Romantismo
O romantismo foi um movimento artístico, político e
filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por
grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária
ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar
os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o
romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico
passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores
românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano,
amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi
marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX
seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético, ou seja, à
tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
O romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças
criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos
clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida
subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento
da natureza e na força das lendas nacionais.
Contexto
histórico
A Revolução Belga, por Gustaf Wappersde Wappers, nos Museus
Reais de Belas-Artes da Bélgica. O culto à natureza e à imaginação já havia
começado com os escoceses no século XIII, quando surgiram as primeiras
histórias de cavaleiros e donzelas, em verso. Nessa época, as narrativas eram
chamadas de romance, palavra que deriva do advérbio latino romanice, que significa
"na língua de Roma".
A origem do que viria a ser conhecido como
"romantismo", no entanto, fora plantada no século XVII, quando o
"espírito clássico" começaria a ser contestado na Grã-Bretanha.
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente
intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo
despóticos e surgia o liberalismo político (não confundir com o liberalismo
econômico do século XX). No campo social imperava o inconformismo. No campo
artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de
oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais
tarde dito romântico antes de seu nascimento de fato, sendo assim chamados
pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria
a Alemanha e na Inglaterra. Na Alemanha, o romantismo, teria, inclusive,
fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und
Drang.
O romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada
nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele
só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À
medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo críticos à sua
demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que
daria forma ao realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência
política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado, com a Guerra do Paraguai e
com a campanha abolicionista.
Características
Segundo Jacques Barzun, existiram três gerações de artistas
românticos. A primeira emergiu entre 1790-1800, a segunda na década de 1820, e
a terceira mais tarde nesse mesmo século.
1ª geração
— As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o
subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo
inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da coletânea de
textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de
uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher
e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga
da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas
não era tocada.
2ª geração
— Posteriormente também seriam notados o pessimismo e um certo gosto pela
morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não
era atingida.
3ª geração
— Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual
denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e
irônica (vide Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades
desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
Individualismo
Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas
reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade,
muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo
com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de
verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por
um indivíduo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam.
Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas
emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando
em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma
virgem frágil, o índio é visto como herói nacional e a noção de pátria também é
idealizada.
Sentimentalismo
exacerbado
Praticamente todos os poemas românticos apresentam
sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo
as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o
sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos
sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que
ocorre no interior do indivíduo relatado.
Emoção
acima de tudo.
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo.
Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus
sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o
egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza
interagindo com o eu lírico
A natureza, no romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico
está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as
estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol.
Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é mera paisagem. No
romantismo, a natureza interage com o eu-lírico. A natureza funciona quase como
a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.
Grotesco e
sublime
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que
visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição.
Como exemplo, temos o conto de "A Bela e a Fera", no qual uma jovem
idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.
Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de
sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à
pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas
passam-se em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.
Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os
brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o
índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O
indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques
Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria
o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, um poeta inglês.
Estilo de vida boémio, voltado para vícios, bebida, fumo , podendo estar
representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é
caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela
angústia.
Romantismo
nas belas artes
Segundo Giulio Carlo Argan na sua obra Arte moderna. O
romantismo e o neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma mesma moeda.
Enquanto o neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o mundo, o romântico
faz o mesmo, embora tenda a subjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos
estão interligados, portanto, pela idealização da realidade (mesmo que com
resultados diversos).
As primeiras manifestações românticas na pintura ocorreram
quando Francisco Goya passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um
quadro de temática neoclássica como Saturno devorando seus filhos, por exemplo,
apresenta uma série de emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro
e angustiado. Goya cria um jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais
e pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a situação dramática
representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o romantismo somente
chegaria à Academia mais tarde.
O francês Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico
por excelência. Sua tela A Liberdade Guiando o Povo reúne o vigor e o ideal
românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são
os revolucionários de 1830 guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui
por uma mulher carregando a bandeira da França). O artista coloca-se
metaforicamente como um revolucionário ao se retratar em um personagem da
turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos (refletindo
a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica
mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria
outra característica fundamental do romantismo. Exaltavam-se as sensações
extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto.
Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos polos,
por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor
inglês William Turner refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade
onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos
supracitados.
Géricault é outro dos grandes nomes do romantismo na pintura.
A sua obra A Jangada da Medusa, pintada por volta de 1819, com a mistura entre
os elementos barrocos, o naturalismo e o dramatismo pessoal das personagens, é
uma das mais célebres pinturas do movimento romântico.
Romantismo
na literatura
O romantismo surge na literatura quando os escritores trocam
o mecenato aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público
leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam
ligados aos valores literários clássicos e, por isso, apreciariam mais a emoção
do que a sutileza das formas do período anterior. A história do romantismo
literário é bastante controversa.
Em primeiro
lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na
Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas
"pré-românticas" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos
desse pré-romantismo "extra-oficial" são William Blake (cujo
misticismo latente em The Marriage of Heaven and Hell - O Casamento do Céu e
Inferno, 1793 atravessará o romantismo até o simbolismo) e Edward Young (cujos
Night Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em 1795,
influenciarão o ultrarromantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e
Robert Burns. O romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de
Coleridge e Wordsworth (Lyrical Ballads - Baladas Líricas, 1798), fundadores;
Lord Byron (Childe Harold's Pilgrimage, Peregrinação de Childe Harold, 1818),
Shelley (Hymn to Intellectual Beauty - Hino à Beleza Intelectual, 1817) e Keats
(Endymion, 1817), após o Romantismo de Jena.
Em segundo
lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através
do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao
"pré-romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores
alemães formaram os movimentos Empfindsamkeit ("Sentimentalismo") e
Sturm und Drang ("Tempestade e Ímpeto"), donde surge então,
mergulhado no sentimentalismo, o pré-romantismo "oficial", isto é,
conforme as convenções historiográficas. Goethe (Die Leiden des Jungen Werther
- Os Sofrimentos do Jovem Werther, 1774), Schiller (An die Freude - "Ode à
Alegria", 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und
die Lieder alter Völker - "Extrato da correspondência sobre Ossian e as
canções dos povos antigos", 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães,
como Schegel e Novalis, com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura,
enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o
pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o "romantismo de
Jena", o único romantismo autêntico em nível internacional.
Em terceiro
lugar, a difusão europeia do romantismo tomou como
românticas as formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando,
portanto, apenas o sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do
romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o romantismo é uma extensão do pré-romantismo.
Assim, na França, destacam-se Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e
Alessandro Manzoni; em Portugal Garrett e Herculano; na Espanha Espronceda e
Zorilla.
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o romantismo
renega as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance
se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopeia. É a superação
da retórica, tão valorizada pelos clássicos.
Os aspectos fundamentais da temática romântica são o
historicismo e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de
Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal),
José de Alencar (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos
apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que
atravessava-se àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambos
franceses).
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o
culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (Mal do século). Pelo
apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de ultrarromânticos.
Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares de Azevedo beberam do
Sturm und Drang alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da
modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à
perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o
romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade.
Romantismo
na música
As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com
Beethoven. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com
temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas
sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a Sonata Patética.
Outros compositores como Chopin, Tchaikovsky, Felix
Mendelssohn, Liszt, Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico
de Beethoven, deixando o rigor formal do classicismo para escreverem músicas
mais de acordo com suas emoções.
Na ópera, os compositores mais notáveis foram Verdi e Wagner.
O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou
patriótico - entre as quais as óperas Nabucco, Les vêpres siciliennes, I
Lombardi nella Prima Crociata - embora tenha escrito também algumas óperas
baseadas em histórias de amor como La Traviata; O segundo enfocava histórias
mitológicas germânicas, caso da tetralogia do "Anel do Nibelungo" e
outras óperas como "Tristão e Isolda" e "O Holandês Voador",
ou sagas medievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Mais tarde na Itália
o romantismo na ópera se desenvolveu ainda mais com Puccini.
Romantismo
em Portugal
Teve como marco inicial a publicação do poema
"Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos
terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã.
A primeira geração do romantismo em Portugal vai de 1825 a
1840. Seus principais autores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio
Feliciano de Castilho. A segunda geração, ultra-romântica, de 1840 a 1860 e tem
como principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A terceira
geração, pré-realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais
autores Júlio Dinis e João de Deus.
Romantismo
no Brasil
De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem
ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois
era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente
idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não
corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis
medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os
costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances
excelentes documentos históricos.
Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as
particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam
com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através
de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social
a qualquer preço.
Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de
texto que valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais
que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação.
Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a
forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A
preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois
estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar
suas condições de vida.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para
a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói
nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração
indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características
presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves de Magalhães,
Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor
do romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi
o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: "Canção do
exílio", "I-Juca-Pirama". Araújo Porto Alegre fundou com os
outros dois a Revista Niterói-Brasiliense.
Entre as principais características da primeira geração
romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o
subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e
espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da
liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e
Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua
característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a
escuridão.
Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans.
Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no
Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de
Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e
amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas
características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo
dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as
idiossincrasias da religião católica do século XIX.
Já as principais características da segunda geração foram o
profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o
saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o
sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga
da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração
Condoreira, simbolizada pelo condor, uma ave que costuma construir seu ninho em
lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou hugoniana,
referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e
influenciador dessa geração.
Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e
Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais
expressivo representante dessa geração com obras como "Espumas
Flutuantes" e "Navio Negreiro". Sousândrade não foi um poeta muito
influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras.
Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.
As principais características são o erotismo, a mulher vista
com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre
todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher
podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a
poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim
por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos
simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de
1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de
Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.
Principais
escritores românticos brasileiros
Gonçalves
Dias: principal poeta romântico e uns dos melhores da
língua portuguesa, nacionalista, autor da famosa "Canção do Exílio",
da nem tão famosa "I-Juca-Pirama" e de muitos outros poemas.
Álvares de
Azevedo: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor
de "Lira dos Vinte Anos"', "Noite na Taverna" e
"Macário".
Castro
Alves: grande representante da Geração Condoeira, escreveu,
principalmente, poesias abolicionistas como "O Navio Negreiro".
Joaquim
Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu "A
Moreninha" e também "O Moço Loiro".
José de
Alencar, principal romancista romântico. Romances urbanos:
"Lucíola"; "A Viuvinha"; "Cinco Minutos";
"Senhora". Romances regionalistas: "O Gaúcho", "O
Sertanejo", "O Tronco do Ipê". Romances históricos: "A
Guerra dos Mascates"; "As Minas de Prata". Romances indianistas:
"O Guarani", "Iracema" e o "Ubirajara".
Manuel
Antônio de Almeida: romancista urbano, precursor do
realismo. Obras: "Memórias de um Sargento de Milícias".
Bernardo
Guimarães: considerado fundador do regionalismo. Obras: "A
Escrava Isaura"; "O Seminarista"
Franklin
Távora: regionalista. Obra mais importante: "O
Cabeleira".
Visconde de
Taunay: regionalista. Obra mais importante:
"Inocência".
Machado de
Assis: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em
sua fase romântica destacam-se "A Mão e a Luva" e "Helena".
Ainda em tal fase, realizava análise psicológica e crítica social, mostrando-se
atípico dentre os demais românticos.
Demais
artes
Apesar da produção literária ser predominantemente romântica,
vive-se no país neste período um grande incentivo ao academicismo e ao
neoclassicismo. O neoclássico foi o estilo oficial do Império do Brasil recém-proclamado
e o grande centro das artes no país é a Escola Imperial de Belas Artes do Rio
de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da Missão
francesa trazida pelo príncipe-regente D. João VI. Principais características:
subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade.
Em rápidas pinceladas um resumo histórico completo.Muito aprecio seu jeito de comunicar: leve, objetivo. Obrigada.
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