sábado, 23 de julho de 2016

Nossa Senhora do Caminho


Nossa Senhora do Caminho

“Maria pôs-se a caminho…” 
Lc 1,39

Na narrativa dos evangelhos uma das caraterísticas de Jesus nitidamente percetíveis é o seu estar «a caminho». Ele nasce na viagem, como recém-nascido tem de viajar para se refugiar num país estrangeiro, durante a sua vida pública desloca-se a um ritmo permanente, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, dos lugares desertos para as praças, de casa para a sinagoga, da estrada para o campo, da beira-mar para a montanha: quando se aproxima «a hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13,1), toma a firme decisão de se pôr a caminho de Jerusalém» (Lc 9,51). Por fim, morre fora de casa, a terminar uma via crucis. Ele mesmo é «o caminho» (Jo 14,6). Com um «segue-Me» envolve muitos a pôr-se a caminho juntamente com Ele: mesmo depois da sua morte, os seus discípulos são conhecidos como «os da via» (At 9,2). Pedro captou bem a identidade do Mestre quando o anuncia com esta frase sintética: «Deus ungiu com o Espírito Santo e com o poder a Jesus de Nazaré, o qual andou de lugar em lugar, fazendo o bem e curando todos» (At 10,38). A imagem que fascinou os primeiros convertidos ao cristianismo é a de Jesus que caminha conduzido pelo Espírito e fazendo bem por onde passa.

A sua mãe assemelha-se a Ele nisto. A imagem de Maria a caminho emerge com nitidez nos evangelhos e foi sempre rica de reflexão ao longo da história da Igreja. Maria encontra-se com frequência a caminho: sai, caminha, desloca-se mais do que as mulheres do seu tempo. As suas viagens entre Nazaré, Ain Karim, Belém, Jerusalém, Egito são acompanhadas de um dinamismo interior muito intenso. Toda a sua vida é um caminho, uma «peregrinação da fé» (Lumen Gentium 58). A mariologia conciliar realça esta «peregrinação» de Maria, vendo nela um modelo permanente para toda a Igreja. Não só. Maria mesma é caminho, caminho que conduz a Cristo, caminho que conduz «ao Caminho». É a Odighitria, aquela que indica o caminho, tal como bem a representa a iconografia. Queremos seguir esta «peregrinação» de Maria nas pegadas que os evangelhos nos oferecem. (“Maria, Mulher peregrina que caminha guiada pelo Espírito Santo”. Maria ícone da Igreja peregrina - Ir. Maria Ko Ha Fong).

Em Lc 1, 39 diz: “Maria pôs-se a caminho…”  Nossa Senhora não adiou a sua viagem e muito menos se acovardou. Ela pôs-se a caminho! Para onde? Será que a Virgem sabia das dificuldades que encontraria no percurso? Será que a mesma sabia da distância? A caridade é a virtude das almas que amam de verdade:  “A caridade tudo suporta” (1 Cor 13, 7), e:  “…pôs-se a tenra e delicada donzela a caminho, sem se atemorizar com as fadigas da viagem”  (Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, Parte II, capítulo II, V, Ponto Primeiro, 1).

Já fazia alguns meses que ela estava grávida; a Bíblia usa a frase “estado avançado de gravidez” para descrever como ela estava nessa ocasião. (Luc. 2:5) À medida que o casal passava por um campo após outro, alguns dos lavradores que estavam arando ou semeando talvez olhassem para eles e se perguntassem por que uma mulher naquela condição estaria viajando. O que Maria estava fazendo tão longe de sua casa em Nazaré?

José e Maria não eram os únicos que estavam viajando naquela época. Pouco antes, César Augusto havia decretado que fosse feito um registro no país, e para cumprir esse decreto as pessoas tinham de viajar para a sua cidade de origem. O que José fez? O relato diz: “José, naturalmente, subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, e foi à Judeia, à cidade de Davi, que se chama Belém, por ser membro da casa e família de Davi.” — Luc. 2:1-4.

Quando o bebê tinha oito dias, Maria e José o levaram para ser circuncidado, conforme a Lei mosaica exigia, e lhe deram o nome de Jesus, como tinham sido orientados. (Luc. 1:31) Daí, no quadragésimo dia, eles o levaram de Belém para o templo em Jerusalém, cerca de 10 quilômetros de distância, e apresentaram as ofertas de purificação que a Lei permitia aos mais pobres: duas rolas ou dois pombos. Caso tenham sentido vergonha por oferecer menos que um carneiro e uma rola, ofertas que outros pais tinham condições de oferecer, eles deixaram esses sentimentos de lado. De qualquer forma, receberam muito encorajamento enquanto estavam ali. — Luc. 2:21-24.

Nossa Senhora do Caminho
Paróquia Santa Zita – São Paulo-SP

Consta da tradição Portuguesa, da Vila de Mogadouro a devoção a Nossa Senhora, intitulada ‘DO CAMINHO’, dos caminhos de Portugal, na Região Norte do País, do Alto Trás-os-Montes, celebrada anualmente no final do mês de agosto. A Paróquia de Santa Zita surge em meio a uma população de imigrantes Portugueses daquela Região e imediatamente trazem de lá, uma imagem e doam à Paróquia, tonando Nossa Senhora do Caminho sua co-Padroeira, também celebrada no último final de semana do mês de Agosto.

Lenda da Senhora do Caminho

Em tempos, de que já ninguém se lembra, num lindo dia de Primavera, andavam três crianças — a lenda não diz se eram meninos ou meninas — a guardar umas cabrinhas, que, muito satisfeitas, iam tosando a relva fresca e os rebentos das silvas, enquanto os pequenos se entretinham na brincadeira, descuidados e felizes, como é próprio da idade, mais ou menos no lugar onde está hoje a capela.
 De repente, e sem que tal esperassem, viram junto delas uma Menina de extraordinária beleza, tão linda como nunca imaginaram que existisse ninguém. À volta do seu rosto havia raios de luz como os do sol. Como nunca tinham visto tal coisa, ficaram amedrontadas e pensaram em fugir. No entanto, do rosto da Menina, desprendia-se tal doçura e bondade que se sentiram presos ao Seu encanto e ainda mais quando ouviram a doçura de Sua voz, que lhes disse:
 — Não tenhais medo, meus meninos. Eu sou a Virgem Maria, sou a Mãe do Céu e não vos faço mal. Eu sei que a gente de Mogadouro me honra muito com o meu nome de Senhora das Dores, mas agora ides dizer a toda a gente que Eu vos apareci e que quero que neste lugar se levante uma capela em minha honra e que Eu seja invocada com o nome de Nossa Senhora do Caminho, porque não há por aqui outra invocação igual.
 Dito isto, a Menina desapareceu. As crianças, parecia-lhes que tinham vivido um lindo sonho, como nunca tinham imaginado.

Oração a Nossa Senhora do Caminho

Ó Deus, nosso Criador e Senhor, que, pela gloriosa Virgem Maria, Vossa Mãe e Mãe nossa, vindes mostrando ao Mundo o caminho da paz do bem, concedei-nos que, venerando nós aqui a mesma Senhora, sob especial invocação de Nossa Senhora do Caminho, trilhemos retamente pelo o caminho certo da virtude e da graça. Que sob os seus olhares maternais sejam também amparados na vida todos aqueles que nos são queridos e se encontram distantes, por terras de ausência. E se alguém de nós, porventura, se perde, tresmalhado pelos caminhos, seja a Vós reconduzido, a fim de que, sob a Sua proteção carinhosa caminhando seguros nesta vida, todos possamos chegar ao porto de salvação eterna, onde, com ela e Convosco, Senhor Deus Onipotente, vivamos para sempre, sem fim.
 Amém.


Luís Renato C. de Oliveira, SJ.

Um comentário:

  1. Olá boa noite. Eu Estava a procura dessa história. Posso citá-lo no meu site!?
    Abraço!
    Silvano T.

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