quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

MARAVILHAS DO MISTÉRIO DO NATAL




MARAVILHAS DO MISTÉRIO DO NATAL

Frei José Ariovaldo da Silva, OFM


Um dos maiores prazeres que sinto é o de sair para o sertão e, lá, de noite, contemplar o céu estrelado. É algo realmente encantador... São milhões e milhões de estrelas e astros... Quem será capaz de contá-los? E fico imaginando também a imensidão desse espaço. Até onde vai? Aonde termina? Se é que em algum lugar termina... As distâncias nem podem ser mais contadas em quilômetros, mas em anos-luz. O que é um ano-luz? É a distância que um raio de luz percorre durante um ano numa velocidade de 300.000 km por segundo (que é a velocidade da luz). E temos estrelas a 100.000 anos-luz de distância daqui, e até muitíssimo mais!... Galáxias a milhões de anos-luz... Dizer que esse universo é imenso é muito pouco!... E o nosso “planeta terra” neste contexto? Proporcionalmente falando, não passa de um minúsculo grãozinho de pó. Menor ainda!... E sobre ele rastejam esses “micro-organismos” chamados seres humanos, que somos nós.

De repente, descobrindo-me tão pequeno no meio desta imensidão cósmica, lembro-me do Natal e levo como que um susto. Mas, no embalo deste susto, também mergulho numa contemplação que (usando a expressão poética de Ruben Alves) “me faz cócegas na alma”. Lembro-me que o Verbo eterno, criador de tudo isso, se faz pequenino, muito pequenino, micro-pequenino sobre este nosso chão tão pequeno. Aqui, por obra do Espírito Santo, torna-se um embriãozinho humano no seio da Virgem Maria. Depois, após longos meses de carinhosa gestação, a criança vem à luz, frágil como toda criança, dependente dos cuidados da mãe. Aliás, não teve nem mesmo um lugar para nascer. Foi nascer num estábulo, deitado sobre as palhas de uma manjedoura, entre o boi e o burro. Ei-lo: o Verbo criador deste universo infindo, feito mínimo do mínimo, micro-pequenino sobre este minúsculo planeta terra... É muita humildade! É amor demais por nós que, em nosso orgulho, nos rebelamos contra Ele.

O Verbo eterno de Deus criador, subsistindo na condição de Deus, se abaixa à condição de um simples ser humano feito servo de todos e, desta maneira, vem nos resgatar a “cidadania” divina que havíamos perdido... O Verbo eterno se faz nosso irmão e, desta maneira, podemos agora sentir Deus como nosso “parente” mais próximo, ou seja, nosso Pai. Consequentemente, na qualidade de filhos e filhas de Deus, sentimo-nos também “parentes”, os mais próximos, uns dos outros, irmãos e irmãs, irmanando-nos todos na busca da paz. E então cantamos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).

            Por isso a Igreja, na voz do ministro que preside a celebração litúrgica da festa de Natal, reza com alegria e confiança: “Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, dai-nos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade...” (Oração do dia de Natal). E o povo todo responde com entusiasmo: “Amém” (que quer dizer: É isso mesmo! E que assim seja!).

             Depois, na Liturgia eucarística do mesmo dia, diante de Deus, nosso Pai santo, a Igreja também proclama: “Por ele (Cristo), realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em plenitude. No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio do Natal do Senhor III).

            Enfim, depois de participamos neste dia da entrega maior de Jesus pela nossa salvação, isto é, depois de participarmos do seu mistério pascal na divina Eucaristia, depois que recebemos o seu corpo entregue e o seu sangue derramado, sob as espécies de pão e vinho, então a Igreja faz esta belíssima oração: “Ó Deus de misericórdia, que o Salvador do mundo hoje nascido, como nos fez nascer para a vida eterna, nos conceda também sua imortalidade. Por Cristo, nosso Senhor”. E todos respondem de novo com confiança renovada: “Amém!” (isto é: Que assim seja de verdade!) (Oração depois da comunhão).

         Perguntas para reflexão pessoal e em grupos


            1. Que sentimentos e recordações significativas o Natal evoca em você?
2. O que celebramos na liturgia do Natal?
            3. Que esperanças o Natal alimenta em nós?
            4. Qual a melhor maneira de celebrar o Natal?

Fonte: Formação Litúrgica em Mutirã
CNBB – Rede Celebra – Revista de Liturgia

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