sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Emaús - II



Não me canso de agradecer a Deus este tempo tão especial na Colômbia, um tempo tranquilo para poder pintar e retomar os estudos nas áreas de teologia, espiritualidade e arte. Poder viajar e conhecer alguns encantos deste país tão interessante e tão diverso, e que povo acolhedor!!!

E partilho com vocês mais uma pintura, os discípulos de Emaús, eles caminhavam e acolheram um peregrino muito especial que lhes fez companhia, partilhando os últimos acontecimentos, chegam a Emaús e partilham também o pão, e que surpresa maravilhosa!!!

Os discípulos de Emaús
Pedagogia da Esperança

No Evangelho de Lucas, encontramos uma das passagens mais significativas quando queremos fazer uma reflexão sobre a importância da Escritura em nossas vidas. Frei Carlos Mesters em diversas oportunidades recorda a sua pertinência e inspiração, na criação dos círculos bíblicos. Por outro lado, a cada passo dado por Jesus em direção dos discípulos de Emaús, vamos encontrando uma verdadeira metodologia de trabalho pastoral. Nesta reflexão portanto, vamos voltar nossa atenção para as ações de Jesus, verdadeiro intérprete das Escrituras e agente de pastoral.

Primeiro momento: Lc 24,13-24 – No caminho para Emaús, Jesus encontra os dois discípulos numa situação de medo e dispersão, de descrença e desespero. A primeira atitude de Jesus é de aproximação, caminha ao lado deles, escuta a conversa e num segundo momento pergunta: “De que vocês estão falando? Por que estão tristes?” Não se trata de pergunta retórica, mas de pergunta concreta, que toca a vida dos dois. Em seguida se estabelece um diálogo por meio de perguntas e respostas. A realidade está sendo clareada. Através de um olhar mais crítico, afinal, os discípulos olhavam, mas com o olhar das autoridades: “Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu!”

Segundo momento: Lc 24,25-27 – Depois de dialogar e olhar bem a realidade, Jesus percebe que a visão que os dois tinham, não era das melhores. Como diz Frei Carlos Mesters, no trabalho pastoral, é preciso conhecer o tamanho da cabeça das pessoas para colocar o chapéu ideal, caso contrário, ou tapa a visão ou no primeiro ventinho vai embora… “Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória?” Jesus dá uma chacoalhada nos dois, procurando acordá-los desta realidade em que se encontram, afinal não se trata de recusa em perceber a realidade. Eles não custaram para “saber”, mas para “entender e acreditar”. O seu problema era que embora conhecessem o livro da Bíblia, e também o livro da vida, eles não conseguiam ligar as duas coisas. Então Jesus “explica” as Escrituras, isto é, Ele não dá uma aula de exegese, mas faz a ligação entre a vida deles e a Bíblia, iluminando a sua realidade com a Palavra de Deus. Com a ajuda da Bíblia, ilumina os fatos e situa-os dentro do conjunto do projeto de Deus, transformando a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Assim, aquilo que os impedia de caminhar, tornou-se a força principal na caminhada, a nova luz no caminho.

Terceiro Momento: Lc 24,28-32 – Depois deste novo diálogo, onde a Palavra de Deus iluminou o realidade da vida, Jesus se despede dos dois. Momento tenso! Se nada adiantou este trabalho, o resultado seria um mero “até breve!” ou “foi bom conhecê-lo!”. Aqui Jesus faz uma avaliação de seu trabalho. A Bíblia, ela por si, sozinha, não abriu os olhos dos dois, mas a sua leitura e interpretação fizeram arder neles o coração (Lc 24,32), e isto é muito importante. O que faz enxergar mesmo, é a fração do pão, o gesto comunitário da hospitalidade, da oração em comum, da partilha do pão ao redor da mesa. No momento em que é reconhecido, Jesus desaparece. Pois eles mesmos experimentam a ressurreição. Ressuscitam e renascem.

Quarto momento: Lc 24,33-35)
Imediatamente, eles levantam e voltam para Jerusalém. Tudo mudou: coragem, em vez de medo; retorno, em vez de fuga; fé, em vez de descrença; esperança, em vez de desespero; consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder; liberdade, em vez de opressão! Em vez da má noticia da morte, a Boa Notícia da Ressurreição!



Sagrado Coração de Jesus



Acredito que uma das experiências mais bonitas e libertadoras de nossa vida é amar e sermos amados. Sentir-se amado, amar, é fantástico, realmente é muito bom! Isto nos traz paz, equilíbrio, sentido para a vida! Em nossos relacionamentos humanos isto é fundamental para uma vida saudável, mas ainda mais importante e saudável é sentir e acolher o imenso amor de Deus por nós, isto sim é maravilhoso! Um amor que perpassa tudo e vai além de tudo!!! Assim passou Jesus “fazendo o bem” (At 10,38)... amando!! Foi pensando nestas perspectiva que pintei este ícone do Sagrado Coração de Jesus.

Um pouco mais de reflexão...

A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é de origem bastante recente na Liturgia. Sua festa foi estendida à Igreja universal por Pio IX, em 1856. Contudo, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, com comemorações locais e regionais, já provém de tempos mais remotos. São Bernardo e São Boaventura apresentam, em seus escritos, profundas considerações sobre o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, sobretudo em sua sagrada Paixão. O realce dado à humanidade de Jesus Cristo fez brotar a devoção ao seu Coração sagrado, símbolo do amor de Deus transformado em amor humano. A devoção como tal tem início nos fins do século XIII e inícios do século XIV, sobretudo, em regiões da França e da Alemanha. Sua festa começou a ser celebrada a partir do século XVI, sobretudo na França.

Podemos nos perguntar: Afinal, qual o mistério de Cristo celebrado nesta solenidade? Diria que a Igreja celebra a Jesus Cristo, que passou por este mundo fazendo o bem (cf. At 10,38), o amor de Deus que se encarnou em Jesus Cristo. Por isso, não devemos concentrar-nos sobre um só fato ou uma só ação de Jesus Cristo. Será preciso recolher todas as manifestações de amor de Jesus Cristo.
Estes gestos de amor, as ações de Jesus repletas de amor e de misericórdia, simbolizados por seu Coração, podemos reconhecê-los na abundância de textos bíblicos apresentados na solenidade do Sagrado Coração de Jesus no ciclo dos três anos.

No Ano A, temos o evangelho dos mistérios do Reino revelados aos pequeninos, onde Jesus termina dizendo: “Vinde a mim todos vós, fatigados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre os ombros meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para vossas almas. Pois meu jugo é suave e o meu peso é leve” (cf. Mt 11,28-30). A primeira leitura mostra como Deus ama a humanidade: “O Senhor vos escolheu e vos ama” (cf. Dt 7,6-11). Deus é amor e comunica esse amor à humanidade. Deus nos amou primeiro. Este amor de Deus para com a humanidade manifesta-se, sobretudo, em Ele ter enviado seu Filho a fim de que vivamos por Ele (cf. 2a leit., 1Jo 4,7-16).

No Ano B, este amor de Deus em Jesus Cristo é revelado pelo evangelho que narra como o lado de Cristo foi transpassado pela lança, jorrando sangue e água (cf. Jo 19,31-37). Amor que se manifesta até a morte e morte de cruz. Ele que dissera: “Quando for levantado da terra, atrairei todas as coisas a mim” (Jo 12,14). Amor até ao fim, até o extremo, até dar a vida por todos. Na primeira leitura, este amor de Deus para com a humanidade, manifestado em Cristo Jesus, é comparado com o amor de um pai, cujo coração se comove (cf. Os 11,1.3-4.8c-9). São Paulo nos diz que este amor de Cristo excede a todo o conhecimento (cf. 2a leit., Ef 3,8-12.14-19).

No Ano C, o amor de Jesus Cristo é apresentado sob a figura do bom pastor, que vai em busca da ovelha perdida e se alegra com seus amigos por tê-la encontrado (cf. Ev., Lc 15,3-7; cf. também la leit., Ez 34,11-16). É o pastor que dá a vida por suas ovelhas: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós” (cf. 2a leit., Rm 5,5-11).

Deus nos amou primeiro e manifestou esse seu amor enviando seu Filho ao mundo. O amor de Deus assumiu uma expressão humana. Jesus acolhe as pessoas, tem misericórdia, perdoa, liberta das enfermidades e dos espíritos maus, mata a fome das multidões famintas, garante sua presença na história dos seres humanos por sua Palavra, pelo envio do Espírito Santo para levar à plenitude a sua obra e por sua presença concretizada no testemunho de amor dos seus discípulos. Deixa uma maneira toda especial de continuar como sinal visível do seu amor no mundo pela presença eucarística.

Este amor de Deus manifestado em Cristo, que exige uma resposta de amor, é o mistério celebrado na solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
Ela é, de certo modo, um desdobramento do mistério celebrado na Sexta-feira Santa. Colocada no início do Tempo comum, após o Ciclo pascal, convida toda a Igreja a atualizar o mistério pascal de Cristo pela vivência do amor, a exemplo do amor do próprio Cristo Jesus.

Bibliografia: “O ano litúrgico” (p.167-168).
 † Frei Alberto Beckhaüser, OFM

Devoção ao Sagrado Coração de Jesus: como tudo começou

O Coração de Jesus é o foco do amor. A devoção ao Sagrado Coração é a devoção que vem do amor como princípio, que se dirige ao amor como fim, que emprega o amor como meio. Celebrando este grande Amor de Deus por nós, somos convidados a renovar nossa devoção a Jesus, manifestado concretamente na vivência deste amor na família, na Igreja Doméstica, na partilha do pão, na alegria de celebrar em comunidade a Eucaristia, Vida de Jesus entregue por nós.

Celebrar o Coração de Jesus torna-se uma importante ocasião pastoral para que toda a comunidade cristã novamente se sensibilize para fazer deste admirável Sacrifício e Sacramento o coração da própria vida.

Origem da Devoção

A devoção ao Sagrado Coração tem sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus por você. Este amor chega a seu ponto alto com a vinda de Jesus.

A devoção ao Sagrado Coração aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). Em um temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade. Estes dois exemplos do evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus, feito em 1675, a Santa Margarida Maria Alacoque:

"Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças…
Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares.

E prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada."

O papa João Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentivava a todos que desejassem crescer na amizade com Jesus.

O Sagrado Coração de Jesus e Santa Maria Alacoque

O Sagrado Coração de Jesus apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, jovem religiosa da Ordem da Visitação, para transmitir sua mensagem de misericórdia e confiança, expressa no coração humano e divino do Verbo Encarnado. O Culto ao Sagrado Coração de Jesus obteve, a partir de então, grande impulso e espalhou-se por toda a Igreja.

Santa Margarida Maria, que recebeu a missão de espalhar pelo mundo a devoção ao Sagrado Coração ofendido pela ingratidão dos homens, foi incompreendida e perseguida, até que a Providência colocou em seu caminho o jesuíta São Cláudio La Colombière, que lhe deu orientação segura e conseguiu fazer com que sua mensagem começasse a ser vista com outros olhos. Canonizada em 1920, sua festa é celebrada no dia 16 de outubro.

Promessas do Sagrado Coração de Jesus a Santa Maria Alacoque

* Eu lhes darei todas as graças necessárias para seu estado.
* Eu darei paz às suas famílias.
* Eu as consolarei em todas as suas aflições.
* Eu lhes serei um refúgio seguro durante a vida, e sobretudo na hora da morte.
* Eu lançarei abundantes bênçãos sobre todas as sua empresas.
* Os pecadores acharão, em meu coração, a fonte e o oceano infinito de misericórdia.
* As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.
* As almas fervorosas se elevarão a uma grande perfeição.
* Eu mesmo abençoarei as casas onde se achar exposta e honrada a imagem do meu coração.
* Eu darei aos sacerdotes o poder de tocar os corações mais endurecidos.
* As pessoas que propagarem esta devoção terão para sempre seu nome inscrito no meu coração.
* Darei a graça da penitência final e dos últimos sacramentos, aos que comungarem na primeira sexta-feira de nove meses seguidos.

Pensamentos de Santa Margarida Maria

“Nunca desconfieis da misericórdia do Sagrado Coração, que é infinitamente maior que todas as nossas misérias”.
“O Sagrado Coração quer reinar no coração do mundo inteiro porque todos lhe foram dados por herança”.
“O maior testemunho de amor que podemos dar ao Sagrado Coração e a melhor reparação que lhe podemos oferecer é unirmo-nos a Ele, muitas vezes, pela comunhão sacramental e desejarmos ardentemente essa união pela comunhão espiritual”.
“Todos podemos ser apóstolos do Sagrado Coração, porque temos corpos capazes de sofrer e trabalhar, e corações para amar e orar”.
(*Do livro “O Coração de Jesus, segundo a doutrina de santa Margarida Maria Alacoque”)

CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS

– Eu (diga seu nome), Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha vida, minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte de meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar.
– É esta a minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.
– Tomo-Vos, pois, ó Sagrado Coração, por único bem de meu amor, protetor de minha vida, segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.
– Sede, o Coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que desvie de mim Sua justa cólera.
– Ó Coração de amor, deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero em Vossa bondade!
– Extingui em mim tudo o que possa desagradar-Vos ou que se oponha à Vossa vontade.
– Seja o Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu esquecer-Vos nem separar-me de Vós.
– Suplico, por todas as Vossas finezas, que meu nome seja escrito em Vosso Coração, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e morrer como Vosso escravo. Amém. (Santa Margarida Maria)


(Fonte: "Acenda a Luz", do Pe. Alberto Gamberini)