Isaías
O Livro de Isaías é um livro profético do Antigo Testamento, vem depois
do livro de Ben Sira e antes do Livro de Jeremias. É uma peça central da
literatura profética do VT, na Bíblia. Sua importância é refletida também no
Novo Testamento, considerando-se que há mais de 400 referências diretas ao
livro, feitas pelos evangelistas e apóstolos.
O forte caráter e ênfase messiânicos percebidos em toda a extensão do
documento, muito provavelmente colaboraram para conceder ao livro tamanha
proporção referencial entre os autores do Novo Testamento. Por causa disto
também, Isaías recebeu o epíteto de "o quinto evangelista".
Em seus dias, Isaías viveu e narrou a tensão política e militar que o
território de Israel experimentava, com eventos decorrentes principalmente de
um panorama marcado por intensas e contínuas atividades bélicas e
expansionistas que estavam sendo realizadas pela monarquia egípcia, ao sul, e
pelos caldeus, ao Leste.
O início do ministério profético de Isaías situa-se em 754 A.C., coincidindo
com 2 datas históricas precisas: a morte do Rei Uzias de Judá, e a fundação de
Roma.
O autor
Isaías, filho de Amoz (não Amós, o profeta vaqueiro), nasceu por volta de
765 AC e viveu na corte dos reis de Judá. Há indicações de que talvez fosse
primo de Uzias. Escriba e relator dos anais históricos da casa davídica, tinha
preeminência e liberdade suficiente para transitar próximo ao poder político e
tomar conhecimento, em primeira mão, das políticas e estratégias do Estado
monarca judeu.
Letrado, culto e politicamente privilegiado, pode ter feito parte da
casta sacerdotal de Jerusalém.
Em 740 AC, ano da morte do Rei Uzias (ou Azarias ou Ozias), ele recebeu
sua vocação profética, e exerceu seu ministério por quarenta anos, numa época
de crescente ameaça que a Assíria fazia pesar sobre os Reinos de Israel e Judá,
durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, e provavelmente também, durante
seus últimos oito anos de vida, sob a opressão maligna do reinado de Manassés,
que mandou serrar Isaías ao meio quando o profeta tinha 92 anos de idade,
segundo um livro apócrifo do século I DC, Vida dos Profetas, escrito por um
anônimo judeu da Palestina. Isaías, foi o primeiro profeta dos Profetas
Maiores.
Pluralidade de autores
Embora a teologia tradicional judaico-cristã defenda a existência de um
único autor, respaldada por Eclesiástico 48:24-25, existem fortes evidências de
que o livro foi obra de mais de um autor, merecendo destaque o início do
capítulo 40, onde se verifica a descontinuidade entre o Primeiro e o Segundo
Isaías, pois ocorre uma mudança abrupta do século VIII AC para o período do
Exílio na Babilônia (século VI AC), não se fala mais uma única vez de Isaías e
a Assíria é substituída pela Babilônia, cujo nome é mencionado com frequência,
assim como o nome de Ciro II, rei dos medos e persas. Havendo estudos que
indicam que dos 66 capítulos do livro, menos de 20 foram escritos pelo profeta
do século VIII AC que viveu durante os governos dos reis Joatão (739-734 AC),
Acaz (734 ou 733 - 716 AC) e Ezequias (716 ou 715 - 699 ou 698 AC), estando
tais capítulos concentrados na primeira parte do livro, que engloba os caps. 1
a 39, também conhecida como Proto-Isaías ou Primeiro Isaías.
Portanto, para alguns críticos o Livro de Isaías é uma coletânea de profecias
proféticas de épocas bem diferentes, cuja redação final deve ter acontecido por
volta de 400 AC, ou mesmo mais posteriormente. Segundo os mesmos, trezentos
anos depois da morte de Isaías ainda se atualizavam suas palavras, pois mesmo
as profecias da época dele foram relidos na perspectiva pós-exílica. A
afirmação crítica baseia-se em que, seria impossível prever com mais de 300
anos de antecedência o nome do Rei (Ciro) que destruiria Babilônia, conforme
declarado no livro de Isaías.
Porém, para outros estudiosos, verifica-se que, antes dos séculos XX e XI
nunca se questionou sobre a, segundo sua crença, singularidade da autoria do
livro de Isaías. Por exemplo, nos rolos de Isaías, conforme encontrados próximo
ao Mar Morto, datados do Terceiro Século AC, a parte que se refere à divisão de
autores afirmada por críticos (que seria do capítulo 40 em diante) não
apresenta quaisquer alterações ou indicações na coluna de que o autor
diferisse.
É digno de nota que, nesses escritos, a última linha do que hoje chamamos
de capítulo 39 do livro de Isaías é sucedida, na mesma linha, pelo que hoje
chamamos de capítulo 40. Foi somente na Idade Média que os rolos tornaram-se
livros e posteriormente, foram divididos em capítulos e versículos. Portanto,
segundo a evidência dos pergaminhos e rolos encontrados próximos ao Mar Morto,
e para os copistas (os rolos possuem uma diferença de apenas 400 anos dos
escritos originais), não havia pluralidade de escritores dos livros. Para os
que defendem a unicidade da escrita do livro de Isaías, os copistas, se
soubessem que havia mais de um escritor, assim declarariam e fariam uma clara
divisão das partes do livro, assim como ocorre no que temos hoje compilado dos
livros de Salmos e Provérbios, além de outros.
Outro fator ainda que, para os defensores de que Isaías é o único
escritor do livro que hoje leva o seu nome é de que, segundo a tradição
judaica, em hipótese alguma os copistas poderiam substituir palavras ou trocar
seu significado. O cuidado ao fazer as cópias era muito grande, havendo
revisores para o trabalho. Os copistas acreditavam que, se alterassem os
escritos, poderiam sofrer maldições divinas. Porém, é de unânime concordância
que os erros gramaticais são de fato encontrados, porém, não de sentido.
Hoje, não há suficientes provas para afirmar de modo veemente os dois
lados da história, sendo que, ambos os lados, baseiam-se em teorias (de ambos
os lados, fundamentadas na história e na ciência). Isso é ocasionado por, até o
momento, os escritos originais não terem sido encontrados. Somente com os
escritos originais, datados dos tempos que o livro de Isaías abrange
poder-se-ia dar um ponto final na discussão. Isso é pouco provável de
acontecer, em vista do passar do tempo e da deterioração. Portanto, os escritos
mais confiáveis e antigos que contemos hoje são os encontrados próximo ao Mar
Morto.
O horizonte de leitura do livro completo de Isaías é o da época persa e
da comunidade judaica pós-exílica.
Plano da obra
O livro que traz o nome de Isaías pode ser dividido em três grandes
partes:
Primeiro Isaías
Os capítulos 1 a 39 contêm a mensagem do profeta chamado Isaías, cuja
preocupação central é a santidade de Deus, ou seja, só Deus é absoluto. Em meio
a grandes mudanças políticas internacionais, Isaías condena a aliança com as
grandes potências, mostrando que a nação só será salva se permanecer fiel a
Deus e ao seu projeto, no qual a justiça é o valor supremo. Assim, uma
espiritualidade baseada na santidade de Deus conduz o profeta a uma fé
política, que combate os ídolos presentes na sociedade. Ele fala também do
Emanuel (7,14), no qual o Novo Testamento viu Jesus Cristo, que veio ao mundo
para salvar o seu povo,[6] mais especificamente, pode-se subdividir esta parte
em quatro etapas cronológicas:
os capítulos 1 a 5 têm como foco a corrupção moral que a prosperidade
tinha provocado em Judá e refletem o período até a subida de Acaz ao trono em
736 AC; no período seguinte o rei de Damasco: Rason e o rei do Reino de Israel
Setentrional: Faceia chama o jovem Acaz a se aliar com eles contra o rei da
Assíria: Tiglate-Pileser III, Acaz se alia à Assíria e é atacado;
Judá sob a tutela da Assíria, destruição do Reino de Israel Setentrional
em 721 AC, Ezequias sucede Acaz em 716 AC, aliança com o Egito contra a Assíria;
revolta contra a Assíria, Senaqueribe arrasa a Palestina em 701 AC, Jerusalém
resiste.
Mesmo essa primeira parte não pode ser atribuída inteiramente ao Isaías
histórico: os oráculos contra as nações estrangeiras (caps. 13 e 23),
incorporam trechos posteriores, em particular os caps. 13 e 14 que são do tempo
do Exílio na Babilônia, também são de composição posterior o Apocalipse de
Isaías (caps 24 a 27), que não é anterior ao séc. V AC, e os caps 33 a 39. Outra
possível subdivisão destes primeiros 39 capítulos seria na forma do seguinte
sumário:
cap. 1 - Introdução ao conjunto do livro;
caps. 2 a 12 - Profecias sobre Israel e Judá;
caps. 13 a 23 - Profecias sobre as nações estrangeiras;
caps. 24 a 27 - Apocalipse de Isaías;
caps. 28 a 33 - Profecias de promessas e ameaças sobre Israel e Judá;
(semelhante aos caps. 02 a 12);
caps. 34 a 35 - Outros fragmentos apocalípticos,que provavelmente foram
escritos pelo Segundo Isaías, no tempo do Exílio na Babilônia;
caps. 36 a 39 - Relatos sobre a atividade de Isaías no momento da
campanha de Senaqueribe contra Jerusalém.
Contra a falsa religião
Na época de Isaías, as pessoas frequentavam o Templo, mas para o profeta
isso não basta, pois encher o Templo com iniquidade e solenidade é um erro
enorme (1:10-20), isso porque as pessoas que levam ofertas para Jeová são as
mesmas que não se importam em fazer o direito (mishpât) funcionar, que não
fazem justiça ao desprotegido órfão e à abandonada viúva. Isaías, em um dos
textos proféticos mais violentos contra um culto que funciona só para mascarar
as injustiças que se cometem no dia-a-dia, pede aos príncipes de Sodoma e ao
povo de - na verdade, de Jerusalém - para ouvirem a palavra do Senhor:
10 Escutem a palavra do Senhor, chefes de Sodoma; preste atenção ao
ensinamento do nosso Deus, ó povo de Gomorra:11 Que me interessa a quantidade
dos seus sacrifícios? - diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros
e da gordura de novilhos. Não gosto do sangue de bois, carneiros e cabritos.12
Quando vocês vêm à minha presença e pisam meus átrios, quem exige algo da mão
de vocês?13 Parem de trazer ofertas inúteis. O incenso é coisa nojenta para
mim; luas novas, sábados, assembleias… não suporto injustiça junto com
solenidade. (1:10-13).16 Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as
maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal,17 aprendam a fazer o bem:
busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a
causa da viúva. (1:16-17)
Crítica à injustiça
social
O profeta denuncia o comportamento dos ricos e latifundiários, dos que
vivem em grandes festas custeadas pelo trabalho dos pobres, dos que exploram o
povo negando-lhe a justiça e dos que se fazem grandes e importantes vivendo em
grandes banquetes (5:8-24).
Ai daqueles que juntam casa com casa e emendam campo a campo, até que não
sobre mais espaço e sejam os únicos a habitarem no meio do país. (5:8)
Nesse aspecto destaca-se sua semelhança com o profeta Amós, até porque
eles são quase contemporâneos: Amós é de 760 AC e Isaías inicia sua atividade
em 740 AC. A problemática social era a mesma para ambos, embora Amós fosse um
camponês e Isaías um homem culto ligado à corte, ambos atacam os grupos
dominantes da sociedade: autoridades, magistrados, latifundiários, políticos.
Isaías é duro e irônico com as damas da classe alta de Jerusalém
(3:16-24), assim como Amós o fora com as madames de Samaria em Am 4:1-3, além
disso Isaías defende, com paixão, órfãos, viúvas, oprimidos, o povo explorado e
desgovernado pelos governantes, denuncia igualmente a máscara da religião que
encobre a injustiça (1:10-20), do mesmo modo que Amós em (2:6-16), (4:4-5) e
5:21-27.
Época de Acaz
Nessa época ocorreu uma grande crise política e militar em Judá,
provocada pela crescente ameaça do Império Assírio e pelos muitos erros do
governo de Judá. Era o tempo da política expansionista do rei Tiglate-Pileser
III, iniciada em 745 AC, que implicava numa grave ameaça para os pequenos
reinos da região. Israel Setentrional, Damasco e outros da região tornaram-se
tributários da Assíria. Golpes de Estado em Israel, alianças contra ou a favor
da Assíria faziam parte da política internacional da época.
Facéia, um rei golpista , de Israel, fez uma aliança com o Damasco e
ambos decidiram invadir Judá, derrubar Acaz e colocar um estrangeiro em seu
lugar, para usar o reino do sul numa coalizão militar contra a Assíria,
trata-se da Guerra Siro-efraimita, iniciada em 734 AC. Acaz pede o auxílio da
Assíria e Tiglate-Pileser III tomou Damasco e 3/4 de Israel, restando apenas a
Samaria que, posteriormente (em 722 AC), foi tomada pelas tropas assírias de
Salmanasar V e de Sargão II.
Como preço pelo auxílio da Assíria, Judá perdeu sua independência, Acaz
viu-se obrigado a reconhecer os deuses assírios como seus libertadores e a
prestar-lhes culto, apresentar-se a Tiglate-Pileser III para prestar-lhe
obediência e pagar pesados tributos, o que resultou num aumento os impostos
pagos pelo povo, aumentando as injustiças que antes já eram denunciadas por
Isaías. Nesse contexto, a religião oficial procurava encobrir os problemas com
grandes festas.
Esperança em Ezequias
Alguns teólogos denominam a parte do Livro de Isaías compreendida entre o
início do cap. 7 até o sexto vers. do cap. 12 (7:1-12:6) como Livro do Emanuel
(7:14), estima-se que essa parte da obra foi escrita e, portanto, deve ser
interpretada no contexto da Guerra Siro-efraimita e da consequente dependência
da Assíria. São seis capítulos organizados pelo redator do livro de Isaías em
torno de três temas:
os sinais, como o do menino que vai nascer (7:14-15);
o binômio invasão/libertação, que aparece em vários textos;
o significado de nomes próprios.
O início do cap. 7 (7:1-17), revela a esperança do profeta em Ezequias. É
um texto que deve ser lido considerando-se a existência de dois blocos
distintos:
O primeiro bloco (7:1-9), relata o encontro de Isaías
com Acaz, às vésperas da Guerra Siro-efraimita, em 734 ou 733 AC. Quando os
reis de Damasco e de Samaria planejam invadir Judá para depor Acaz e no seu
lugar colocar um rei não-davídico - o filho de Tabeel - que envolveria o país
na coalizão contra o Império Assírio, Isaías vai ao encontro de Acaz, que está
cuidando das defesas de Jerusalém.
O segundo bloco (7:10-17) relata novo encontro de
Isaías com Acaz, desta vez, talvez, no palácio, no qual o profeta oferece ao
rei um sinal de que tudo se arranjará diante da ameaça siro-efraimita. Com a
recusa do rei em pedir um sinal a Jeová, Isaías muda de tom e relata a Acaz que
Jeová, por própria iniciativa, dar-lhe-á um sinal, que consiste no seguinte: a
jovem mulher dará à luz um filho, seu nome será Emanuel (Deus-conosco) e ele
comerá coalhada e mel até que chegue ao uso da razão.
É razoável concluir que a jovem mulher seja jovem rainha, mãe de
Ezequias, considerando-se que Isaías falou a Acaz nos primeiros meses de 733
AC, e Ezequias teria nascido no inverno de 733-32 AC.
Isaías volta a falar de Ezequias no início do cap. 9 (8:23b-9:6), pois
este início de capítulo deve compreendido em conjunto com o final do cap. 8, no
qual menciona as três regiões de Israel conquistadas entre 734 e 732 AC por
[Tiglate-Pileser III]], que são: Zabulão (caminho do mar), Neftali (o
além-Jordão) e a Galileia (o território das nações). Isaías fala destas regiões
para despertar a esperança: Jeová, que humilhou estas terras, as cobrirá de
glória. E o povo, que vivia nas trevas e na tristeza, viverá na luz e na
alegria. Uma alegria enorme, que é causada pelo fim da opressão (o jugo, a
canga e o bastão do opressor foram quebrados), pelo fim da guerra (a bota e o
uniforme militar foram queimados) e, principalmente, pelo nascimento de um
menino em Judá.
Este menino é um personagem da casa real, de acordo com os quatro títulos
que lhe são atribuídos em 9:5, títulos que parecem ser características
sobre-humanas e messiânicas, mas que podem caber bem aos reis, segundo a
mentalidade da época: a sabedoria do rei na administração (Conselheiro), sua
capacidade militar (Deus-forte), zelo pela prosperidade do povo (Pai),
preocupação com a felicidade do povo (Príncipe-da-paz), além disso 9:6
esclarece que este menino é da "casa de David" e caracteriza suas
ações: governará com direito e justiça, e, por isso, deve tratar-se de
Ezequias.
Isaías volta a referir-se a Ezequias no início do cap. 11 (11:1-9), pois
o ponto de referência do profeta continua sendo um rei da época, descendente de
David, que salvaria o país da catástrofe. O texto fala de um personagem régio
(11:1), de suas qualidades (11:2), de sua atuação (11:3b-5), da instauração de
uma nova realidade (11:6-8) para concluir que então haverá em Israel
conhecimento de Javé.
Este personagem esperado, fiel a Jeová, vai instaurar um reino de justiça
e paz, onde o pobre e o oprimido serão protegidos contra a prepotência dos
poderosos. Justiça e paz que são simbolizadas, no poema, pela convivência
harmoniosa de animais selvagens e domésticos. A identificação deste personagem
da família davídica é problemática. Alguns acreditam que o poema trata da
utopia profética de Isaías por ocasião da coroação de Ezequias como rei em 716
ou 715 AC. Outros defendem que se Ezequias fora o objeto da esperança de Isaías
de tirar o país da crise, como aparece em 7:1-17 e 8:23b-9:6, agora,
decepcionado com sua política pró-egípcia que acaba provocando a invasão do
assírio Senaqueribe, pensa em alguém que no futuro possa resgatar Israel.
Ezequias tomou posse como rei em 716 a.C. ou 715 a.C., após a morte de
seu pai Acaz, e aproveitou a pouca vigilância assíria para fazer uma reforma em
Judá. Foi uma reforma religiosa, social e econômica, na qual defendeu os
artesãos dos exploradores, com a criação de associações profissionais, retirou
do Templo de Jerusalém os símbolos idolátricos e construiu um novo bairro em
Jerusalém, para abrigar os refugiados de Israel. Entretanto, em 701 a.C.
Senaqueribe destruiu 46 cidades fortificadas de Judá e sitiou Jerusalém.
Segundo Isaías
Os capítulos 40 a 55 foram escritos por profeta anônimo, comumente
chamado Segundo Isaías ou Dêutero Isaías, que iniciou a pregação após 550 AC,
no final da época do Exílio na Babilônia, quando ocorriam as primeiras vitórias
de Ciro II, apresentando uma mensagem de esperança e consolação. O fim do
exílio, de sete semanas de anos (587AC - 538AC), é visto como um novo êxodo e,
como no primeiro, Jeová será o condutor e a garantia dessa nova libertação. O
povo de Deus convertido, mas oprimido, é denominado Servo de Jeová, ou o
próprio Segundo Isaías segundo outra interpretação. O Novo Testamento, a partir
de uma interpretação do judaísmo messiânico, atribui esse título a Jesus, o
justo que sofreu e morreu para nos libertar. A comunidade, depois de convertida
e libertada, se tornará missionária, luz para que as nações se voltem para o
verdadeiro Deus.
O Segundo Isaías, pode ser subdividido em duas partes:
Caps. 40-48 - Queda da Babilônia, libertação por Ciro II;
Caps. 49-55 - Restauração de Sião, insistência no universalismo da
salvação.
Servo de Deus - o Segundo Isaías emprega a palavra servo dezenove vezes
no sentido de Servo de Deus, em catorze casos, este servo recebe como nome
próprio: Israel ou Jacó, como forma de referir-se ao povo de Israel em seu
conjunto. Veja a discussão em Cânticos do servo sofredor.
Terceiro Isaías
Os capítulos 56 a 66 são atribuídos ao Terceiro Isaías ou Trito-Isaías. Apresentam
uma coleção de profecias que procuram estimular a comunidade que veio do Exílio
na Babilônia e se reuniu em Jerusalém com os que estavam dispersos. Condena os
abusos que começam de novo a aparecer e mostra qual é o verdadeiro jejum
(58,1-12) necessário para que haja novos céus e nova terra.
O Terceiro Isaías não é um autor único, esta parte é uma coletânea
diversificada: o Salmo de 63:7-64:11 parece anterior ao fim do Exílio na
Babilônia, enquanto que a profecia de 66:1-4 é contemporâneo da reconstrução do
Templo, aproximadamente em 520 AC, os caps. 60 a 62 aparentam-se com o Segundo
Isaías, os caps 56-59 devem datar do séc. V AC, os caps. 65 e 66, com exceção
de 66:1-4, poderiam datar da época grega ou da época imediatamente posterior ao
Exílio.
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