domingo, 4 de dezembro de 2016

Advento & Natal/2016



Feliz Advento!!! Feliz Natal do Senhor!!!



Desejo a todos uma belíssima experiência de fé e de vida, de amor e paz, de re-encontro com familiares, amigos e companheiros de caminhada. Vamos viver intensamente este tempo tão bonito, muitas vezes em contextos de tanta desigualdade e violência, mas com esperança de dias melhores, pois “nasceu para nós o salvador, que é Cristo, o Senhor.” Sl 95(96)



“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós,

e vimos a sua glória, como a glória do unigênito

 do Pai, cheio de graça e de verdade.” Jo 1, 14.



O Ano Litúrgico…



O Ano Litúrgico começa com o Primeiro Domingo do Advento e termina na última semana do Tempo Comum, onde se celebra a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo ( Cristo Rei). Em outras palavras, ele começa e termina quatro semanas antes do Natal, cumprindo sempre três ciclos: A, B,e C. No Ano (ou ciclo) A, predomina a leitura do Evangelho de São Mateus; no Ano (ou ciclo) B, predomina a leitura do Evangelho de São Marcos e no Ano(ou ciclo) C, predomina a leitura do Evangelho de São Lucas. O Ano Litúrgico é composto de diversos "tempos litúrgicos" e sua estrutura é a seguinte: Tempo do Advento, Tempo do Natal, Tempo Comum ( Primeira parte ), Tempo da Quaresma, Tríduo Pascal, Tempo Pascal e Tempo Comum.



Particularmente gosto demais deste Tempo do Advento e tem sido muito bom propor o material para o Retiro deste tempo tão bonito. Esse tempo é dividido em duas partes: do início até o dia 16 de dezembro, a Igreja se volta para a segunda vinda do Salvador, que vai acontecer no fim dos tempos. A partir do dia 17 até o final, a Igreja se volta para a primeira vinda do Salvador, que se encarnou no ventre de Maria e nasceu na pobre gruta de Belém.



“Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.” Lc 1,30



O anjo apareceu para Zacarias, para Maria, para José e para os pastores. Os encontros com os anjos são inusitados e bonitos em cada texto. O anjo apareceu a José enquanto ele “ponderava nestas coisas” que estavam acontecendo com Maria. Parece que José tomou tempo para meditar sobre o que estava acontecendo em sua vida e assim, em sua calma, o anjo apareceu, e ele ouviu o que o anjo lhe disse e assim fez. Em todos os casos, os anjos dizem uma mesma palavra – palavra que é profundamente consoladora e plena de confiança e coragem. Esta palavra é: Não temas! Maria, não temas! Não temais – disse o anjo aos pastores. Não temas, Zacarias, pois a tua oração foi ouvida! José, não temas receber Maria! Aqui podemos meditar sobre os medos e sobre a confiança. Em todas as vezes, a voz do anjo foi ouvida, todos confiaram na voz do anjo. Mas houve momentos em que aconteceram belos diálogos com o anjo, foram feitas perguntas ao anjo e tudo foi esclarecido.



Esses textos são um convite para que em nossa vida saibamos ouvir a voz de Deus que vem sussurrar em nossos ouvidos, aconselhar e orientar em momentos difíceis, de medo e dúvida. Mas é somente no silêncio, no tempo, na meditação e na fé que nós somos capazes de ouvir e de crer nas palavras que Deus nos diz. Maria, Zacarias, José e os pastores confiaram naquilo que Deus lhes sussurrava na voz do anjo. Cada qual escutou e confiou na voz do anjo. Por isso, Deus pôde visitar o seu povo e anunciar a Boa-Nova. Se nós tivermos capacidade de ouvir bem, certamente ouviremos a Boa-Nova de Deus para a nossa vida e para o mundo.



Natal do Senhor… Maria deitou seu filho numa manjedoura...



“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá,

de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde

os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Mq 5,2



Na segunda parte de nosso texto (Lucas 2,3-7), outra novidade nos é apresentada. Diferentemente dos poderosos, cujo poder está calcado nas armas do exército e nas riquezas acumuladas no centro do império, Jesus vem da periferia. Ele não só não vem de Roma, capital do império, ou de Jerusalém, capital dos judeus, mas vem de Belém, uma aldeia periférica na Judeia.



De um lado, seu nascimento é situado em Belém, especialmente para colocar Jesus na tradição e na esperança profética de seu povo (Miqueias 5,1-3). De outro, é para dizer que, desde o começo de sua vida, Jesus tem a mesa da partilha como centralidade de seu projeto. Como assim? É que Belém quer dizer casa do pão. Daí ser teologicamente fundamental situar o nascimento de Jesus em meio ao pão, indicando, assim, o foco de sua missão. Já dizia Noemi, a sogra de Rute, que “o Senhor se lembrará do seu povo, dando-lhe pão” (cf. Rute 1,1.6). E, mais uma vez, em Jesus de Nazaré, Deus visita seu povo em Belém, a casa do pão.



E mais. Não é por acaso, que Jesus assumiu como eixo de sua missão a partilha dos pães de acordo com a necessidade de todas as pessoas. Temos, inclusive, dois relatos exemplares dentre as muitas partilhas que sua presença promovia em meio ao povo (cf. Marcos 6,30-44; 8,1-10). Além disso, não pode escapar ao nosso olhar que Jesus colocou o pedido pelo pão no centro do Pai-nosso, no coração de sua oração, de sua conversa com o Pai, síntese do seu projeto (cf. Lucas 11,2-4; Mateus 6,9-13). Por fim, não é mera coincidência que também a partilha do pão foi o sinal maior da Boa Nova do Pai, celebrada ao redor da mesa na santa ceia (Lucas 22,14-20).



Como vimos, Jesus não só não vem de Roma, capital do império, nem de Jerusalém, capital dos judeus, mas vem de Belém, uma aldeia periférica na Judeia. Se Belém já é uma aldeia marginal, Jesus nasce ainda mais na exclusão, nasce numa estrebaria, num estábulo nos arredores de Belém, “porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2,7). Ali, seu primeiro berço foi uma manjedoura, um cocho onde os animais fazem a sua refeição. Também não é por acaso que o primeiro berço de Jesus é uma vasilha em que se coloca a comida, o pão cotidiano dos animais. Segundo o relato, os pais de Jesus eram forasteiros no lugar e não tinham onde pernoitar. É a partir dessa realidade extrema de marginalidade e de fragilidade, de abandono e de solidão de uma mãe dando à luz a sua primeira criança, que vem a força do Deus libertador que quer incluir todas as pessoas de boa vontade em seu reinado de justiça e de paz. Deus se revela na fragilidade e na ternura de uma criança. Jesus criança é o rosto humano da ternura de Deus e, ao mesmo tempo, o rosto divino do ser humano.



Hoje, podemos até concordar que o ambiente natalino respira um ar de harmonia e de confraternização universal. No entanto, o que se vê, de fato, é que a celebração do nascimento de Jesus foi manipulada e mascarada pelo mercado em função do consumismo que legitima relações desiguais, portanto, injustas. Quantas crianças ficam de fora desse natal do consumismo? Neste sentido, não é o natal de Jesus um sinal subversivo, ao revelar que Deus está justamente nos lugares dos quais muitas pessoas fazem questão de passar longe? Não é revolucionária a estrela da criança de Belém por revelar a solidariedade de Deus para quem se encontra bem longe, na periferia? Não será que a sociedade capitalista justamente domesticou o natal de Jesus para manipular a sua força transformadora de todas as formas de violência e de exclusão? (Ildo Bohn Gass)



Nas cores da experiência latina…



Tem sido uma constante e uma característica de minhas pinturas esta multiplicidade de cores e tonalidades. Que a população latino-americana é muito miscigenada não é novidade para ninguém que já tenha andado por aqui. A grande base indígena, maior em algumas regiões do que noutras, a colonização ibérica, a escravidão de africanos e as várias ondas de imigrantes de outros continentes, sobretudo da Europa, deram origem a uma população heterogênea.



E a variedade é imensa, pois se falarmos em nativos, não são de fato latino-hispânicos! Não mesmo, são nativos, portanto representando cada país onde nasceram, e no caso dos Países considerados Latinos nas Américas, os nativos se diferenciam por grupos ou por raças, não por países em si.  No entanto, a cor nativa é sempre com um tom mais escuro que os considerados brancos, isto por se exporem mais ao ambiente livre ou ao sol, como característica predominante, pois as raças em si já possuem em sua genética um cor definida na média. Uma das cores mais difíceis em um pintura, sempre foi a cor humana.



Desenhos indígenas pré-colombianos…



Nas laterais da pintura coloquei vários símbolos, vários desenhos indígenas… Entre os estudiosos da história latino-americana não há acordo sobre o volume da população indígena no continente antes da chegada de Cristóvão Colombo. Os dados flutuam entre cem milhões e três milhões habitantes nativos. A verdade é que a América foi povoada por uma variedade de culturas, símbolos , tradições, costumes, artes, conhecimento e sabedoria ..., que foram ignorados, negligenciados e destruídos, principalmente pelos invasores que vieram da Europa com o seu desejo de riqueza, dominação e sentimentos de uma superioridade ilusória.





Que a luz da estrela do menino de Belém ilumine nossos corações, nossos lares e nossos caminhos...



Luís Renato Carvalho de Oliveira,SJ