QUARTA SEMANA NOS EXERCÍCIOS
ESPIRITUAIS.
I – Entrar na Quarta Semana
2. No livro dos EE nos surpreendemos com a brevidade
do texto. Doze números são indicados por Inácio nos quais desenvolve a primeira
e única contemplação. (EE 218-225). A seguir indica quatro notas a serem tidas
em conta na Quarta Semana. As demais contemplações, até a Ascensão inclusive,
as encontramos na parte dos “Mistérios da vida de Cristo” (EE 299-312).
II – Graça a ser pedida.
4. “Pedir o que
quero: graça de sentir intensa e profunda alegria por tanta glória e gozo de
Cristo Nosso Senhor” (EE 221).
5. Graça de um amor puro, desinteressado, gratuito.
Alegrar-me e regozijar-me intensamente por causa da grande alegria de Cristo.
“Seria normal sentir pena de alguém que está sofrendo, mas alegrar-se
simplesmente quando outra pessoa está contente, mesmo que não tenha outra
alegria além desta, só se experimenta quando se ama profundamente a esta
pessoa”. (Futrell)
6. Não é uma alegria fictícia, prêmio da dor, mas uma
alegria que nasce da própria dor. “Era necessário que o Cristo sofresse para
assim entrar na sua glória.”.
III – Objetivos (frutos) da
Quarta Semana.
7. Nela culmina a etapa
de união e confirmação. O fruto próprio da Quarta Semana é alargar a união
com Cristo na alegria e gozo da Ressurreição e confirmar a eleição ou reforma
de vida.
8. Como Paulo, Inácio descobre a riqueza do fruto da
Ressurreição: a consolação espiritual. Uma alegria profunda centrada em Cristo;
aumento de fé, esperança e amor.
9. Experimentar vida plena em e como Jesus
Ressuscitado concretizada na eleição, fonte de vida e esperança para a
libertação dos irmãos, especialmente dos mais necessitados. O futuro da vida do
exercitante assim como o caminhar da história estão vinculados
indissoluvelmente à vitória de Jesus sobre o pecado e sobre a morte.
10. Na percepção dos “efeitos” da presença e da ação
do Ressuscitado, hoje, no nosso meio, abrir espaço para uma vida nova, e para o
testemunho da esperança e da libertação de Jesus Ressuscitado na missão. Também
a nível cósmico tudo se recapitula nele (Rom. 8,22-25). Em Cristo Ressuscitado
tudo tem consistência e o mundo se faz transparência de Deus.
11. Viver a experiência do Ressuscitado como os
apóstolos, numa dialética de ausência e encontro. São características as idas e
vindas do Ressuscitado e o exercitante vai aprendendo a se acostumar com elas. Em
meio às obscuridades que possa prever a esperança do exercitante se firma na
vitória de Jesus. “Estarei convosco todos os dias”. É o Espírito de Jesus
Ressuscitado que conduz, hoje, a Igreja, inspira o discernimento e confere a
missão.
12. Em Jesus Ressuscitado , vencedor da morte, temos a
realização plena do projeto do Pai indicado no PF e a confirmação da caminhada
no seu seguimento: “Quem me seguir nos trabalhos, há de seguir-me na glória”
(EE 95).
IV – Dinâmica da oração na
Quarta Semana.
13. O modo de orar é a contemplação. Aos três pontos
comuns às contemplações Inácio acrescenta outros dois específicos para o
mistério da ressurreição: como a divindade se manifesta e o “ofício de
consolar” que Jesus exerce (EE 222-224).
14. Apenas acena-se ao colóquio (EE 225) porque a
comunicação dialogal com Cristo já se tornou familiar e Ele, Ressuscitado, é
apresentado como um amigo que consola.
15. O ritmo da oração é mais suave. São sugeridos
quatro exercícios por dia ao invés de cinco (EE 227). Na “aplicação dos
sentidos” o exercitante deverá demorar-se mais “onde tenha sentido maiores
moções e gostos espirituais” (EE 227,3).
16. Como de costume o exercitante deve ajudar-se das
“adições”. A última nota da Quarta Semana (EE 229) adapta as adições às
características desta Semana.
17. O Pe. José Netto de Oliveira observa que a oração
da Quarta Semana tende à união e a uma permanente “aplicação de sentidos”, ou
seja, uma oração não discursiva, de comunhão, tomando consciência de uma
presença, saboreando intimamente uma imagem, percebendo um atrativo profundo.
Oração gratuita, desinteressada, que sai de si para o Outro não buscando mais
do que simplesmente estar com Ele na sua glória, unindo-se a Ele numa atitude
de empatia. Alguns experimentam a oração de quietude da qual fala S. Teresa.
V – MANIFESTAÇÕES OU O
“DEIXAR-SE VER” DE JESUS NA QUARTA SEMANA.
18. Inácio as denomina aparições. Termina a Terceira
Semana com Maria e inicia a Quarta Semana com ela. A primeira “aparição” de
Jesus é a Maria, sua mãe.
1) A Nossa Senhora. (EE 219 e 299)
2) A Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e
Salomé. Mc 16,1-11. (EE 300)
3) Novamente a estas Marias. Mt
28,8-10. (EE 301)
4) A Pedro. Lc 24,9-12. (EE 302)
5) Aos discípulos que iam a Emaús. Lc
24,13-35. (EE 303)
6) Aos discípulos sem a presença de Tomé. Jo
20,19-23 (EE 304)
7) A Tomé. Jo 20,24-29. (EE 305)
8) A sete de seus discípulos que estavam
pescando. Jo 21, 1-17. (EE 306)
9) Aos discípulos no Tabor. Mt
28, 16-20. (EE 307).
10) A mais de quinhentos irmãos reunidos. I Cor
15,6. (EE 308)
11) A Tiago. I Cor 15,7. (EE 309)
12) A José de Arimatéia. (EE 310)
13) A São Paulo. I Cor 15,8. (EE 311).
14) Ascensão. At 1, 1-12. (EE 312)
BIBLIOGRAFIA
CEI – Itaici, A
força da metodologia nos Exercícios Espirituais, (Coleção “Leituras e
Releituras” 11). São Paulo: Loyola 2002, números 94-100.
Orientações para realizar os
Exercícios Espirituais na América latina. Um diretório a partir da e para a
América latina. (Coleção.
“Experiência Inaciana”, 14). São Paulo: Loyola, 1991, págs. 80-82.
OLIVEIRA NETTO S.J. José A., Quarta Semana dos Exercícios para um ambiente latino-americano, em Itaici
– Revista de espiritualidade inaciana Especial 01/1990 Especial, págs. 67-74.
GONZÁLEZ - QUEVEDO S. J, Luiz, Ele ressuscitou. Nós ressuscitaremos: uma introdução à Quarta Semana
dos Exercícios espirituais, em Itaici - Revista de espiritualidade
inaciana, n. 64 /2006, págs. 21-39.
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