quinta-feira, 28 de julho de 2016

Vida Oculta de Jesus nos EE


VIDA OCULTA DE JESUS (EE. 132-134)

“Não oculteis a vida oculta de Jesus” (Pe. Kolvenbach)

A “vida oculta” coloca em evidência nossas motivações e nossos valores mais profundos. É a importância do não importante.  O importante é ser significativo e não importante! Cuidado  com os critérios do mundo... de buscar os primeiros lugares... o poder... a fama... a eficácia acima de tudo!
Jesus nos ensina, em Nazaré, o valor das coisas corriqueiras, quando são feitas com dedicação e carinho.

É uma teologia do trabalho! O fazer, seja qual for, segundo suas motivações, é redentor! Não são as coisas que nos fazem importantes, mas nós que fazemos qualquer coisa ser importante!  É o sentido que damos à nossa vida e à nossa ação que fazem com que estas sejam significativas ou não. Somos nós que damos significado às coisas e não o contrário!
     
Quando são “as coisas importantes” que nos fazem importante, e se “essas coisas”, um dia desaparecem, parece como se a própria vida  perdesse seu  sentido...  Na escola da vida, Jesus também foi aprendiz. Aprender é consequência básica da dinâmica da Encarnação. Lucas o confirma:
                 
“Jesus crescia em sabedoria e em graça,
diante de Deus e diante dos homens” (Lc. 2,40.50).
     
Portanto, Jesus viveu a vida como um processo lento e progressivo, a partir da própria condição humana no meio dos seus, no meio do povo e em vista do Reino de Deus, graças a uma criatividade transformadora.
                      
A vida de Nazaré coloca os critérios evangélicos na nossa cabeça e no nosso coração. A vida de Nazaré chega à nossa vida em muitos momentos (serviços ocultos, doença, rotina...). Jesus  nos convida a entrar na sua casa para aprender d’Ele e com Ele os valores do Evangelho.

É difícil compreender a “normalidade” da vida de Jesus Cristo; parece até que o Reino não tem exigências sobre a sua Vida. Identificando-se com a vida de todo mundo mostrava que a salvação não consiste em coisas extraordinárias e em gestos fantásticos, mas na “adoração do Pai em espírito e verdade”. Jesus gasta praticamente toda sua Vida nesta humilde condição; passou desapercebido como Messias.
         
O Reino se revela no pequeno, no anônimo e não no espetacular, no grandioso. Ele está misteriosamente se realizando entre nós. Podemos dizer que esta página é, em certo sentido, a apologética do cotidiano, das horas, dos meses, dos anos escondidos, da vida monótona, provinciana, não-escrita, de Jesus. Para o plano de Deus é importante inclusive quem vive em Nazaré, de onde não pode vir nada de bom ou que seja digno de ficar registrado nos anais da história.

No A.T. existe a literatura sapiencial, que é uma verdadeira celebração do Deus cotidiano, isto é, do Deus que se revela não por gloriosos acontecimentos histórico-salvíficos, mas na simplicidade dos atos e dos dias. Todo o horizonte rural ou urbano, no qual se passa a vida de cada dia, torna-se um sinal contínuo de Deus, que fala discretamente nas pequenas coisas.

Essa atenção à simplicidade do cotidiano, à natureza da Galiléia, à mensagem que Deus esconde nos homens, nas coisas, nas horas, é uma constante na pregação de Jesus. Nazaré é o sinal da “epifania” de Deus nas pequenas coisas, é o sinal da palavra divina escondida  nas vestes  humildes da vida simples, é o sinal do sorriso de Deus para a rua de nossa casa.
Tanto em Nazaré quanto na vida pública, Jesus nos comunica uma profunda união com o Pai.

Jesus recorre em seu íntimo ao Pai, numa oração confiante e de entrega. Jesus sente quando o Pai o chama a mudar o estilo de vida escondido. Ele está atento aos “sinais dos tempos” e sabe discernir nesses sinais a Vontade do Pai que o chama a mudar de caminho, a deixar sua terra, a lançar-se numa aventura. Começa uma vida itinerante, missionária, despojado de tudo.

Na oração: descobrir o significado profundo da vida cotidiana mais simples: trabalhos, relações, família... Na vida de todos nós há momentos em que Deus intervém, tirando-nos de Nazaré para a vida pública. O dom fundamental a ser pedido é o da fidelidade, da constância, da sabedoria que sabe reconhecer as sutis palavras de Deus, ocultas no interior das pessoas de sempre, dos fatos habituais, da monotonia doméstica.

A vida cotidiana exige não apenas fidelidade, mas também amor, gratuidade. Ainda que o itinerário de Nazaré pareça pobre, se o percorremos com fidelidade e amor, ele se insere no projeto de Deus, fica iluminado... Para atravessar a Nazaré cotidiana é preciso aprender a dimensão perfeita do amor, que é doação silenciosa, é oblação alegre e livre.  Nazaré pode transformar-se em Jerusalém quando, quem a habita, deixa-se possuir pela totalidade do amor no coração.


Textos bíblicos:    Mt 2,13-23      Lc 2,41-52    Lc. 10,38-42      Mt.6,25-34     Ecle. 3,1-15

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