quarta-feira, 8 de junho de 2016

A Oração de repetição nos EE


 
A ORAÇÃO DE REPETIÇÃO

(EE.  62; 118)

 

O objetivo deste “segundo olhar” (pausa) sobre aqueles pontos em que a oração se revelou mais suculenta, problemática ou frutífera para a pessoa é ajudá-la a fazer uma oração mais simples e personalizada e a atender ao que é mais importante para si  na ocasião concreta da sua vida.

 

Agora, já não é o orientador dos Exercícios que propõe a matéria da oração à pessoa, mas é ela que propõe a matéria a si mesma, aquela que mais significado tem para si.

 

Trata-se de uma sabedoria espiritual que diz que a atenção não pode atender a muitas coisas ao mesmo tempo, sob pena de se perder no meio delas e não obter nenhum fruto. O fruto espiritual vem da atenção que se concentra não em muita coisa mas no essencial, durante o tempo que for necessário.

            

Não creia que cada exercício se “esgota” com um tempo de oração. Volte a ele e “rumine-o” várias vezes até que você sinta que deve passar para outra perspectiva. Ao repetí-lo, você tem a vantagem de ir direto ao essencial, de simplificar a oração e conectá-la com seu núcleo que, de uma maneira mais afetiva que intelectual, lhe conduz a si mesmo e ao Senhor.

 

Em lugar de passar continuamente de um texto a outro, é muito proveitoso orar várias vezes o mesmo texto, para permitir-lhe que nos diga tudo o que nos quer dizer. Mas a oração de REPETIÇÃO, segundo S. Inácio, tem traços ainda mais definidos. Trata-se de “parar-nos” numa palavra sobre a qual já temos orado e que já nos tem dito algo (uma resposta ou um questionamento). O elemento do texto que provocou o “sabor” ou a “resistência” dá o sinal: eu me ofereço a prosseguir este trabalho em mim.

 

Modo de proceder


 

* Nas re-leituras de uma ou várias orações precedentes, ver quê versículos me impactaram ( pelo tem-

   po que nos demoramos neles, ou pelo gosto espiritual, ou pela resistência...) mesmo que se encontrem 

   em textos diferentes.

* Estes versículos bem identificados (posso também sublinhá-los), serão a matéria de minha oração.

* Iniciar o tempo de oração como de costume.

* Abordar o primeiro versículo selecionado, seu conteúdo: aprofundar nele, interiorizá-lo.

* É possível que esta palavra me diga mais, ou algo diferente, ou de outra forma, ou nada mais.

* Não se trata de repetir (ou mudar) o sentimento da oração precedente.

* Se não encontro o mesmo “gosto espiritual”,  procuro aderir-me na fé, na paz e no silêncio a esta pala-

   vra que não produz em mim consolação sensível. Se agora encontro “gosto espiritual”, fico aí.

* À luz do que senti na oração precedente, gravo na memória tudo o que aclara, confirma ou interpela.

* Converso com o Senhor a propósito de tudo isso.

* E passo a outro versículo dos que havia preparado.

          Às vezes é conveniente e acertado fazer uma segunda e até terceira repetição sobre o versículo ou versículos que despertaram em mim “gosto espiritual” ou “resistências”.

 

Por quê a oração de REPETIÇÃO?


 

- Os movimentos (alegria, sabor, secura, paz...)  sentidos ao  orar sobre um texto dado, são um sinal.

- Um versículo evocou um aspecto de minha vida, uma dimensão de meu ser, de minha vocação. Incomoda-me; me sacode.

- Repetir afina a escuta de Deus, dá tempo à Palavra para que  se pouse de verdade, se encarne, “continue seu caminho em mim”.  Simplifica  minha oração e decanta meus sentimentos.

- Depura minha relação com Deus, com meus sentimentos, com minhas idéias. Põe em destaque as constantes, as graças de Deus. Permite descobrir melhor o essencial naquilo que o Senhor me quer dizer.

 

Evitar


... tomar como ponto de partida as imagens ou recordações vagas sobre os versículos em questão: prepará-los bem, demarcá-los para voltar sobre eles de forma objetiva.

... querer “fazer que voltem” os sentimentos saboreados antes.

... começar a oração de repetição sem ter-se colocado na presença de Deus: “estou aqui por Ele e não pelo que desejaria voltar a sentir”

Nenhum comentário:

Postar um comentário