Acredito
que uma das experiências mais bonitas e libertadoras de nossa vida é amar e
sermos amados. Sentir-se amado, amar, é fantástico, realmente é muito bom! Isto
nos traz paz, equilíbrio, sentido para a vida! Em nossos relacionamentos
humanos isto é fundamental para uma vida saudável, mas ainda mais importante e
saudável é sentir e acolher o imenso amor de Deus por nós, isto sim é
maravilhoso! Um amor que perpassa tudo e vai além de tudo!!! Assim passou Jesus
“fazendo o bem” (At 10,38)... amando!! Foi pensando nestas perspectiva que pintei este
ícone do Sagrado Coração de Jesus.
Um pouco mais de reflexão...
A
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é de origem bastante recente na
Liturgia. Sua festa foi estendida à Igreja universal por Pio IX, em 1856.
Contudo, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, com comemorações locais e
regionais, já provém de tempos mais remotos. São Bernardo e São Boaventura
apresentam, em seus escritos, profundas considerações sobre o amor de Deus
manifestado em Cristo Jesus, sobretudo em sua sagrada Paixão. O realce dado à
humanidade de Jesus Cristo fez brotar a devoção ao seu Coração sagrado, símbolo
do amor de Deus transformado em amor humano. A devoção como tal tem início nos
fins do século XIII e inícios do século XIV, sobretudo, em regiões da França e
da Alemanha. Sua festa começou a ser celebrada a partir do século XVI,
sobretudo na França.
Podemos nos
perguntar: Afinal, qual o mistério de Cristo celebrado nesta solenidade? Diria
que a Igreja celebra a Jesus Cristo, que passou por este mundo fazendo o bem
(cf. At 10,38), o amor de Deus que se encarnou em Jesus Cristo. Por isso, não
devemos concentrar-nos sobre um só fato ou uma só ação de Jesus Cristo. Será
preciso recolher todas as manifestações de amor de Jesus Cristo.
Estes
gestos de amor, as ações de Jesus repletas de amor e de misericórdia,
simbolizados por seu Coração, podemos reconhecê-los na abundância de textos
bíblicos apresentados na solenidade do Sagrado Coração de Jesus no ciclo dos
três anos.
No Ano A,
temos o evangelho dos mistérios do Reino revelados aos pequeninos, onde Jesus
termina dizendo: “Vinde a mim todos vós, fatigados e sobrecarregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre os ombros meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração, e achareis descanso para vossas almas. Pois meu jugo é
suave e o meu peso é leve” (cf. Mt 11,28-30). A primeira leitura mostra como
Deus ama a humanidade: “O Senhor vos escolheu e vos ama” (cf. Dt 7,6-11). Deus
é amor e comunica esse amor à humanidade. Deus nos amou primeiro. Este amor de
Deus para com a humanidade manifesta-se, sobretudo, em Ele ter enviado seu
Filho a fim de que vivamos por Ele (cf. 2a leit., 1Jo 4,7-16).
No Ano B,
este amor de Deus em Jesus Cristo é revelado pelo evangelho que narra como o
lado de Cristo foi transpassado pela lança, jorrando sangue e água (cf. Jo
19,31-37). Amor que se manifesta até a morte e morte de cruz. Ele que dissera:
“Quando for levantado da terra, atrairei todas as coisas a mim” (Jo 12,14).
Amor até ao fim, até o extremo, até dar a vida por todos. Na primeira leitura,
este amor de Deus para com a humanidade, manifestado em Cristo Jesus, é
comparado com o amor de um pai, cujo coração se comove (cf. Os 11,1.3-4.8c-9).
São Paulo nos diz que este amor de Cristo excede a todo o conhecimento (cf. 2a
leit., Ef 3,8-12.14-19).
No Ano C, o
amor de Jesus Cristo é apresentado sob a figura do bom pastor, que vai em busca
da ovelha perdida e se alegra com seus amigos por tê-la encontrado (cf. Ev., Lc
15,3-7; cf. também la leit., Ez 34,11-16). É o pastor que dá a vida por suas
ovelhas: “Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido
por nós” (cf. 2a leit., Rm 5,5-11).
Deus nos
amou primeiro e manifestou esse seu amor enviando seu Filho ao mundo. O amor de
Deus assumiu uma expressão humana. Jesus acolhe as pessoas, tem misericórdia,
perdoa, liberta das enfermidades e dos espíritos maus, mata a fome das
multidões famintas, garante sua presença na história dos seres humanos por sua
Palavra, pelo envio do Espírito Santo para levar à plenitude a sua obra e por
sua presença concretizada no testemunho de amor dos seus discípulos. Deixa uma
maneira toda especial de continuar como sinal visível do seu amor no mundo pela
presença eucarística.
Este amor
de Deus manifestado em Cristo, que exige uma resposta de amor, é o mistério
celebrado na solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
Ela é, de
certo modo, um desdobramento do mistério celebrado na Sexta-feira Santa.
Colocada no início do Tempo comum, após o Ciclo pascal, convida toda a Igreja a
atualizar o mistério pascal de Cristo pela vivência do amor, a exemplo do amor
do próprio Cristo Jesus.
Bibliografia:
“O ano litúrgico” (p.167-168).
† Frei Alberto Beckhaüser, OFM
Devoção ao Sagrado Coração de Jesus: como tudo
começou
O Coração
de Jesus é o foco do amor. A devoção ao Sagrado Coração é a devoção que vem do
amor como princípio, que se dirige ao amor como fim, que emprega o amor como
meio. Celebrando este grande Amor de Deus por nós, somos convidados a renovar
nossa devoção a Jesus, manifestado concretamente na vivência deste amor na
família, na Igreja Doméstica, na partilha do pão, na alegria de celebrar em
comunidade a Eucaristia, Vida de Jesus entregue por nós.
Celebrar o
Coração de Jesus torna-se uma importante ocasião pastoral para que toda a
comunidade cristã novamente se sensibilize para fazer deste admirável
Sacrifício e Sacramento o coração da própria vida.
Origem da Devoção
A devoção
ao Sagrado Coração tem sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é um dos
modos para falar do infinito amor de Deus por você. Este amor chega a seu ponto
alto com a vinda de Jesus.
A devoção
ao Sagrado Coração aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto
de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última
ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma
lança (cf. Jo 19,34). Em um temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e
no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade. Estes dois exemplos
do evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus, feito em 1675, a Santa
Margarida Maria Alacoque:
"Eis
este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão
ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças…
Eis que te
peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento
(Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração,
comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de
desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que
esteve exposto sobre os altares.
E
prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as
influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que
procurem que ela lhe seja prestada."
O papa João
Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentivava a todos que desejassem
crescer na amizade com Jesus.
O Sagrado Coração de Jesus e Santa Maria Alacoque
O Sagrado
Coração de Jesus apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, jovem religiosa da
Ordem da Visitação, para transmitir sua mensagem de misericórdia e confiança,
expressa no coração humano e divino do Verbo Encarnado. O Culto ao Sagrado
Coração de Jesus obteve, a partir de então, grande impulso e espalhou-se por toda
a Igreja.
Santa
Margarida Maria, que recebeu a missão de espalhar pelo mundo a devoção ao
Sagrado Coração ofendido pela ingratidão dos homens, foi incompreendida e
perseguida, até que a Providência colocou em seu caminho o jesuíta São Cláudio
La Colombière, que lhe deu orientação segura e conseguiu fazer com que sua
mensagem começasse a ser vista com outros olhos. Canonizada em 1920, sua festa
é celebrada no dia 16 de outubro.
Promessas do Sagrado Coração de Jesus a Santa
Maria Alacoque
* Eu lhes
darei todas as graças necessárias para seu estado.
* Eu darei
paz às suas famílias.
* Eu as
consolarei em todas as suas aflições.
* Eu lhes
serei um refúgio seguro durante a vida, e sobretudo na hora da morte.
* Eu
lançarei abundantes bênçãos sobre todas as sua empresas.
* Os
pecadores acharão, em meu coração, a fonte e o oceano infinito de misericórdia.
* As almas
tíbias tornar-se-ão fervorosas.
* As almas
fervorosas se elevarão a uma grande perfeição.
* Eu mesmo
abençoarei as casas onde se achar exposta e honrada a imagem do meu coração.
* Eu darei
aos sacerdotes o poder de tocar os corações mais endurecidos.
* As
pessoas que propagarem esta devoção terão para sempre seu nome inscrito no meu
coração.
* Darei a
graça da penitência final e dos últimos sacramentos, aos que comungarem na
primeira sexta-feira de nove meses seguidos.
Pensamentos de Santa Margarida Maria
“Nunca
desconfieis da misericórdia do Sagrado Coração, que é infinitamente maior que
todas as nossas misérias”.
“O Sagrado
Coração quer reinar no coração do mundo inteiro porque todos lhe foram dados
por herança”.
“O maior
testemunho de amor que podemos dar ao Sagrado Coração e a melhor reparação que
lhe podemos oferecer é unirmo-nos a Ele, muitas vezes, pela comunhão
sacramental e desejarmos ardentemente essa união pela comunhão espiritual”.
“Todos
podemos ser apóstolos do Sagrado Coração, porque temos corpos capazes de sofrer
e trabalhar, e corações para amar e orar”.
(*Do livro
“O Coração de Jesus, segundo a doutrina de santa Margarida Maria Alacoque”)
CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS
– Eu (diga
seu nome), Vos dou e consagro, ó Sagrado Coração de Jesus Cristo, minha vida,
minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma
parte de meu ser, senão para Vos honrar, amar e glorificar.
– É esta a
minha vontade irrevogável: ser todo Vosso e tudo fazer por Vosso amor,
renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.
– Tomo-Vos,
pois, ó Sagrado Coração, por único bem de meu amor, protetor de minha vida,
segurança de minha salvação, remédio de minha fragilidade e de minha
inconstância, reparador de todas as imperfeições de minha vida e meu asilo
seguro na hora da morte.
– Sede, o
Coração de bondade, minha justificação diante de Deus, Vosso Pai, para que
desvie de mim Sua justa cólera.
– Ó Coração
de amor, deposito toda a minha confiança em Vós, pois tudo temo de minha
malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero em Vossa bondade!
– Extingui
em mim tudo o que possa desagradar-Vos ou que se oponha à Vossa vontade.
– Seja o
Vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais possa eu
esquecer-Vos nem separar-me de Vós.
– Suplico,
por todas as Vossas finezas, que meu nome seja escrito em Vosso Coração, pois
quero fazer consistir toda a minha felicidade e toda a minha glória em viver e
morrer como Vosso escravo. Amém. (Santa Margarida Maria)
(Fonte:
"Acenda a Luz", do Pe. Alberto Gamberini)