RESTAURE MEU POVO
Ione Buyst.
O
tempo do Natal, tempo de manifestação de Jesus como Salvador para os pobres e
para todas as nações, encerra com a festa do batismo de Jesus no rio Jordão.
Jesus entra na fila dos pecadores que se deixam batizar por João Batista em
sinal de conversão, preparando-se para a chegada do Reino iminente. Ele
solidariza-se com a humanidade pecadora, perdida, afastada do caminho do Pai,
longe do projeto inicial da criação. A voz do Pai o apresenta como o filho
amado, como o Messias esperado, o Ungido, o encarregado de sua confiança para
restaurar todas as coisas de acordo com o projeto de Deus. O Espírito vindo do céu pousa sobre ele, para que possa
alegrar os pobres com boas notícias. O profeta Isaías aponta para um programa
bastante audacioso: deverá levar o direito às nações; com firmeza, implantará a
justiça, sem ceder às corrupções.
E
nós, que fomos feitos uma só coisa com Jesus, pelo batismo na água e no
Espírito, fazemos memória desta sua investidura como Messias. Participando,
comungando o Cristo dinamicamente presente na comunidade reunida, na Palavra
proclamada e no Pão e no Vinho servidos entre irmãos e irmãs, somos mergulhados
misticamente no Jordão para sermos confirmados/as em nossa missão messiânica.
Teremos hoje a coragem de entrar junto com Jesus na fila dos pecadores,
reconhecendo nossa parte de responsabilidade na situação em que se encontra o
mundo? Teremos hoje a coragem de perceber o céu se abrindo sobre nós e o
Espírito descendo e pousando, como no dia de nosso batismo e confirmação,
pronto para realizar em nós seu trabalho de transformação interior? Abriremos
hoje o ouvido do coração para acolher a voz do Pai que ressoa sobre as águas e
que declara nossa mais profunda e íntima identidade e missão: Tu és minha filha, tu és meu filho muito
amado...? Fortalecidos/as e amparados/as pelo terno amor do Pai,
assumiremos hoje com mais garra e alegria, com firmeza e convicção a tarefa
ingente, difícil, complicada... de ‘restaurar’ um povo, de ser uma luz em meio
a tantas dificuldades em todas as áreas da convivência humana? De abrir os
olhos de tanta gente cega diante da destruição do planeta, diante do sistema
econômico concentrador de renda, aumentando assustadoramente a desigualdade social,
diante do descaso frente a milhões de pessoas perecendo na miséria, nas guerras
(ditas ‘justas’, ‘necessárias, e até ‘santas’), diante a de tanta gente presa
nas garras do sistema econômico, social, cultural?
Não
é preciso gritar, levantar a voz feito marketing e propaganda, tantas vezes
enganosa; palavras e gestos silenciosos, mas verdadeiros, costumam ser mais
eficientes. Não podemos quebrar a cana rachada por causa de tanta desgraça e
revés; o profundo respeito e a compaixão costumam ser remédio milagroso para
muita dor, até mesmo para nossa própria. Devemos ter o cuidado de não apagar a
mecha que ainda fumega; é possível reavivar as centelhas de esperança e de
vitalidade escondidas no coração de cada pessoa, inclusive dentro de nós
mesmos/as. Quando o desânimo ameaça nos abater, por causa das injustiças
sofridas, por causa do pouco resultado alcançado com nossos esforços, por causa
das traições e exclusões de toda ordem (na família, na sociedade e... na
Igreja)... sentiremos hoje o Senhor nos tomando pela mão, confirmando sua
presença, derramando por todo o nosso ser o óleo da alegria para continuarmos
‘fazendo o bem’, como fez Jesus?
Para meditação pessoal ou grupal:
1- Olhando minha vida: de que
forma estou assumindo minha missão messiânica de filho e filha de Deus no
ambiente onde vivo e trabalho?
2- Tenho vivido na alegria e na ação de graças por poder participar nesta
missão?
3- Onde tenho encontrado forças
nos momentos de dificuldades, de tristeza, de desânimo?
Fonte: Formação Litúrgica em Mutirão
CNBB – Rede Celebra – Revista de Liturgia
Re, o Blog ficou excelente...
ResponderExcluirRe, o Blog ficou excelente...
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