É a
partir da sinagoga (Act 17,2) que Paulo inicia, com bons frutos, a
evangelização de Tessalónica; mas a hostilidade judaica obriga-o a
interrompê-la bruscamente (Act 17,5-9). Por isso, o Apóstolo deixa uma
comunidade apenas constituída, sujeita às seduções do paganismo de que proveio,
na sua maioria (1,9) e à perseguição. Daí a inquietação que manifesta pela
sorte dos crentes (2,17; 3,1.5).
CONTEXTO
Com os
seus companheiros, Paulo parte para Bereia; e depois, sozinho, para Atenas e
Corinto, onde se lhe vêm juntar Silas, ou Silvano, e Timóteo (Act 18,5).
Timóteo, entretanto, tinha sido enviado a Tessalónica (3,1) e traz boas
notícias. É neste contexto que é escrita a 1.ª Carta aos Tessalonicenses,
provavelmente de Corinto e entre os anos 50 e 52.
TEOLOGIA
A
nível cronológico, esta carta é o primeiro escrito do Novo Testamento, facto
que lhe confere uma particular importância. É uma carta colegial, quanto ao
remetente e às características gerais (veja-se o uso do plural), e eclesial,
nos seus destinatários e na sua função (5,27); prolonga a obra da
evangelização, que não é de um só, mas colectiva.
A
tonalidade dominante é pastoral: não há polémica, nem erros a corrigir. Com
profundo reconhecimento a Deus por tudo o que Ele realiza, Paulo encoraja os cristãos
a progredir. Revela uma grande intensidade afectiva, que é recíproca entre os
missionários e os crentes. Nela sobressaem a gratidão, o entusiasmo, a
confiança, a solicitude como de mãe e pai (2,7-8.11). E comunica ao leitor a
generosidade e a grandeza de alma dos tempos iniciais, de fundação.
DIVISÃO
E CONTEÚDO
I. Acção de graças
(1,2-3,13), em 3 secções:
Saudação inicial (1,1)
Acção de graças pelo trabalho dos missionários e pela
resposta dos tessalonicenses (1,2-2,16).
Missão de Timóteo, cujo êxito suscita reconhecimento a
Deus (2,17-3,10).
Voto final (3,11-13).
II. Prática cristã «no Senhor Jesus
Cristo» (4,1-5,24), em 4 secções:
Dois aspectos fundamentais da vida cristã: santificação e
caridade (4,1-12).
Dois
aspectos da expectativa escatológica: os mortos antes da parusia e o Dia do
Senhor (4,13-5,11).
Outros conselhos úteis à vida cristã (5,12-22).
Voto final (5,23-24).
Saudação final
(5,25-28).
2ª Carta
aos Tessalonicenses
A
autenticidade da Segunda Carta aos Tessalonicenses é problemática. Por um lado,
registam-se numerosas semelhanças literárias entre 1 Ts e 2 Ts; há versículos
que quase se repetem: 1,2-3 e 1,3; 2,12 e 1,5; 3,13 e 1,7; 3,11-13 e 2,16-17;
2,9 e 3,8; 5,23 e 3,16; 5,28 e 3,18. Por outro lado, o tom da 2 Ts é menos
apaixonado, mais solene e, sobre a vinda do Senhor (2,1-12), a perspectiva
parece oposta: em 1 Ts seria considerada iminente, enquanto a 2 Ts se concentra
nos sinais que devem precedê-la. Como estes ainda não aconteceram, o Dia do
Senhor não estaria próximo. Estas diferenças, consideradas fundamentais por
alguns, são por outros explicadas como complementares. Tratar-se-ia de dois
aspectos coexistentes e não opostos na apocalíptica judaica.
ÉPOCA
E AUTOR
Para
os defensores da sua autenticidade paulina, a 2 Ts teria sido escrita pouco
tempo depois da 1 Ts e propor-se-ia corrigir interpretações erradas que a 1 Ts
teria suscitado na comunidade. Para os que a consideram não autêntica, 2 Ts
seria bem posterior (anos 70) e teria um autor desconhecido, o qual,
servindo-se da 1 Ts, procuraria afrontar e corrigir o clima de euforia e de
psicose apocalíptica, provocado talvez pela guerra judaico-romana de 66-70.
A
questão da autenticidade não retira, porém, importância a este escrito, que é
uma advertência à Igreja de todos os tempos contra a tentação de aguardar o
futuro sem se empenhar em construí-lo no presente.
DIVISÃO
E CONTEÚDO
A
Carta tem as partes seguintes:
Saudação inicial:
1,1-2;
I. Deus, conforto na tribulação:
1,3-12;
II. A vinda do Senhor:
2,1-3,5;
III. Vida desordenada e inactiva:
3,6-15;
Saudação final:
3,16-18.
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