QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
Um pouco mais de
um mês, e vai chegar a festa mais importante do ano, a celebração do
acontecimento central e máximo de toda a história da humanidade. Está se
aproximando a Páscoa. E porque ela é tão grande, merece uma preparação à
altura. Começa nesta quarta-feira a nossa preparação para a Páscoa.
E
como inauguramos esta preparação? Colocando cinza sobre a nossa cabeça, como
sinal de penitência, isto é, como sinal de que estamos dispostos a nos alinharmos
no caminho de Deus com seu projeto de justiça e paz para todos. Além disso,
passamos esse dia fazendo jejum, também como sinal de penitência.
Serão
então quarenta dias de preparação: Quaresma. A Campanha da Fraternidade deste
ano, à luz da Palavra de Deus, vai nos ajudar na preparação da Páscoa,
refletindo sobre o atual clima de violência que penetra por todos os poros de
nossa sociedade. Seu tema é precisamente este: “Solidariedade e Paz”, com o
lema “Felizes os que promovem a paz”(Mt 5,9).
Quarta-feira de
cinzas! Celebramos neste dia o mistério do Deus misericordioso que acolhe nossa
penitência, nossa conversão, isto é, o reconhecimento de nossa condição de
criaturas limitadas, mortais, pecadoras. Conversão que consiste em crer no
Evangelho, isto é, aderir a ele, viver segundo o ensinamento do Senhor Jesus.
Numa palavra, trata-se de entrar no caminho pascal de Jesus. “Convertei-vos, e
crede no Evangelho”: é o convite que Jesus faz (cf. Mc 14,15).
Esta palavra,
a gente ouve, recebendo cinzas sobre a nossa cabeça. Por que cinzas? É para lembrar que, de
fato somos pó! Mas não reduzidos a pó!... A fé em Jesus ressuscitado faz com
que a vida renasça das cinzas. Quando o ser humano reconhece sua condição de
criatura realmente necessitada da ação de Deus, em Cristo e no Espírito, então
Jesus Cristo faz brotar vida de nossa condição mortal. Reconhecer-se assim, é
entrar numa atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo da morte para a
vida. Esta páscoa, a gente vive na conversão, através dos exercícios da oração,
do jejum e da esmola ou partilha de bens e gestos solidários, no espírito do
Sermão da Montanha.
Páscoa que celebramos na Eucaristia,
pela qual aclamamos Deus como aquele que, acolhendo nossa penitência, corrige
nossos vícios, eleva nossos sentimentos, fortifica nosso espírito fraterno e,
assim, nos dá a graça de nos aproximarmos do seu jeito misericordioso de ser, e
nos garante uma eterna recompensa.
Por isso que o sacerdote, em nome de
toda a assembléia, canta na Oração Eucarística: “Senhor, Pai santo, Deus eterno
e todo-poderoso..., vós acolheis nossa penitência como oferenda à vossa glória.
O jejum e abstinência que praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a
imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados [...] Pela
penitência da Quaresma, vós corrigis nossos vícios, elevais nossos sentimentos,
fortificais nosso espírito fraterno e nos garantis uma eterna recompensa”
(Prefácio da Quaresma III e IV).
Junto com a oferta total de Cristo ao
Pai, pelo Espírito Santo, na Liturgia eucarística, une-se também a oferta de
nossa penitência quaresmal. E Deus, por sua vez, nos recompensa com o corpo
entregue e o sangue derramado de seu Filho Jesus, na santa comunhão.
Que o Cristo pascal nos ajude, para
que o nosso jejum seja realmente agradável a Deus e nos sirva de remédio para a
cura dos nossos vícios. E assim possamos celebrar dignamente a santa Páscoa de
Cristo e nossa Páscoa.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos
1. Qual o sentido da Quarta-feira de cinzas na vida
do cristão?
2. Por que a Igreja usa cinzas no
início da preparação para a Páscoa?
3. Que é
importante cultivar na comunidade e nas celebrações, no tempo da Quaresma?
Fonte: Formação
Litúrgica em Mutirão
CNBB – Rede Celebra –
Revista de Liturgia
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