Não me canso de agradecer a Deus este tempo tão especial na Colômbia, um
tempo tranquilo para poder pintar e retomar os estudos nas áreas de teologia,
espiritualidade e arte. Poder viajar e conhecer alguns encantos deste país tão
interessante e tão diverso, e que povo acolhedor!!!
E partilho com vocês mais uma pintura, os discípulos de Emaús, eles
caminhavam e acolheram um peregrino muito especial que lhes fez companhia,
partilhando os últimos acontecimentos, chegam a Emaús e partilham também o pão,
e que surpresa maravilhosa!!!
Os discípulos de Emaús
Pedagogia da Esperança
No Evangelho de Lucas, encontramos uma das passagens mais significativas
quando queremos fazer uma reflexão sobre a importância da Escritura em nossas
vidas. Frei Carlos Mesters em diversas oportunidades recorda a sua pertinência
e inspiração, na criação dos círculos bíblicos. Por outro lado, a cada passo
dado por Jesus em direção dos discípulos de Emaús, vamos encontrando uma
verdadeira metodologia de trabalho pastoral. Nesta reflexão portanto, vamos
voltar nossa atenção para as ações de Jesus, verdadeiro intérprete das
Escrituras e agente de pastoral.
Primeiro momento: Lc 24,13-24 – No caminho para Emaús,
Jesus encontra os dois discípulos numa situação de medo e dispersão, de
descrença e desespero. A primeira atitude de Jesus é de aproximação, caminha ao
lado deles, escuta a conversa e num segundo momento pergunta: “De que vocês
estão falando? Por que estão tristes?” Não se trata de pergunta retórica, mas
de pergunta concreta, que toca a vida dos dois. Em seguida se estabelece um
diálogo por meio de perguntas e respostas. A realidade está sendo clareada.
Através de um olhar mais crítico, afinal, os discípulos olhavam, mas com o
olhar das autoridades: “Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o
entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. Nós esperávamos que
fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias
que tudo isso aconteceu!”
Segundo momento: Lc 24,25-27 – Depois de dialogar e
olhar bem a realidade, Jesus percebe que a visão que os dois tinham, não era
das melhores. Como diz Frei Carlos Mesters, no trabalho pastoral, é preciso
conhecer o tamanho da cabeça das pessoas para colocar o chapéu ideal, caso
contrário, ou tapa a visão ou no primeiro ventinho vai embora… “Como vocês
custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas
falaram! Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua
glória?” Jesus dá uma chacoalhada nos dois, procurando acordá-los desta
realidade em que se encontram, afinal não se trata de recusa em perceber a
realidade. Eles não custaram para “saber”, mas para “entender e acreditar”. O
seu problema era que embora conhecessem o livro da Bíblia, e também o livro da
vida, eles não conseguiam ligar as duas coisas. Então Jesus “explica” as
Escrituras, isto é, Ele não dá uma aula de exegese, mas faz a ligação entre a
vida deles e a Bíblia, iluminando a sua realidade com a Palavra de Deus. Com a
ajuda da Bíblia, ilumina os fatos e situa-os dentro do conjunto do projeto de
Deus, transformando a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança.
Assim, aquilo que os impedia de caminhar, tornou-se a força principal na
caminhada, a nova luz no caminho.
Terceiro Momento: Lc 24,28-32 – Depois deste novo
diálogo, onde a Palavra de Deus iluminou o realidade da vida, Jesus se despede
dos dois. Momento tenso! Se nada adiantou este trabalho, o resultado seria um
mero “até breve!” ou “foi bom conhecê-lo!”. Aqui Jesus faz uma avaliação de seu
trabalho. A Bíblia, ela por si, sozinha, não abriu os olhos dos dois, mas a sua
leitura e interpretação fizeram arder neles o coração (Lc 24,32), e isto é
muito importante. O que faz enxergar mesmo, é a fração do pão, o gesto
comunitário da hospitalidade, da oração em comum, da partilha do pão ao redor
da mesa. No momento em que é reconhecido, Jesus desaparece. Pois eles mesmos experimentam
a ressurreição. Ressuscitam e renascem.
Quarto momento: Lc 24,33-35)
Imediatamente, eles levantam e voltam para Jerusalém. Tudo mudou:
coragem, em vez de medo; retorno, em vez de fuga; fé, em vez de descrença;
esperança, em vez de desespero; consciência crítica, em vez de fatalismo frente
ao poder; liberdade, em vez de opressão! Em vez da má noticia da morte, a Boa
Notícia da Ressurreição!
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