Práticas quaresmais em busca de uma vida nova
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
São vários os símbolos, as
atitudes e iniciativas humanas e religiosas que acompanham e enriquecem o tempo
da Quaresma, no qual, como em toda preparação, já saboreamos de certa maneira a
festa da Páscoa que virá. Por exemplo:
· A cor roxa, as cinzas e a cruz lembram o caráter de penitência e
conversão próprio deste tempo. A
gravidade e o “luto” da Quaresma se manifestam também no visual do espaço
celebrativo, sóbrio, despojado. Por isso, neste tempo se evita enfeitar o local
das celebrações com flores.
· O jejum (com a cabeça perfumada) nos orienta a dar mais atenção à
palavra de Deus. Quando a gente faz jejum, a gente fica com fome. E a fome que
sentimos (quando fazemos jejum) pode simbolizar e evocar a fome que temos da
palavra de Deus.
·
Ajudados pela
Campanha da Fraternidade, intensificamos a prática
da caridade, procurando corrigir e aperfeiçoar, à luz da Palavra de Deus,
nosso jeito como tratamos as pessoas e com elas nos relacionamos, sobretudo os
mais pobres e sofredores, e como procuramos ajudá-los a viver com dignidade.
· Nesse tempo forte da vida
da Igreja intensificamos nossa vida de
oração, na forma de súplicas, pedidos de perdão, intercessão,
agradecimento, compromissos de fé, melhor participação na comunidade etc. É um
tempo próprio para, nas comunidades, a gente participar de alguma celebração
penitencial (individual ou comunitária).
· Podemos expressar nossa
vontade de participar da caminhada sofrida Jesus (vítima da violência, de ontem
e de hoje), participando de procissões (de ramos, do encontro, do Senhor morto
etc.), Vias-Sacras, círculos bíblicos etc.
· Expressamos o “clima”
próprio deste tempo forte da vida da Igreja também através da música e do canto. Há uma música própria
e cantos que caracterizam este tempo, além do hino da CF. (Está publicado pela
Paulus um CD com todos os cantos próprios da Quaresma e da CF para a missa de
cada domingo da Quaresma deste ano. O Hinário 2 da CNBB apresenta também um bom
repertório de músicas litúrgicas quaresmais. Aliás, na Introdução deste Hinário
há uma reflexão muito interessante sobre o que significa “Cantar a Quaresma”,
“Cantar o Domingo de Ramos e da Paixão”, “Cantar a Ceia do Senhor”, “Cantar a
Paixão do Senhor”. Vale a pena ler e estudar esse texto, pessoalmente e nas
reuniões das equipes de Liturgia. O Ofício Divino das Comunidades oferece
inúmeras alternativas de refrões, aclamações, hinos e versões de Salmos
penitenciais com melodias mais populares, garantindo seu caráter litúrgico e a
fidelidade aos textos bíblicos). É um material muito apropriado para a vivência
litúrgica da Quaresma. Para ajudar nesta vivência, é aconselhável também que se
evite na Quaresma o toque de instrumentos musicais. A não ser que seja para
sustentar o canto. Fora disto, nada de música instrumental, nem canto do
“Glória” nem de “Aleluia”.
· É importante que a
comunidade tenha um ou mais jovens ou adultos que, tendo feito o
pré-catecumenato e o catecumenato, realize a segunda etapa do Rito de Iniciação
Cristã de Adultos (cf. RICA, n. 68-207). No primeiro domingo da Quaresma são
realizados os ritos de eleição e inscrição do nome (cf. RICA, n. 133-151). O
terceiro, quarto e quinto domingos são destinados aos escrutínios: oração sobre
os eleitos, preces e exorcismos. Aí, se os eleitos estiverem preparados, podem
ser feitas as Entregas: do Símbolo (o Credo) e da oração do Senhor (Pai nosso).
· Já que a Quaresma é um tempo
especial, é evidente que as celebrações dominicais e festivas das comunidades,
neste tempo, costumam ser muito bem preparadas. Quanto melhor for vivida a
Quaresma, melhor será a festa da Páscoa.
Perguntas
para reflexão pessoal ou em grupos:
1. Para você qual é a prática mais adequada no
caminho de preparação para a Páscoa? Por que?
2. Por que a Quaresma é um tempo de jejum, oração e caridade?
3. Como a sua comunidade assume a Campanha da
Fraternidade? Ela ajuda na vivência da Quaresma? Por que?
Fonte: Formação Litúrgica em Mutirão
CNBB – Rede Celebra – Revista de Liturgia
Nenhum comentário:
Postar um comentário