quarta-feira, 25 de maio de 2016

Habacuc


Habacuc

 

Nada sabemos da pessoa deste profeta: nem o seu lugar de nascimento, nem a sua família, nem sequer o período em que viveu. Esta falta de dados não impede ver no livro de Habacuc alguém profundamente enraizado na História do seu tempo e em toda a problemática da ação de Deus na História.

 

ÉPOCA

 

A menção dos caldeus, «aquele povo feroz e impetuoso / que se espalha pela superfície da terra / para se apoderar de habitações que não são suas» (1,6), leva a colocar a profecia de Habacuc na época em que os Babilônios começaram a dominar todas as regiões do Próximo Oriente Antigo (final do séc. VII a.C.) e impuseram o seu jugo sobre Judá. Assim, Habacuc situar-se-ia nos tempos do rei Joaquim (609-597 a.C.) ou no período a seguir a 597, data da primeira deportação para a Babilônia.

 

Muitos elementos cultuais presentes no livro (o mais claro de todos é o cap. 3) fazem com que alguns comentadores o relacionem com as liturgias penitenciais de tempos posteriores. Mas é preciso discernir sempre se os orá­culos proféticos foram retocados para uso litúrgico, ou se os elementos da liturgia é que foram reelaborados em forma profética. Como essa distinção não é fácil, mantemos no início do domínio babilônico a composição provável do livro.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

 

O livro apresenta-se estruturado em três partes:

 

I. Diálogo entre o profeta e Deus (1,2-2,4), formado por duas queixas do profeta (1,2-4 e 1,12-17) e duas respostas de Deus (1,5-11 e 2,1-4). A primeira queixa coloca o problema da justiça: porque triunfam os ímpios? A primeira resposta divina não satisfaz o profeta, pois os babilônios acabam por se exceder e são mais cruéis do que os outros. Por isso, o profeta queixa-se de novo (1,12-17), não compreendendo como Deus olha em silêncio para os traidores. A segunda resposta aponta para o cumprimento da palavra divina: o profeta recebe a palavra e aguarda o seu cumprimento.

 

II. Maldições contra o opressor (2,5-20): inclui cinco imprecações, condenando todos os crimes cometidos pela tirania dos poderosos.

 

III. Um salmo (3,1-19) que celebra o triunfo definitivo de Deus na Natureza e na História.

 

TEOLOGIA

 

O grande tema do livro de Habacuc é o da justiça divina. Deus é o Senhor da História, e esta soberania de Deus só se compreende na fé (2,4). A sucessão de crimes e violências que caracterizam os impérios leva o profeta a interrogar-se diante de Deus, esperando o castigo dos opressores.

 

Mas o castigo violento gera violência e o problema fica sem solução. O profeta supera esta questão, convencido de que Deus é a única fonte de fortaleza e todo o império opressor acabará por ser castigado, mesmo que não se com­preendam as circunstâncias históricas.

 


 

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