consultou um profeta a propósito do conteúdo do Livro (2 Rs 22). Esse profeta não foi Sofonias, que provavelmente já teria morrido. Tudo isto faz supor que a sua actividade se tenha desenvolvido entre 640 e 630, alertando para a necessidade das reformas.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

 

O livro de Sofonias pode dividir-se em três secções:

 

I. O «Dia do Senhor» em Judá (1,2-2,3), um dia de juízo universal, tenebroso e terrível, que afecta principalmente Judá.

II. Oráculos contra as nações (2,4-3,8), vizinhas de Judá, e um último (3,1-8) dirigido contra Jerusalém.

III. Promessa de restauração (3,9-20). É uma mensagem de alegria pela presença do Senhor em Jerusalém e pelo «resto de um povo pobre e humilde» (3,12), salvo por Ele.

 

TEOLOGIA

 

Como os grandes profetas do séc. VIII, Sofonias denuncia as injustiças, a idolatria e todo o sincretismo religioso, os abusos das autoridades. Face a esta situação, anuncia o juízo de Deus para castigar os culpados. Mas a sua palavra não se detém no castigo: o juízo de Deus, uma vez aplicado, abre o caminho da salvação para todos os povos, principalmente para Judá e Jerusalém. É aqui que subsistirá um «resto» tema iniciado por Amós e identificado em Sofonias com os que procuram o Senhor na humildade e na pobreza (os pobres de Javé: anawim).

 


 

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