quarta-feira, 25 de maio de 2016

Jonas


Jonas

 

Sabemos, por 2 Rs 14,25, da existência de um profeta chamado Jonas, «filho de Amitai», que terá exercido a sua missão no tempo de Jeroboão II (séc. VIII a.C.). O nome e a filiação coincidem, de fato, com o protagonista deste livro. Mas não foi esse profeta quem escreveu, como poderemos verificar pela data em que ele deve ter sido escrito. Entretanto, a sua leitura mostra-nos que o autor, além de ser hábil artista, possuía uma larga formação bíblica. São claras, na sua obra, influências de alguns Salmos, de Jeremias, Ezequiel, Joel e outros.

 

LIVRO E DATA

 

Jonas é um caso único na literatura profética: nunca utiliza o substantivo “nabi” (profeta), nem o verbo “profetizar”, nem a fórmula do mensageiro; e toda a pregação do profeta se resume em 3,4: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída.»

 

Este livro faz parte do gênero literário chamado midráshico, que permitia tomar um dado bíblico como tema de desenvolvimento redacional com uma intenção didática, sem pretender narrar acontecimentos históricos. A base histórica é muito reduzida: apenas o nome do profeta do tempo de Jeroboão II, como já dissemos, e que, na altura, apoiou as ideias nacionalistas do rei, atitude à qual se opõe o livro. O segundo elemento de aparência histórica é a cidade de Nínive. Mas não há qualquer testemunho que fale ou suponha uma tal missão profética e a correspondente conversão sensacional.

 

A data da composição não pode ser deduzida senão a partir das suas características literárias e da sua teologia. O estilo, o vocabulário e certos aramaísmos (1,5.6.7; 3,7; 4,11) apontam para um período posterior ao re­gresso do Exílio (séc. V), como pensa a maioria dos críticos.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

 

Este livro divide-se em duas partes:

 

I. Jonas opõe-se à vontade de Deus e foge para Társis. É engolido pelo peixe e vomitado na praia (1,1-2,11).

II. Jonas prega em Nínive, que se converte (3,1-4,11).

TEOLOGIA

 

O autor reage contra o particularismo sócio-religioso muito aceite na época de Neemias e Esdras, mostrando os desígnios de salvação que Deus tem para com os pagãos, mesmo que sejam inimigos de Israel, ao enviar-lhes um pregador. Rompendo assim com esse particularismo, no livro toda a gente é simpática: os marinheiros pagãos no momento do nau­frágio, o rei, os habitantes e até os animais de Nínive; todos, exceto o único israelita que aparece em cena – o profeta.

 

Deus, por seu lado, compadece-se do seu profeta e de todos, porque a sua misericórdia é universal. Para conseguir tais intentos, o narrador serve-se de um profeta de que se conhecia pouco mais que o nome, fazendo uma composição cheia de hipérboles e de humor, fácil de fixar. De fato, a aventura de Jonas no ventre do «grande peixe» (2,1) ficou na imaginação popular e tocou a fantasia dos artistas de diversas épocas. Não esqueçamos, porém, que a mensagem fundamental deste livro é a do amor universal de Deus.

 


 

Algo mais...

 

Livro de Jonas

 

Jonas é o nome de um livro bíblico do Antigo Testamento, vem depois do Livro de Obadias e antes do Livro de Miqueias. Segundo a interpretação tradicional seria um relato biográfico do profeta Jonas, na qual o Deus de Israel o terá mandado profetizar ao povo de Nínive, grande capital do Império Assírio, para persuadi-los a se arrependerem ou seriam destruídos dentro de 40 dias. O Livro de Jonas fala foi tido como o profeta Jonas, filho de Amitai, que profetizou no Reino de Israel Setentrional, no 7.º Século A.C., no reinado de Jeroboão II. (Jonas 1:1; II Reis 14:25).

 

A Assíria, inimiga do povo de Israel de longa data, era império dominante aproximadamente entre 885 A.C. a 665 A.C.. Segundo o relato, parece evidente que a agressividade militar assíria era mais fraca durante o tempo de Jonas. Além disso, o Rei Jeroboão II foi capaz de reivindicar áreas da Palestina desde Hamate até o Mar Morto, como teria sido profetizado por Jonas.

 

Por outro lado, outros estudos indicam que trata-se de um escrito posterior ao Exílio na Babilônia, escrito no séc V AC (ou mesmo posterior), e que o livro de Jonas é considerado profético unicamente porque em 2Rs 14:25 se menciona um profeta com o mesmo nome.

 

Tal tese baseia-se no fato de que seu estilo e tema diferem muito dos outros livros proféticos, que em geral são escritos em verso. Enquanto os profetas ameaçam as nações pagãs, o livro de Jonas relata a conversão dos ninivitas e anuncia a misericórdia a esse que foi um dos povos mais odiados por Israel. Os profetas estão solidamente enraizados na situação político-social; Jonas parece estar solto no ar.

 

Portanto, o livro de Jonas seria um escrito sapiencial, não pertencendo ao gênero histórico, mas ao gênero parabólico , uma espécie de novela para ilustrar o tema da misericórdia de Javé, que não é um Deus nacional, mas um Deus de toda a humanidade; ele quer que todos se convertam, para que tenham a vida (4:2).

 

O livro rompe com uma interpretação estreita da profecia contra as nações feitas por outros profetas, afirmando que profecias são condicionais, pois Deus quer a conversão das nações e não sua destruição.

 

A obra nasceu no pós-exílio, quando o povo judeu estava se fechando num exagerado nacionalismo exclusivista (cf. Esd 4:1-3; Ne 13:3), bem refletido na mesquinhez do justo Jonas. Por outro lado, os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens: Deus quer salvar também os inimigos, os pagãos de Nínive, capital da Assíria, modelo de crueldade e opressão contra o povo de Israel. Deus não quer que suas criaturas se percam (cf. Sb 1:12ss) e para ele ninguém está irremediavelmente perdido (cf. Ez 18:23.32; Lc 15).

 

A história do peixe tornou famoso o livro, pois os evangelhos celebrizam a figura e aventura de Jonas como sinal da morte e ressurreição de Jesus: assim como Jonas ficou três dias no ventre do peixe, Jesus vai ficar três dias no ventre da terra; depois ressuscitará, como Jonas voltou à luz do dia (cf. Mt 12:39-41 e paralelos).

 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário