Pintura: Renato,SJ.
Texto: Wikipédia
Escatologia (do grego antigo εσχατος, "último",
mais o sufixo -logia) é uma parte da teologia e filosofia que trata dos últimos
eventos na história do mundo ou do destino final do gênero humano, comumente
denominado como fim do mundo. Em muitas religiões, o fim do mundo é um evento
futuro profetizado no texto sagrado ou no folclore. De forma ampla, escatologia
costuma relacionar-se com conceitos tais como Messias ou Era Messiânica, a
pós-vida, e a alma.
Conceito de várias
religiões
A maioria das religiões monoteístas ocidentais tem uma doutrina que prega
que seus membros 'escolhidos' ou 'valorosos' de uma fé verdadeira irão ser
poupados ou livrados do julgamento prometido e da fúria de Deus. Eles serão
conduzidos para o paraíso antes, durante ou após isto dependendo do cenário do
fim do mundo para que eles estejam esperando. Outras religiões politeístas
também possuem conceitos de um destino individual após a morte ou um ciclo de
renascimentos, sendo que algumas também apresentam a ideia de uma abrupta
transformação da situação colectiva da humanidade.
Cristianismo
Jesus Cristo, conforme registrado nos Evangelhos de Mateus, capítulos 24 e
25, Marcos, capítulo 13 e Lucas, capítulo 21, teceu considerações extensas
sobre aquilo que ensinou ser a sua próxima vinda ou "parúsia" bem
como o "fim do mundo". No entanto, afirmou que mais ninguém além de
Deus sabia quando isso viria a acontecer. As palavras gregas syntéleia e aión
que dão origem à expressão fim do mundo em algumas traduções da Bíblia, são no
entanto vertidas por outras expressões por diferentes tradutores. Tomando como
exemplo o versículo de Mateus 24:3, Versão Corrigida e Fiel, reza:
"E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os
seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e
que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?"
Assim, para muitos comentadores bíblicos, esta expressão permite conceber
um fim definitivo para o planeta Terra, junto com todo o seu conteúdo. Em
contraste, para vários outros, o que realmente chegará ao fim é uma
"era" e não a terra literal e seus habitantes, visto que aión é
diferente de kósmos, palavra que em geral designa o mundo da humanidade.
Também, as palavras "conclusão", "consumação" ou
"terminação" são traduções mais precisas da palavra grega syntéleia,
que é diferente de telos, usualmente traduzida por fim ou fim completo.
Alguns cristãos no Século I d.C. acreditavam que o fim do mundo ou das
eras, como consequência da segunda vinda de Cristo, ocorreria durante as suas
vidas. À base dos conselhos que o apóstolo Paulo deu aos cristãos em
Tessalônica, percebe-se que alguns argumentavam que a volta de Jesus era
iminente e que tais especuladores pregavam ativamente essa sua teoria. Parece
que alguns até mesmo usavam isso como desculpa para não trabalhar para o seu
próprio sustento. O apóstolo Paulo alertou então:
"Agora, irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso
encontro com ele, pedimos a vocês o seguinte: não se deixem perturbar tão
facilmente! Nem se assustem, como se o Dia do Senhor estivesse para chegar
logo, mesmo que isso esteja sendo veiculado por alguma suposta inspiração,
palavra, ou carta atribuída a nós." (II
Tessalonicenses 2:1-2) - Bíblia Pastoral da Editora São Paulo, 1993
No entanto, alguns anos mais tarde, a carta atribuída ao Apóstolo Pedro,
continha o seguinte alerta:
"Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo; em ambas,
procuro despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis
das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do
mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos, tendo em
conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus
escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa
da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem
como desde o princípio da criação." (II Pedro
3:1-4), Versão Revista e Atualizada
As palavras concludentes do último livro da Bíblia, Revelação ou
Apocalipse, expressam a esperança cristã da vinda de Cristo e da consequente
consumação dos tempos, com as seguintes palavras:
"Aquele que atesta essas coisas, diz: 'Sim! Venho muito em breve.'
Amém! Vem, Senhor Jesus!" (Apocalipse 22:20) -
Bíblia de Jerusalém, nova edição revista e ampliada, 2002
Com base nesta esperança do segundo advento de Jesus Cristo, várias
denominações cristãs vieram a desenvolver os seus conceitos, sendo que alguns
deles são divergentes, conforme se poderá observar na análise comparativa das
suas doutrinas.
Escolas de interpretação
Existem pelo menos três grandes correntes de interpretação das profecias
bíblicas escatológicas dentro do cristianismo:
Preterismo: as profecias se cumpriram no passado, tendo pouca ou nenhuma relevância na
vida dos seres humanos;
Futurismo: o cumprimento se dará num futuro distante, sem que as pessoas saibam
quando, como e o que realmente acontecerá.
Historicismo: os eventos proféticos, descritos literal ou simbolicamente, ocorrem com o
passar do tempo e são históricos, podendo ser interpretados de expressões-chave
contidas na profecia.
Catolicismo
Em 130 d.C. Justino, o Mártir acreditava que Deus estaria a atrasar o fim
do mundo porque desejava que o Cristianismo se tornasse uma religião mundial.
Por volta do Século III a maioria dos professos cristãos acreditava que o fim
dos tempos ocorreria depois de suas mortes. Em 250 d.C. Cipriano, Bispo de
Cartago, escreveu que os pecados dos cristãos eram um prelúdio e prova de que o
fim dos tempos estava próximo. Alguns, recorrendo às Tradições Judaicas,
fixaram o fim das eras na Sexta Idade do Mundo. Usando este sistema, o fim foi
anunciado para 202 d.C. mas, quando esta data passou, foi fixada uma nova data.
Na época de Clóvis I, considerado o fundador da França e que se converteu ao
catolicismo após ser entronizado como rei em 481 d.C., alguns escritores
católicos haviam apresentado a ideia de que o ano 500 d.C marcaria o fim do
mundo. Depois de 500 d.C., a importância e a expectativa da vinda do fim do
mundo ou das eras como parte dos fundamentos do Cristianismo foi marginalizada
e gradualmente abandonada. Apesar disso, surgiu um temporário reavivamento dos
temores relacionados com o fim dos tempos com a aproximação do milésimo ano do
nascimento de Cristo. Muitos acreditavam na iminência do fim do mundo ao se
aproximar o ano 1000. Segundo consta, as atividades artísticas e culturais nos
mosteiros da Europa praticamente cessaram. Eric Russell observou no seu livro
"Astrology and Prediction": "'Em vista da proximidade do fim do
mundo’ era uma expressão muito comum nos testamentos validados durante a
segunda metade do Século X."
Para muitos católicos hoje em dia, expressões tais como "Juízo Final",
"Dia do Juízo" ou "fim do mundo" suscitam visões dum ajuste
de contas final e da destruição da Terra. Sob o cabeçalho "Fim do
Mundo", o conceituado "Dictionnaire de Théologie Catholique"
(Dicionário de Teologia Católica), declara: "A Igreja Católica crê e
ensina que o mundo atual, assim como Deus o fez e assim como é, não durará para
sempre. Todas as criaturas visíveis feitas por Deus no decorrer das eras[...]
deixarão de existir e serão transformadas numa nova criação." Também, o
católico "Dictionary of Biblical Theology" (Dicionário de Teologia
Bíblica) exalta a criação como "a bondade de Deus", e, como "uma
verdadeira obra de arte", mas prossegue descrevendo como os elementos
literais, físicos, experimentarão uma "total inversão, mediante uma súbita
volta ao caos".
No entanto, muitos outros católicos rejeitam a idéia do "fim do
mundo", sendo que para eles, a expressão apenas indica um estado de
mudança das atuais condições do mundo para condições novas, tal como o mundo já
teria sofrido outras metamorfoses no passado. Interpretam a passagem do
Evangelho de João, no capítulo 14, versículo 12: "Em verdade, em verdade vos
digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda
maiores do que estas, porque vou para junto do Pai." como um sinal
de constante desenvolvimento e aperfeiçoamento infinito do homem.
O que diz o Compêndio do
Catecismo da Igreja Católica
A escatologia preocupa-se mais com o fim do mundo e com o destino colectivo
da humanidade do que com o destino individual das almas após a sua morte.
Acerca disso, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) ensina que
ocorrerá um Juízo final nos últimos momentos que precedem ao fim do mundo,
"do qual só Deus conhece o dia e a hora". Mesmo antes disso, Jesus
Cristo, que também "verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para
sempre", ressuscitará toda a humanidade, dando, mais concretamente, uma
nova vida, mas desta vez imortal, para todos os corpos que pereceram. Neste
momento, todas as almas, quer estejam no Céu, no Purgatório ou no Inferno,
regressarão definitivamente aos seus novos corpos.
Assim sendo, toda a humanidade reunir-se-á diante de Deus, mais
concretamente de Jesus, que irá regressar triunfalmente à terra "como juiz
dos vivos e dos mortos". Ele confirmará o julgamento realizado nos
inúmeros juízos particulares e permitirá consequentemente que o corpo
ressuscitado possa "participar na retribuição que a alma teve no juízo
particular". Esta retribuição consiste na "vida bem-aventurada"
e santa (para os que estão no Céu ou no Purgatório) ou "na condenação
eterna" (para os que estão no Inferno).
Depois do juízo final, dá-se finalmente o fim do mundo. O antigo mundo, que
foi criado no início por Deus, é "libertado da escravidão" do pecado
e transformado nos "«novos céus e na nova terra» (2 Ped 3,13)". Neste
novo estado de coisas, é também "alcançada a plenitude do Reino de Deus,
ou seja, a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular
em Cristo todas as coisas, as do céu e as da terra» (Ef 1,10)". Nesse
misterioso Reino, onde o mal é inexistente, os santos (ou salvos) gozarão a sua
felicidade eterna e "Deus será «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida
eterna", formando assim uma grande família e comunhão de amor. Os
condenados ou ímpios (maus) viverão para sempre no "fogo eterno" e
afastados do Reino de Deus.
Santos dos Últimos Dias
Os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acreditam
que Jesus Cristo, O Criador, irá aparecer antes de sua Segunda Vinda a líderes
e membros da Igreja que viveram em várias eras. Essa aparição ocorrerá em
Jackson County, Missouri, Estados Unidos. Posteriormente, na Segunda Vinda
propriamente dita, se estabelecerá em Jerusalém e dirigirá uma era de mil anos
de paz chamada de Milênio, quando Satanás irá ser banido. No fim do Milênio,
Satanás será solto e a terra entrará em uma guerra, a qual irá destruir o mundo
inicialmente com fogo, limpando a terra do mal. Todos os membros fiéis da
igreja SUD e todos os de coração quebrantado serão salvos da destruição e cada
homem ou mulher que já viveu na Terra, vivo ou morto, será ressuscitado, ou posto
em um estado de imortalidade.
O Julgamento Final que irá ocorrer no final de tudo, irá separar todas as
pessoas em três reinos divinos: o Reino Celestial, o Reino Terrestre, e o Reino
Telestial. No livro Doutrina e Convênios, Joseph Smith Jr., autor principal do
livro e o primeiro profeta e líder da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, classificou metaforicamente estes reinos em níveis de glória;
sol, a lua, e as estrelas. O sol dá origem a brilho, e se relaciona a glória do
reino celestial, o qual é para aqueles que obedecem a todos os mandamentos,
vivem de forma justa, e receberam as ordenanças do evangelho. A lua, o segundo
em ordem de brilho, se relaciona com o Reino Terrestre, o qual é para aqueles
que foram corretos em certo sentido, mas não obedeceram constantemente a cada
mandamento e/ou não receberam as ordenanças do evangelho. As estrelas, sendo as
menos brilhantes, se relacionam ao Reino Telestial, para aqueles que não foram
corretos, significando aqueles que constantemente não obedeceram aos
mandamentos. Um pequeno grupo de pessoas, as quais ele chama Filhos da
Perdição, irão para onde Satanás será enviado, lugar denominado Trevas
Exteriores. Uma destas pessoas foi Caim, do relato de Caim e Abel livro do
Gênesis.
Testemunhas de Jeová
As Testemunhas de Jeová acreditam que a Terra jamais será destruída,
segundo o que a bíblia diz nos versículos bíblicos tais como Eclesiastes 1:4,
Isaías 45:18 e Salmos 37:29. Ensinam que o propósito de Deus é que o planeta se
encha de humanos e que, portanto, a expressão "fim do mundo", ou
"fim do sistema de coisas" conforme a versão da Bíblia que usam e
todas as outras versões da Bíblia ; refere-se à ocasião em que Deus, através do
seu Filho Jesus Cristo, estabelecerá um reino ou governo global, eliminando
todos os outros governos humanos.
Cristianismo Ortodoxo
A doutrina do cristianismo sofreu variações pelo tempo. Desde os tempos do
Antigo Testamento, que o povo judeu ouvia dos profetas que haveria , em um
futuro, ou um fim de todos os males, em que Deus castigaria os injustos. já no
Novo Testamento, Jesus mesmo faz menção deste tempo (kairoi). Ou seja, haveria
um (eschaton-kairos)..
Diferenças na interpretação, tem se dividido entre os estudiosos. Isto se
deu bem no tempo de Jesus Mt 16.1-4, de Paulo At 17.17,18. Segundo Bultmann,
Jesus esteve de acordo com os escribas de seu tempo, em observar a lei. Mt
19.16-22.
Desde o primeiro século dominou-se entre os apóstolos o desejo de entender
o antigo testamento. Contudo o método alegórico eram praticados por Clemente de
Alexandria, Orígenes e Santo Agostinho.
Já na escola de Antioquia, havia grupos que tentaram evitar o letrismo e a
alegoria que havia em Alexandria.
No seculo XII, surgiu Nicolau de Lyra que trouxe um significado importante
do literal. Foi desta obra que Lutero se abrilhantou, e muitos creem que foi
esta obra que influenciou-o a reforma (século XVI). Dai surgiu Calvino, e com
ele surgiu grandes princípios para a interpretação moderna. Foi dentro desta
época que surgiram várias escolas especializadas em "escatologia",
cada uma com suas interpretações:
Pré-milenarismo
Creem que Jesus arrebatará a sua igreja antes dos mil anos, e após o
arrebatamento a terra passará pelo período da grande tribulação em que os
judeus vão ser duramente perseguidos junto com os remanescentes que ficarem.
Esta posição foi adotada por Agostinho, despopularizado em tempos futuros e
revitalizado com a volta dos judeus a terra da palestina. Atualmente esta
escola se tornou sinônimo do dispensacionalismo, mas há uma discordância entre
os pré-milenaristas clássicos e os dispensacionalistas.
Pós-milenarismo
Creem que através da evangelização, o mundo finalmente será de Cristo.
Cristo voltará a terra no fim do milênio. Surgiu com as grandes missões do
século XVIII e XIX, porém com as Grandes Guerras Mundiais e a percepção de que
a humanidade não progrediu com a mensagem do Evangelho diminuiu o número de
adeptos desta vertente escatológica.
Amilenarismo
Aqui o milênio é simbólico, e o tempo se refere à primeira e à segunda
vinda de Cristo, nada aqui é literal. É a escola mais antiga que surgiu, tendo
existido desde os primórdios da igreja cristã.
Budismo
Buda predisse que seus ensinamentos irão desaparecer depois de 500 anos. De
acordo com Sutta Pitaka, as dez normas de conduta moral irão desaparecer e as
pessoas irão seguir os dez conceitos imorais do roubo, violência, mentira,
difamação, adultério, conversa ociosa e abusiva, desejos de cobiça e maldade,
ambição desenfreada, e perversão sexual que resultariam no aumento da miséria
espiritual e no fim das leis seculares da verdade de darma
Em termos budistas, o conceito básico da salvação é a libertação das leis
do karma e samsara, bem como chegar ao Nirvana. Os textos budistas dizem que é
impossível descrever ou explicar o que é o Nirvana, podendo apenas ser
vivenciado. Não é um céu, para onde a pessoa vai após a morte, mas sim uma
consecução que está ao alcance de todos, aqui e agora. Afirma-se que a própria
palavra significa "apagar, extinguir". Assim, alguns definem o
Nirvana como a cessação de toda paixão e desejo; uma existência isenta de todo
sentimento sensorial, como a dor, o medo, a ânsia, o amor ou o ódio; um estado
de eterna paz, descanso e imutabilidade. Essencialmente, diz-se ser a cessação
da existência individual.
Hinduísmo
As profecias tradicionais dos Hindus, tal como são descritas nos Puranas e
em vários outros textos Hindus, dizem que o mundo deverá cair no caos e
degradação. Haverá então um rápido influxo de perversidade, inveja e conflito,
e este estado foi descrito como:
"Quando o estelionato, letargia, apatia, violência, desânimo,
tristeza, desilusão, medo e superação da pobreza... quando o homem, preenchido
com este conceito, considerar a si próprio um igual com o Brahma... esta é o
Kali Yuga."
Isto é seguido pela manifestação do décimo e futuro avatar. Deus deverá
manifestar-se como Avatar Kalki. Ele é "retratado como um jovem magnífico
cavalgando num grande cavalo branco com uma espada semelhante a um meteoro
fazendo chover morte e destruição por todos os lados" (Religiões da Índia,
em inglês) "A sua vinda restabelecerá a justiça na terra, e a volta de uma
era de pureza e inocência." (Dicionário do Hinduísmo, em inglês). Avatar
Kalki irá estabelecer a ordem sobre a terra e a mente das pessoas tornar-se-á
pura como um cristal. Como um resultado disto, o Sat ou Krta Yuga (idade dourada)
será restabelecida.
Islamismo
No Islamismo, existe a crença que no Dia do Juízo, Deus irá ressuscitar e
julgar os mortos, mandando os justos para o Céu e os que não mostrarem
arrependimentos de suas maldades para o Inferno. As origens históricas da
escatologia Islâmica parecem ser bem similares à Cristã, visto que Maomé
ensinou aos seus companheiros, que alguns deles iriam ver o fim das coisas no
decorrer de suas vidas, tal como se entende que Jesus ensinou a seus
discípulos.
Judaísmo
No Judaísmo, o fim do mundo é chamado de acharit hayamim (fim dos dias).
Eventos tumultuosos abalarão a velha ordem do mundo, criando uma nova ordem na
qual Deus é universalmente reconhecido como a nova lei que organiza tudo e
todos. Uma das sagas do Talmud diz "Deixe o fim dos dias chegar, mas eu
não devo estar vivo para presenciá-lo", porque os vivos na ocasião serão
submetidos a tais conflitos e sofrimentos.
O Talmud, no folheto Avodah Zarah, página 9A, estabelece que o mundo como o
conhecemos somente irá existir por seis mil anos. O calendário judaico tem seu
início determinado pela hipótese que o tempo começou na Criação da alma de Adão
por Deus, conforme relatado no Gênesis. Muitas pessoas (nomeadamente judeus
conservadores e alguns cristãos) acreditam que os anos da Torah, ou Bíblia
Judaica, devem ser considerados simbólicos. De acordo com antigos ensinamentos
judaicos, atualmente ministrados por judeus ortodoxos, os anos relatados são
consistentes com a passagem das eras, com 24 horas por dia e uma média de 365 dias
por ano. Tal conclusão foi alcançada após realizarem-se as apropriadas
calibrações, considerando a incongruência entre o calendário lunar e o
calendário solar, já que o calendário judaico é baseado em ambos. O ano de 2006
equivale, assim, a 5766 anos desde a Criação, no calendário judaico. Portanto,
de acordo com o cálculo, o fim do mundo, pelos preceitos judaicos, ocorrerá em
30 de setembro de 2239.
De acordo com essa tradição, o fim do mundo irá presenciar os seguintes
eventos:
-Reunião dos judeus exilados na terra geográfica de Israel .
-Derrota de todos os inimigos de Israel.
-Construção do terceiro Templo de Jerusalém e a restauração dos sacrifícios
e serviços nele.
-Revitalização dos mortos ou ressurreição.
Depois do ano 6000 (no calendário judeu), o sétimo milênio será uma era de
santidade, tranqüilidade, vida espiritual e paz mundial, conhecida como o Olam
Haba (mundo futuro), durante o qual todas as pessoas conhecerão a Deus
diretamente. A festividade judaica do Rosh Hashanah tem muitos aspectos em
comum com a crença islâmica de Qiyamah.
No Judaísmo, contudo, o relato do fim dos dias é muito pouco claro, sem se
referir a quando tais eventos ocorrerão. Por exemplo, não se esclarece com
precisão se o fim dos dias irá ocorrer antes, durante ou depois do ano 6000.
Muito depende da forma como se interpreta a lei judaica. Alguns também afirmam
que estes eventos tumultuados trarão dificuldades espirituais, tais como a
imortalidade.
Zoroastrismo
A doutrina de Zaratustra (Zoroastro) é escatológica. De acordo com os seus
preceitos, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos, ocorreria a
segunda vinda de Zaratustra como um sinal e uma promessa de redenção final dos
bons. No final dos tempos haveria o julgamento derradeiro de todas as almas e a
ressurreição dos mortos.
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