quarta-feira, 27 de julho de 2016

Segunda Semana dos EE - I


A Segunda Semana dos EE

S. Inácio sai da 1a. Semana de seus próprios exercícios atraído pela pessoa de Jesus Cristo a quem sente como seu Salvador e Redentor. Não só deseja não tornar a ofendê-lo mais, mas quer seguí-lo de perto.

Seu mais ardente desejo é “conhecer Jesus” profundamente para poder amá-lo mais e seguí-lo melhor. Meditando nas cenas do Evangelho desde a Encarnação até a Paixão e Ressurreição de Jesus, Inácio penetra profundamente nas “intenções” de seu Mestre, isto é, em seu espírito e em seus princípios, diametralmente opostos aos deste mundo: pobreza e humildade contra riqueza e orgulho.
     
 Um resumo de tudo isto encontramo-lo no Sermão da Montanha (Mt 5,1-11) no qual Jesus mostrou ao mundo a maneira de ser feliz. Inácio abraça a pobreza e as humilhações para imitar a Jesus pobre e humilhado, e sente que deste modo está sob sua bandeira; deseja seguir Jesus em sua paixão e morte para participar com Ele em sua glória e ressurreição. Assim foi o fruto que S. Inácio tirou da 1a. Semana. E o seu fruto?

Esta 2a. Semana dos Exercícios Espirituais de S. Inácio o convida a seguir adiante se:
          
- se desencadeou em você uma dinâmica de audácia e generosidade;
- percebe que o que você busca já está às mãos;
- você quer colocar sua vida em comunhão com Cristo.

Ao experimentar a salvação, a redenção, você se sente salvo e tem a necessidade de anunciar a salvação aos outros. O humilde se faz audaz porque se “deixa levar” como instrumento de Deus para construir seu Reino.  Esta 2a. Semana se centra no essencial da experiência cristã:
                                      
Relação interpessoal, por “conhecimento interno” Com Cristo, Senhor, exclusivo e único de minha existência Que chama, pessoalmente, aqui e agora. Por amor, fora de lógica, de cálculo, de interesse...

É a etapa caracterizada por uma polarização mais expressiva na pessoa de Jesus Cristo, uma vez que seu sentido consiste em buscar a “conformidade” com o Senhor. É a passagem da escravidão do pecado ao serviço amoroso de Cristo; à consciência da própria desintegração segue a fase de reconstrução e de busca da pedra angular sobre o qual o Senhor convida a fundar a própria vida e a crescer.

É um caminho de recomposição da pessoa do exercitante em torno e em referência à pessoa de Jesus. O objetivo desta Semana é oferecer uma escola de oração e um instrumento de decisão, através dos quais se possa reconstruir e aprofundar a própria vida.

A petição constante desta fase é o “conhecimento interno” do Senhor, para que mais se possa amá-Lo e seguí-Lo. Somente pode haver conhecimento pessoal verdadeiro se aquele que aspira conhecer o outro situa-se desarmado diante do mesmo. A palavra de ordem continua sendo o sentir: perceber algo através de uma experiência interna.

A contemplação torna-se o método habitual: através da mesma a atenção se desloca da consideração das coisas à participação na Vida de Cristo, num conhecimento cada vez mais íntimo, que se exprime no ato de falar de coração a coração. Caso isso não ocorresse, o caminho dos Exercícios reduzir-se-ia apenas à transmissão de idéias ou às recomendações moralizantes.

O estar e repousar nos Mistério é favorecido pelas  repetições. O cume do aprofundamento da familiaridade com o Mistério revelado é atingido com o colóquio, no final de cada contemplação, e com a aplicação dos sentidos, ao fim do dia.

Sugestões para a oração
                                               
Você está iniciando agora outra “forma inaciana de oração” que se chama contemplação (cf. anexo). Ao perguntar-se “aonde vou e para quê” e começar a pacificar-se, você deve “mirar a cena”.  Trata-se de fazer um exercício de imaginação, no qual a pessoa “entra” na cena, olha as pessoas, escuta o que falam, observa o que fazem, pergunta, opina... deixando-se “afetar”.

O quê busco
                       
Em todas estas contemplações você deve pedir:
        - Conhecimento interno de Jesus – conhecê-lo por “dentro”:

1.        Seu estilo, coração, amabilidade, grandeza de ânimo...
2.        Seus interesses reais, como Ele prescinde de muitas coisas, pois vive em função da Glória do Pai;
3.        Como seu único horizonte é o Reino: sente-se identificado com ele.
        - Amá-lo intensamente: que isto seja o mais importante de sua vida.
        - Seguí-lo muito de perto, seguir suas pisadas... na primeira linha...

Para a oração durante o dia, recorde o seguinte:

Pela manhã (brevemente)
       - escutar o Senhor que necessita de mim hoje para fazer crescer o Reino;
       - imaginar que o Reino é seguir os passos de Jesus que está aqui, compartilhar da mesma missão...
       - ouvir o chamado, sentir-me chamado por Deus em Jesus Cristo;
       - pedir para “não ser surdo”... mas diligente em fazer o que me pede.

Ao longo do dia (iluminar com alguns “flashes”)
       - repetir: uma frase de disponibilidade que lhe diga algo, tirada do texto dos Exercícios ou da Bíblia.

À noite (antes de dormir)
       - se você entende a jornada como um acompanhar a Jesus em seu trabalho de construir o Reino, é lógico que à noite, quando já terminou a tarefa encomendada, você queira comentar com Jesus como foi o dia, se se conseguiu os objetivos da missão encomendada...
        
Por isso, trata-se de fazer um diálogo cordial, de amigos que tem uma problemática comum, os mesmos interesses a realizar...


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