A
ORAÇÃO DE REPETIÇÃO
(EE. 62; 118)
O objetivo deste “segundo
olhar” (pausa) sobre aqueles pontos
em que a oração se revelou mais suculenta, problemática ou frutífera para a
pessoa é ajudá-la a fazer uma oração mais simples
e personalizada e a atender ao que é mais importante para si na ocasião concreta da sua vida.
Agora, já não é o orientador dos Exercícios que propõe a matéria
da oração à pessoa, mas é ela que propõe a matéria a si mesma, aquela que mais significado tem para si.
Trata-se de uma sabedoria espiritual que diz que a atenção
não pode atender a muitas coisas ao mesmo tempo, sob pena de se perder no meio
delas e não obter nenhum fruto. O fruto espiritual vem da atenção que se
concentra não em muita coisa mas no essencial,
durante o tempo que for necessário.
Não creia que cada exercício se “esgota” com um tempo de oração. Volte a ele e “rumine-o” várias vezes até que você sinta que deve passar para
outra perspectiva. Ao repetí-lo, você tem a vantagem de ir direto ao essencial,
de simplificar a oração e conectá-la com seu núcleo que, de uma maneira mais
afetiva que intelectual, lhe conduz a si mesmo e ao Senhor.
Em lugar de passar continuamente de um texto a outro, é muito
proveitoso orar várias vezes o mesmo texto, para permitir-lhe que nos diga tudo
o que nos quer dizer. Mas a oração de REPETIÇÃO, segundo S. Inácio, tem traços ainda mais definidos. Trata-se de
“parar-nos” numa palavra sobre
a qual já temos orado e que já nos tem
dito algo (uma resposta ou um questionamento). O elemento do texto que
provocou o “sabor” ou a “resistência” dá o sinal: eu me ofereço a prosseguir este trabalho em mim.
Modo de proceder
* Nas re-leituras de uma ou várias orações precedentes, ver quê versículos me impactaram ( pelo tem-
po que nos demoramos
neles, ou pelo gosto espiritual, ou
pela resistência...) mesmo que se
encontrem
em textos diferentes.
* Estes versículos bem identificados (posso também sublinhá-los),
serão a matéria de minha oração.
* Iniciar o tempo de oração como de costume.
* Abordar o primeiro versículo selecionado, seu conteúdo: aprofundar nele, interiorizá-lo.
* É possível que esta palavra me
diga mais, ou algo diferente, ou de outra forma, ou nada mais.
* Não se trata de repetir (ou mudar) o sentimento da oração
precedente.
* Se não encontro o mesmo “gosto
espiritual”, procuro aderir-me na
fé, na paz e no silêncio a esta pala-
vra que não produz em mim consolação
sensível. Se agora encontro “gosto
espiritual”, fico aí.
* À luz do que senti na
oração precedente, gravo na memória tudo o que aclara, confirma ou interpela.
* Converso com o Senhor a
propósito de tudo isso.
* E passo a outro versículo dos que havia preparado.
Às vezes é
conveniente e acertado fazer uma segunda e até terceira repetição sobre o
versículo ou versículos que despertaram em mim “gosto espiritual” ou “resistências”.
Por quê a oração de REPETIÇÃO?
- Os movimentos (alegria,
sabor, secura, paz...) sentidos
ao orar sobre um texto dado, são um sinal.
- Um versículo evocou um aspecto
de minha vida, uma dimensão de meu
ser, de minha vocação. Incomoda-me; me sacode.
- Repetir afina a escuta
de Deus, dá tempo à Palavra para que se
pouse de verdade, se encarne, “continue seu
caminho em mim”. Simplifica minha oração e decanta meus sentimentos.
- Depura minha relação com Deus, com meus sentimentos, com minhas
idéias. Põe em destaque as constantes, as
graças de Deus. Permite descobrir
melhor o essencial naquilo que o Senhor me quer dizer.
Evitar
... tomar como ponto de partida as imagens ou recordações vagas sobre os versículos em questão: prepará-los
bem, demarcá-los para voltar sobre eles de forma objetiva.
... querer “fazer que
voltem” os sentimentos saboreados antes.
... começar a oração de repetição sem ter-se colocado na presença
de Deus: “estou aqui por Ele e não pelo
que desejaria voltar a sentir”
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