terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Retiro Espiritual-V


Misericordiae Vultus - JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
Papa Francisco – De 8.12.2015 a 20.11.2016

 
Jesus Cristo: presença visível da Misericórdia

Cerne da missão de Jesus: tornar presente o Pai como AMOR e MISERICÓRDIA. Toda a sua vida foi uma eloquente demonstração da Misericórdia divina para com os homens. A revelação da Misericórdia de Deus aparece nas parábolas  e na própria prática de Jesus (refeições e curas).

I. Nas refeições

Lc. 7,36-50: há uma relação entre amor e perdão; quem é perdoado muito, deve amar muito, mas quem não ama não aprecia o perdão que recebe. Fica insensível diante do perdão de Deus, tantas vezes repetido.

Na cena evangélica, Jesus parte daquilo que a mulher sabia fazer (gesto de lavar os pés), valoriza-a e salva-a. O amor olha o bem e salva toda a pessoa.  Simão parte do pecado e condena toda a pessoa. O juízo olha o mal e condena toda a pessoa.

 

II. Nas parábolas

Lc. 15,1-32: Por que o retôrno do pecador merece mais festa?

A resposta não deve ser procurada nas pessoas (pecadores) e nem no que elas fazem diante de Deus, mas no que elas revelam de Deus.Revelam o infinito Amor que vence o pecado. A festa é celebração do Amor que triunfou sobre o egoísmo, a ruptura... O filho é celebrado porque deixou que o pai saísse vitorioso em sua vida. Essa vitória do Amor, alegre e festivamente compartilhada por aqueles que tem os critérios de Deus, é incompreensível e inaceitável para quem calcula a relação de Deus com o pecador em função de “mérito”, “boa conduta”...


Outras variantes de Lc. 15,11-32:

a) que teria acontecido se o pai enviasse o filho mais velho para procurar o mais moço? Que péssimo mensageiro da misericórdia  do pai ele teria sido, levando o filho pródigo a jamais voltar

para casa. Perigo de velar, em vez de revelar o Amor do Pai.

b) Que teria acontecido se fossem dois os filhos pródigos e apenas um deles tivesse regressado?

Regressaria feliz para contar a seu irmão a estupenda acolhida do pai, dando ao outro coragem para regressar.

III. Nos milagres

Jo. 9:  A proximidade de Jesus põe em movimento grandes dinamismos de vida do doente; debaixo desse costume paralisado, existe uma possibilidade de vida nova nunca posta em movimento. Jesus reconstrói “pessoas quebradas”.

O cego de nascimento era mendigo: sentado, impotente, dependente dos outros.

Jesus vê na cegueira uma ocasião para a manifestação da atividade salvífica de Deus. As obras que 

Deus realiza consistem em libertar o homem de sua inatividade e dar-lhe capacidade de ação. Jesus passa à ação: faz barro com sua saliva Percebe-se claramente a intenção do evangelista: “fazer barro” com a saliva significa a criação do homem novo; o barro refere-se à criação do homem.  “Lembra-te de que me fizeste de barro” (Jó 10,9). Com o uso do barro, Jesus reproduz simbolicamente a criação do homem. O seu “amassar o barro”  prolonga o sexto dia da Criação. Com o gesto de “ungir os olhos com o barro” Jesus recria o ser humano.

Na oração:

- experimentar a verdade do perdão; abandonar-se a Deus, sem reservas;

- deixar Deus ser “maior” onde Ele mais gosta: no PERDÃO;

- pedir e gostar internamente da MISERICÓRDIA de Deus;

- alegrar-se com a Bondade infinita de Deus;

- ser testemunha e sinal da Misericórdia de Deus; (o perdão não tem hoje o valor do mundo e não é um impulso que se encontra facilmente. muitos aspectos, é uma idéia ou um ideal misterioso e sublime. O que no mundo prevalece é o olho vingativo, a retaliação simples e sem remorso. E, no entanto, o PERDÃO introduz na vida um elemento transcendental: o AMOR).

- Misericórdia: em hebraico “Rahamim”, plural de ventre materno. Designa a ternura da mulher para com o fruto do seu ventre. Amor totalmente gratuito.

Textos bíblicos:
 
Lc. 7,36-50: A pecadora aos pés de Jesus.
 
Outros: Lc 15, 11-32; Jo 9; Sl 41; Ez 36, 25-28.

Sobre o Ano da Misericórdia...

« É próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua onipotência ». Estas palavras de São Tomás de Aquino mostram como a misericórdia divina não seja, de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da onipotência de Deus. É por isso que a liturgia, numa das suas coletas mais antigas, convida a rezar assim: « Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis… » Deus permanecerá para sempre na história da humanidade como Aquele que está presente, Aquele que é próximo, providente, santo e misericordioso.

« Paciente e misericordioso » é o binômio que aparece, frequentemente, no Antigo Testamento para descrever a natureza de Deus. O fato de Ele ser misericordioso encontra um reflexo concreto em muitas ações da história da salvação, onde a sua bondade prevalece sobre o castigo e a destruição. Os Salmos, em particular, fazem sobressair esta grandeza do agir divino: « É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e ternura » (103/102, 3-4). E outro Salmo atesta, de forma ainda mais explícita, os sinais concretos da misericórdia: « O Senhor liberta os prisioneiros. O Senhor dá vista aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama o homem justo. O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva, mas entrava o caminho aos pecadores » (146/145, 7-9).

E, para terminar, aqui estão outras expressões do Salmista: « [O Senhor] cura os de coração atribulado e trata-lhes as feridas. (...) O Senhor ampara os humildes, mas abate os malfeitores até ao chão » (147/146, 3.6). Em suma, a misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras. É verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor « visceral ». Provém do íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de ternura e compaixão, de indulgência e perdão.

« Eterna é a sua misericórdia »: tal é o refrão que aparece em cada versículo do Salmo 136, ao mesmo tempo que se narra a história da revelação de Deus. Em virtude da misericórdia, todos os acontecimentos do Antigo Testamento aparecem cheios dum valor salvífico profundo. A misericórdia torna a história de Deus com Israel uma história da salvação. O fato de repetir continuamente « eterna é a sua misericórdia », como faz o Salmo, parece querer romper o círculo do espaço e do tempo para inserir tudo no mistério eterno do amor. É como se se quisesse dizer que o homem, não só na história mas também pela eternidade, estará sempre sob o olhar misericordioso do Pai. Não é por acaso que o povo de Israel tenha querido inserir este Salmo – o « grande hallel », como lhe chamam – nas festas litúrgicas mais importantes.

 

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