MARAVILHAS DO MISTÉRIO DO NATAL
Frei José Ariovaldo da Silva, OFM
Um dos maiores
prazeres que sinto é o de sair para o sertão e, lá, de noite, contemplar o céu
estrelado. É algo realmente encantador... São milhões e milhões de estrelas e
astros... Quem será capaz de contá-los? E fico imaginando também a imensidão
desse espaço. Até onde vai? Aonde termina? Se é que em algum lugar termina...
As distâncias nem podem ser mais contadas em quilômetros, mas em anos-luz. O
que é um ano-luz? É a distância que um raio de luz percorre durante um ano numa
velocidade de 300.000 km por segundo (que é a velocidade da luz). E temos
estrelas a 100.000 anos-luz de distância daqui, e até muitíssimo mais!...
Galáxias a milhões de anos-luz... Dizer que esse universo é imenso é muito
pouco!... E o nosso “planeta terra” neste contexto? Proporcionalmente falando,
não passa de um minúsculo grãozinho de pó. Menor ainda!... E sobre ele rastejam
esses “micro-organismos” chamados seres humanos, que somos nós.
De repente,
descobrindo-me tão pequeno no meio desta imensidão cósmica, lembro-me do Natal
e levo como que um susto. Mas, no embalo deste susto, também mergulho numa
contemplação que (usando a expressão poética de Ruben Alves) “me faz cócegas na
alma”. Lembro-me que o Verbo eterno, criador de tudo isso, se faz pequenino,
muito pequenino, micro-pequenino sobre este nosso chão tão pequeno. Aqui, por
obra do Espírito Santo, torna-se um embriãozinho humano no seio da Virgem
Maria. Depois, após longos meses de carinhosa gestação, a criança vem à luz,
frágil como toda criança, dependente dos cuidados da mãe. Aliás, não teve nem
mesmo um lugar para nascer. Foi nascer num estábulo, deitado sobre as palhas de
uma manjedoura, entre o boi e o burro. Ei-lo: o Verbo criador deste universo
infindo, feito mínimo do mínimo, micro-pequenino sobre este minúsculo planeta
terra... É muita humildade! É amor demais por nós que, em nosso orgulho, nos
rebelamos contra Ele.
O Verbo eterno
de Deus criador, subsistindo na condição de Deus, se abaixa à condição de um
simples ser humano feito servo de todos e, desta maneira, vem nos resgatar a
“cidadania” divina que havíamos perdido... O Verbo eterno se faz nosso irmão e,
desta maneira, podemos agora sentir Deus como nosso “parente” mais próximo, ou
seja, nosso Pai. Consequentemente, na qualidade de filhos e filhas de Deus,
sentimo-nos também “parentes”, os mais próximos, uns dos outros, irmãos e
irmãs, irmanando-nos todos na busca da paz. E então cantamos: “Glória a Deus
nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).
Por isso a Igreja,
na voz do ministro que preside a celebração litúrgica da festa de Natal, reza
com alegria e confiança: “Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e
mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, dai-nos participar da
divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade...” (Oração
do dia de Natal). E o povo todo responde com entusiasmo: “Amém” (que quer
dizer: É isso mesmo! E que assim seja!).
Depois, na Liturgia eucarística do mesmo dia,
diante de Deus, nosso Pai santo, a Igreja também proclama: “Por ele (Cristo),
realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em plenitude. No
momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma
incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”
(Prefácio do Natal do Senhor III).
Enfim,
depois de participamos neste dia da entrega maior de Jesus pela nossa salvação,
isto é, depois de participarmos do seu mistério pascal na divina Eucaristia,
depois que recebemos o seu corpo entregue e o seu sangue derramado, sob as
espécies de pão e vinho, então a Igreja faz esta belíssima oração: “Ó Deus de
misericórdia, que o Salvador do mundo hoje nascido, como nos fez nascer para a
vida eterna, nos conceda também sua imortalidade. Por Cristo, nosso Senhor”. E
todos respondem de novo com confiança renovada: “Amém!” (isto é: Que assim seja
de verdade!) (Oração depois da comunhão).
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos
1. Que sentimentos e recordações
significativas o Natal evoca em você?
2. O que celebramos na liturgia
do Natal?
3. Que
esperanças o Natal alimenta em nós?
4. Qual a
melhor maneira de celebrar o Natal?
Fonte: Formação Litúrgica em Mutirã
CNBB – Rede Celebra – Revista de Liturgia
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