Baruc
Este escrito recebe o nome de Livro de Baruc a partir
de 1,1-3, onde o seu autor se apresenta e nos descreve um pouco da história dos
desterrados da Babilônia, após a tomada de Jerusalém por Nabucodonosor.
AUTOR
Quem é Baruc? No livro de Jeremias, Baruc é apresentado
como “escriba” ou “secretário” do profeta (Jr 36,4-32) e estreitamente ligado a
algumas etapas da sua vida (Jr 32,12-16), chegando, mesmo, a refugiar-se com
ele no Egipto (Jr 43,1-7).
Pelo texto, vemos também que desempenhou uma tarefa
importante junto dos exilados, fazendo-se aí porta-voz do profeta de Anatot.
Mas o nome dado ao autor deste escrito é certamente um
pseudônimo, técnica muito comum no campo literário em todos os tempos, e também
no mundo bíblico. Isto é tanto mais provável quanto este livro não remonta ao
período do exílio da Babilônia, embora algumas das suas fontes e os episódios
narrados se situem nesse contexto.
LIVRO
Recolhendo estes elementos, um autor anônimo, que se
esconde por trás do nome de Baruc, compôs esta obra a partir de diversas fontes
e com gêneros literários diferentes.
O autor denota influências dos profetas da época do
Exílio, especialmente de Jeremias, Ezequiel e Segundo Isaías, quer nos temas
abordados, quer na forma literária. Também é de salientar a linguagem de tipo
sapiencial e mesmo apocalíptico, a que recorre com frequência.
Trata-se de um livro que não figura na Bíblia
hebraica, fazendo parte da lista dos chamados livros Deuterocanônicos. O texto
que chegou até nós é apenas conhecido na versão grega, sendo clara a intenção
de o apresentar como um livro profético.
DIVISÃO E
CONTEÚDO
Consta das partes seguintes:
Introdução histórica (1,1-14). Além de apresentar o
livro e o seu autor, relata o efeito que a sua leitura produziu sobre o rei, os
nobres e todo o povo.
I. Confissão dos pecados, em prosa (1,15-3,8): não é mais
do que uma espécie de “celebração penitencial” dos exilados da Babilônia.
II. Exortação sobre a sabedoria, em poesia (3,9-4,4):
é composta por uma exortação de tipo sapiencial e um oráculo sobre a
restauração de Jerusalém e o regresso do povo (4,5-5,9). Carta de Jeremias
(cap. 6,1-72): sob a forma de mensagem dirigida aos exilados da Babilônia, o
profeta critica a idolatria, exortando-os a não seguirem os ídolos da cidade
para onde tinham sido deportados. Em certas edições da Bíblia, a Carta de Jeremias
aparece como livro autônomo. Aqui colocamo-lo no fim de Baruc, sempre no
“Corpus” de Jeremias.
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